Integridade I

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Nunca vou esquecer.
Meu nome era Melly. Tinha quatorze anos. Tinha uma vida boa, morava com os meus pais em uma casa no interior. Era até legal, mas... eu era obrigada a fazer coisas que não queria, não achava certo!
Todo dia, tinha que acordar às cinco da manhã para ter aulas de teatro. Depois, as oito e meia, tinha que ir para a escola. As três e meia, eu voltava para casa, e fazia meu dever, das quatro, as cinco. Depois tinha que parar, pois tinha aulas de balé. Minhas aulas preferidas. Era a única coisa que eu gostava nessa rotina horrível!
Nem mencionei as aulas de piano, tênis, pilates, violão, espanhol, hipismo, ioga, entre outras coisas que não me serviam de nada!
O motivo de tantas aulas, era o dos meus pais quererem que eu fosse alguém na vida. Poxa, uma garota da minha idade, não poderia sair para fazer amigos, namorar, fazer o que quiser da vida? Eu não queria passar o resto da minha adolescência fazendo aquilo! Queria ser gente!
Um dia, quando cheguei da escola, tudo mudou.
- Boa tarde, filha. Tudo bem? Que ótimo. Agora vai fazer o dever agora. Esta quase que atrasada para o seu balé!- disse minha mãe, gritando, doce como sempre.
- Com certeza. Já estou indo, mãe.
Entrei no quarto, e fui fazer o dever. Poxa, nada naquilo estava certo!
Quando acabei, eram cinco e um. Minha mãe entrou gritando:
- Melly!! Vambora! O taxi já chegou! Você tá aí enrolando! Quer perder o seu amado balé?? Vamos!
- Estou indo mamãe.
Botei meu tutu rosa. Eu amava aquele tutu! E minhas sapatilhas. Estava pronta. Entrei no carro com minha mãe.
- Você nunca faz NADA certo, garota! Não tem talento nenhum! Só dança um pouco, nem chega aos pés dos grandes!!- minha mãe disse brava
- Mãe! Eu ganhei o prêmio de competições cinco vezes seguidas! Eu não chego aos pés dos grandes porque tenho quatorze anos! Mas eu estou tentando... Sei que não sou boa nas outras, mas poxa! A senhora podia ser mais compreensiva!
- Que?? Repete? Melly Arches, repete agora!! Eu te boto em doze aulas por semana! Em média seis por dia, e você está reclamando?? Menina mal criada!- gritou para a rua inteira ouvir
- Mas, eu não tava reclamando. Eu só tava dizendo que você podia ser mais compreensiva comigo, por favor, mãe! Eu não preciso de tantas aulas!!
- JÁ CHEGA!! CANSEI!!! Vai fazer quantas aulas eu quiser, sim senhora!! E com um sorriso nesse rostinho- ela pegou no meu rosto- Menina idiota!! Agora não vai mais fazer balé. NUNCA MAIS!!!
- O QUE?? Mãe!! Você tá brincando!! Eu n...
- NÃO QUERO SABER!! CALA A BOCA!!- interrompeu- Vai ser a sua última aula!! Espero que curta bastante, porque nunca mais verá esse tutu!
Quando chegamos, sai do carro triste. Dei tchau pra ela, mas antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, ela bateu à porta do carro na minha cara.
Eu sei. Eu não devia ter respondido ela. Ela é minha mãe, e sabe o melhor para mim, por mais que seja bastante dura.
Estava com muita raiva! Mas isso mudou quando eu entrei naquela sala de balé. Era impressionante como eu me sentia mais leve dançando. Ficava mais calma, esquecia os problemas... Ficava só eu e minhas sapatilhas, ali, dançando, como se não houvesse mais nada no mundo.
Me sentindo melhor, decidi tomar uma decisão errada. Decidi que eu iria fugir. Assim que a aula acabasse, em vez de ir para casa, e ter aulas de piano, eu iria ir para a floresta, viver onde eu poderia dançar sozinha, sem preocupações. Iria somente eu, meu tutu, e minha sapatilha. Só.
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O relógio marcou seis e dez. A aula havia acabado. Corri o mais rápido que pude para a saída dos fundos. Sabia que se fosse pela frente, minha mãe, que estaria esperando com o carro, me veria. Então sai pelos fundos.
A academia de balé, ficava ao lado da floresta, onde haviam as montanhas. Decidi que iria chegar no topo da mais alta delas, que se chama Monte Ebbot. Mas eu ia chegar no meu tempo, dançando o quanto eu quisesse.
Eu fui dançando pela floresta. Me refresquei em um lago, por ali. Vi um rochedo no pé da montanha, e decidi passar a noite lá. Por mais que tudo naquela floresta fosse sombrio e assustador á noite, não custava tentar. Deitei minha cabeça em um monte de folhas e dormi.
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No dia seguinte, quando acordei, o sol estava bem forte. Tirei o casaco que havia trago, e decidi que escalaria o monte naquele dia. Esperei o sol baixar um pouco ( pela altura, parecia mais ou menos, meio dia ) então comecei a escalar.
Sabia que o que eu estava fazendo era errado. Eu não deveria deixar meus pais dessa maneira. Durante todo aquele percurso, quis voltar muitas vezes. Sei que a vida lá era horrível, mas eles eram meus pais, poxa!
Por mais que quisesse muito voltar, não voltei. Continuei escalando até chegar em uma lateral, nas rochas. Nessa altura, já estava de noite, e começou a chover. Ouvi sons vindos de fora da montanha e me assustei.
Vi então uma enorme caverna e entrei. Eu não enxergava nada, estava escuro e muito, muito sombrio lá dentro! De repente, por não estar enxergando nada, acabei tropeçando e caindo em um enorme buraco no chão.
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Continua...
Gente, desculpa a demora. Desculpa mesmo! 😅 Mas agora está aqui o novo capítulo tá?
Obrigada e beijos
💙

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