Razão de Viver

"Capítulo XXI" Simon, Alessandro e Angel

O Doutor Peter, era daqueles homens que trabalha mas não esquece e cuida da família, teve dois filhos que fora criado com os avós, ele perdeu sua esposa quando as crianças eram pequenas, tinham 5 anos. A esposa do Doutor Peter faleceu de Cirrose, foram anos de sofrimento, para ele e os filhos que pequeninos tiveram que ver a mãe bêbada. Os pais de Peter sempre a frente de tudo, moravam ao lado de sua casa, então puderam suprir aqueles momentos em que sua esposa embriagada dormia por dias em crise de coma alcoólico, por duas vezes ela não se foi, por causa da grande quantidade ingerida. Antes de começar beber ela era linda, se vestia com muito bom gosto, mas sentia uma imensa tristeza que a abateu sobre ela, perdera um bebê, e com isso nunca se recuperou, veio a depressão que trouxe a bebedeira, que a destruiu e quase todo a família.

O Dr Peter, sempre foi presente nesses dias, largava o turno no Ps no Hospital público, com jornada de 15 a 24 horas, e ainda chegava em casa e dava toda atenção aos garotos, e ajudava, junto dos pais a esposa alcoólatra. Ele relembra os dias de amargura, sentiu diversas vezes vontade de sumir, mas pelos filhos foi forte e ficou ali, de pé junto dos pais, que puderam dar educação e tudo que os meninos precisassem, além do respeito e harmonia, tão necessária nessas horas.

Olhava o filho de Caleb ali que parecia morto na cama no quarto do hospital e sentia pena da família, sabia que iam sofrer, eles precisavam de terapia para suportar tudo aquilo. Lembrou de como Caleb era pretensioso na época da faculdade, estudaram juntos e agora trabalhavam no mesmo hospital. Os filhos não se conheciam, pelo fato do amigo nunca participar nem das confraternizações que o hospital de Allana. Oferecia pela passagem do ano, sempre manteve excluído de todos. E agora via o quanto a distância que ele criara estava sendo difícil para eles.

Alessandro, estava com 18 anos, fazia a faculdade de odontologia, estava no segundo ano, era estudioso e aplicado, não tinha namorada, sempre se preocupou com o pai e os avós que fizeram tudo por ele e o irmão. Ele era alto para a idade, corpulento, sempre fizera natação desde os 4 anos de idade, cabelos ondulados de cor de fogo, e tinha muitas sardas nos rosto, o que lhe dava um ar alegre, jovial de quase um garoto. Era férias da primavera, passaria alguns dias em casa, e não via a hora de ir para a lagoa, lugar onde ele gostava muito, iria nadar um pouco, velejar. O irmão mais novo Simon, com 17 anos, cursava o último ano do colégio, logo iria para faculdade, queroa ir para a aeronáutica, ele era o oposto do irmão, era moreno, olhos negros como uma Jabuticaba, cabelos negros e alto e muito magro. Teve intolerância ao leite quando pequeno, foi cuidado com leite de arroz e de cabra. Por não ter tomado leite, sua dieta sempre foi feita com cuidado com muito esmero pelos avós, que tinham receio de algo dar errado, fazendo o menino ter crises de alergias, sempre frequentou o médico, diferente do irmão, que nunca teve nada, ele era feliz, vivia fazendo piadinhas com todos. Nunca namorou, tinha seus flertes.

Os rapazes, estavam na beira da lagoa, com seu barco pronto para zarpar, iriam até o meio, para poder nadar, quando alguém chamou atenção de Alessandro, uma jovem loira, de cabelos longos, seu corpo estava esticado por causa da posição na mureta, deixava ela com uma parte da barriga de fora, os dois se entreolharam e fizeram uma barulhinho com a boca.

-Ui, ui, que bela menina, vai lá irmão ela precisa de você, senão vai cair na água, disse Simon ao irmão rindo. O rapaz estava encantado, de longe se via a formosura da garota, ele correu e conseguiu chegar...segurando ela pela cintura.

-Ah quem diria, que é você, como está, quando voltou?

-Oi Alessandro, tudo bem, quem pensou que fosse?

-Nossa menina, você cresceu, está linda! Faz tempo que não nos vemos, tem o quê, uns dois anos?

- Exatamente dois anos, o que faz aqui, você saiu da universidade?