Alex e Clarissa conversavam na cozinha enquanto preparava o café da manhã, os filhos logo desceriam para tomar o desjejum.
-Amor, precisamos conversar mais com nossos filhos, ser mais amigos, vejo em todas cenas perigos constantes, que fogem ao nossos olhos de pais
-Sim, até o momento estou ainda com todas aquelas cenas que assistimos na festa na casa dos seus pais. O telefone toca e é Clarissa quem atende:
-Alô, é do hospital, estamos ligando por causa do senhor Mendes, ele pediu que ligássemos, ele teve um enfarte fulminante, e não está bem.
-Ah, passamos aí, em alguns minutos, estamos perto. Clarissa falou com Alex sobre o ocorrido, escreveram um bilhete e deixou na mesa da cozinha para os filhos.
-Depois explicaremos para eles, tadinho do senhor Mendes, depois de tantos anos conosco, pode partir. Alex estava calado, lembrou do passado e isso o incomodava, o que fez ainda o atormentava, lembrou do homem que além de ter sido vítima, ainda o ajudou na continuação, foi fiel por anos na clínica, lembrou do cão que doou para ele, era velhinho, ia ser sacrificado, mas ele cuidou até o último dia dele. Sempre foi honesto, digno de respeito, e agora poderiam perdê-lo. Quando entraram no hospital, foram direto ao balcão, onde a ficha do senhor Mendes já havia sido recolhida, ela havia morrido. O casal foi quem tomou todas as providências, fizeram com amor e dedicação o seu funeral. Na hora do enterro Alex recebe um telefonema dos pais.
-Oi pai, tudo bem?
-Preciso conversar com vocês, estamos no hospital.
-Vocês estão bem?
-Sim estamos, a Melissa está internada, ainda não a vimos, disseram que ela está fora de perigo, mas estamos preocupados.
-E o bebê?
-Se foi filho, ela perdeu. Filho preciso que pegue o Tommy e a Nicole, não temos horas para voltar, não podemos deixá-los lá, a moça precisa ir para casa.
-Onde vocês estão? Pode deixar, vou trazê-los aqui e depois vamos ter com vocês. O pai deu o endereço e o casal foi junta-se a eles. Na casa de Claire tudo andava tenso, os pais mal se olhavam. Os filhos pareciam estranhos dentro de um hotel com serviço de quarto. Manuela queria o divórcio.
-Caleb, a nossa vida anda de mal a pior, quero o divórcio, quem sabe assim seremos mais felizes, cada um para seu lado.
-Tomarei medidas para que isso aconteça o mais rápido, você pode ficar aqui, vou para casa da praia.
-E os seus filhos, como fica, comigo?
-Eu não tenho horários fixos para poder cuidar deles, fica com você, dou a guarda a você, logo serão maiores.
-Não, quer jogar responsabilidades para mim? Você precisa dividir comigo. Quero viajar, estou pensando em ir embora para Paris, e eles não vão querer ir.
-Está bem, se você for para Paris que seja rápido, assim não mudarei daqui, fico com eles. Vou precisar contratar alguém com responsabilidade para cuidar deles. Pela primeira vez Caleb, pensava nos meninos, e agilizou a procurar uma agência de empregos para preencher ficha, na procura de uma governanta.
-Está bem, vou ver isso, comprarei um apartamento, e assim que tiver assinado o divórcio eu vou para Paris, deixo você em paz.
-Você quer dizer, que não vai se importar com seus filhos, abre mão da guarda dele para viver sua vida? é isso?
-Preciso de tempo, estou cansada disso tudo. Caleb sabia que sobraria para ele. O divórcio e a separação dos pais é sempre um processo doloroso que envolve, em muitos casos, fortes sentimentos de tristeza, de perda e de frustração. É uma situação, habitualmente perturbadora quer para os adultos, quer para as crianças, sendo que, principalmente, estes últimos podem experimentar vários níveis de mal-estar. Caleb pensou em procurar ajuda de um profissional de família e o que ouviu foi preocupante.
-Senhor Caleb, se pensa ficar com a guarda de seus filhos, se prepare, pois é bem difícil, não quero desanimá-lo. Os filhos vivenciam a situação como desestabilizadora e desestruturante e as suas vivências podem abarcar um leque muito vasto e diversificado de sentimentos e emoções. Podem sentir tristeza, saudade, preocupação, insegurança, pena, confusão, culpa ou até mesmo alívio (em casos de grande conflito). É uma situação transitória que exige a todos os membros da família uma reorganização e adaptação. As questões psicológicas e emocionais não devem ser negligenciadas. Para que os filhos não sofram consequências traumatizantes com o divórcio, é muito importante o ambiente familiar e a maneira como os pais e outros elementos da família conduzem a separação. Ela deve ser feita de uma forma segura e com muito bom senso para que se possam evitar riscos de traumatizar os filhos em plena fase de desenvolvimento físico e psicológico. Contudo, é importante ter consciência de que as reações e a adaptação dos filhos face ao divórcio dos pais diferem em função de alguns fatores e situações, designadamente:
– A gestão financeira – normalmente verificam-se alterações, que podem agravar ou dificultar a adaptação. A personalidade dos filhos – a resposta dos filhos ao divórcio varia em função das suas características pessoais, podendo ser diferente de criança para criança. O conflito entre os pais – a adaptação dos filhos ao divórcio depende da forma como os pais gerem o conflito entre si. A cooperação entre os pais – uma relação de colaboração e ajuda entre os pais facilita a adaptação dos filhos às mudanças que poderão surgir nas suas rotinas.
– A custódia dos filhos – a gestão da custódia influencia fortemente a forma e o ritmo de adaptação dos filhos, sendo importante manter a proximidade dos pais. No seu caso será apenas o senhor, o que me preocupo muito.
– A idade dos filhos – a forma como os filhos compreendem e se adaptam ao divórcio, e a maneira dos pais comunicarem a separação, depende sempre da idade das crianças. Qual idade dos seus filhos?
-eles estão com 16 e 17.
– A disponibilidade dos pais – a capacidade dos pais para manterem respostas adequadas às necessidades dos filhos condiciona a adaptação. O adolescente embora com maior consciência e compreensão da situação que está a ser por si vivida, pode vir a prejudicar o seu processo de formação da identidade pela mudança e falta dos pais. No plano do comportamento manifesto, poderá ter tendência a questionar a autoridade e como consequência a apresentar uma rebeldia excessiva, dificuldades em aceitar regras e limites, bem como, dificuldade de aprendizagem e baixo rendimento escolar. Pode reagir de forma depressiva e manifestar a depressão através de uma raiva intensa ou de com comportamentos rebeldes e desorganizados. Há, no entanto, adolescentes que conseguem viver a experiência de uma forma mais tranquila e embora tristes passam pela separação dos pais de uma forma equilibrada. A forma mais saudável e menos traumática para viver uma separação é através de uma postura equilibrada, onde os pais explicam a separação aos filhos com honestidade e serenidade para que estes compreendam e aceitem a situação com naturalidade. Esse é um momento essencial para que a separação ocorra da melhor forma possível e com o mínimo de sofrimento para os filhos.
-Senhora, estou pensando em contratar uma governanta, pois tenho sérios problemas com meu filho de 16 anos. O que acha?
-É muito importante para um desenvolvimento psicológico saudável dos filhos que eles sintam segurança afetiva e "amor" de ambos os pais. A presença de uma profissional que faça o trabalho de ,Procurar manter, tanto quanto possível, as rotinas dos filhos. Exercer um tipo de disciplina que seja consistente. Assegurar aos filhos todo o apoio emocional de que necessitam. Dar atenção ao desenvolvimento da capacidade de adaptação que os filhos vão construindo ao longo da nova situação familiar. Incentivar os filhos a expressar os seus sentimentos face à nova situação e clarificar lhes qualquer dúvida.
-Estou vendo que se eu não fizer o papel de pai de verdade não adianta por alguém, pois vou ter que monitorar, é isso?
-Sim, amar é cuidar, já ouviu isso e educar dá trabalho, e pode ter todo apoio de amigos pais que conheça, procure conversar com quem tem filhos, isso ajuda muito. Caleb pensou em Aline e no Dr Peter, sempre se manteve à distância, e agora precisaria de amigos desse tipo, mas ele sabia que tinha errado, e não era tarde para uma aproximação.
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Razão de Viver
EspiritualUma família, três gerações, segredos quase mortais para se viver. Conflitos amargurando corações. Obstáculos sendo removidos pela força do amor. O dinheiro compra a felicidade, será? Conteúdo espirita Plágio é crime! © Todos os di...