"Capítulo XXIX" Hugo vaga nas ruas

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Hugo andava pelas ruas na madrugada, tudo era muito familiar a ele. Em sua mente, ele imaginava os pais brigando com ele, se sentia responsável pelo que aconteceu com Melissa. Queria fugir, ir para bem longe dos olhos dos amigos e dos parentes. Sentou-se perto de uma grande lixeira, num dos becos no centro da cidade, atrás de um restaurante, ali havia poucas pessoas circulando, se encaixou num espaço minúsculo entre a lixeira e a parede, ficaria ali. E começou a lembrar a conversa com David.

-Cara não vou te dar abrigo, se vira.

-Mas somos ou não amigos, pensei que fossemos.

-Sou seu amigo, mas não vou te esconder, vai ferrar para meu lado.

-Meu, meus pais vão me matar quando descobrir que te chamei ontem, antes de Melissa sofrer o acidente.

-Se vira cara, chame seu companheiro Toby, peça socorro a ele, e você não sabe nada minha vida, não conhece "meu pai", se te levar pra minha casa, quem vai ser fuzilado sou eu.

-E se alguém te viu com Melissa ontem, vai ligar os fatos e daí?

-Não tenho nada com Melissa, queria ajudar, mas ela não quis, me destratou, agora vai, se vira...Dentro de casa, um senhor em uma cadeira de rodas, grita pelo nome de David.

-David, onde você está? O rapaz ouvindo o velho chamar sai em carreira.

-Estou aqui, fui atender o portão, meu amigo veio pegar um caderno emprestado, amanhã teremos prova.

-Não me interessa o que seus amigos precisem, foque em você, apenas em você, sabe que tenho planos pra você, quero que você assuma meu lugar, tens consciência que não vou durar muito, então se prepare, pretendo por você logo no comando de tudo.

O rapaz, não demonstrava os sentimentos que iam na alma, mas ali não tinha amor por aquele que o comandava, que os tiraram da rua, ele e os primos , aliás ele não sabia se sentia alguma gratidão,  que os colocou no crime. Para a sobrevivência deles, tinham que ser marginais. Não gostava de ser mau, mas era obrigado a demonstrar aquilo que era mentira, isso o enjoava. Olhava aquele homem ali na sua frente, estava vivendo pelas maldades feitas ao longo da vida.

Os filhos de Alex, não conseguia ligar para ele, queriam contar que Hugo estava desparecido.

-Papai não atende, não sei como dizer a eles quando chegarem. Disse Robin. O filho de Alex era um garoto dócil, era nove meses mais velho que Hugo, mas era o contrário do primo. Era focado nos estudo, amigo, e muito amável. Não participava dessas turminhas da pesada que a escola mantinha. E estava preocupado com o primo, que estava de castigo e ainda havia sumido.

-Vamos ter que aguardar senhor certinho, disse Rose Mary, a irmã gêmea dele. Rose Mary, era da turma, já havia perdido a virgindade há um ano atrás, bebia, fumava às escondidas do pai e mãe. Não gostava de receber ordens, e odiava os certinhos. os pais faziam de tudo, eram amigos e interessados nos filhos. Mas Rose Mary, era diferente de todos, e sentia ciúmes da irmã adotada Angel, que ao contrário dela, era a meiguice em pessoa.

Angel, era amiga de Melissa, e realmente a preocupava o fato, dela não ter ligado para ela, o que houve ? E e por quê ela nunca contou quem era o pai, por quê escondeu isso? Seria alguém próximo a elas ? As perguntavam martelavam sua mente. Ela parou de devaneios, quando a porta se abriu e seus pais entraram. Todos correram para a porta

-Como esta Melissa papai?

-Não a vimos, ela estava desacordada por conta da cirurgia, os pais dela está lá, creio que esteja acordado nesse momento.

-Papi, o Hugo não está aqui, não veio com Nicole, e ninguém sabe dele, já ligamos na casa do vovô e nada, ele sumiu. Disse Robin.

-Mais problemas, o que acontece com esse menino, que só apronta.

 - Clarissa, vou até a casa dos meus pais, preciso pô-los a par do que está havendo.

-Vai querido, eu vou tomar um banho e dormir, estou exausta, não creio que minha presença seja importante. E assim Alex sai , pela mesma porta que havia acabado de entrar, deixando todos, sem muita ação.

-Bem filhos, vamos dormir, que amanhã é outro dia. As filhas de César e Allana estavam entrando na casa de volta da casa de Alex, quando o avô não vê o Hugo e logo pergunta?

-Onde esta Hugo? A empregada disse que  ele sumiu, é verdade?

-Sim, papai, vim aqui por isso, as crianças me contaram que ele desapareceu.

-Alex, acho que está na hora de chamarmos meu amigo Pedro? E assim o fez, tiraria seu amigo do seio do lar, onde  ele e Catarina viviam, longe da cidade.

-Alô, oi meu amigo, quanto tempo!

-Oi César, o que me traz de notícias, e a família como está?

-Oh! meu amigo, estou com problemas por aqui, se puder me ajudar?

-Claro, passo ai, amanhã de manhã pode ser?

-Pedro, se pudesse vir aqui agora, te agradeço, meu neto de 15 anos está desaparecido.

-Estou saindo daqui, vamos achar ele. 

No Hospital, Melissa após oito horas desacordada, dava sinais que estava acordando. Moveu a cabeça e sentiu uma fisgada. Virou para o outro lado e se viu no vidro da janela, era noite, mas ela se via na cama, pelo vidro da janela que refletia sua imagem, coberta por um lençol branco, e com vários aparelhos ao seu redor, viu que tinha um tubo a sua frente e percebeu que respirava por um tubo de oxigênio, tentou tirar, mas não conseguiu. Viu que havia agulhas em seu braço, arrancou e sentiu que ardia. Nesse momento entra no quarto uma enfermeira, e tira os tubos da menina, liga a luz de teto, ela vê sua mãe sentada na cadeira do acompanhante dormindo. Ela se mexe mas não acorda, Melissa fala baixinho com a enfermeira.

-Você pode me dizer se meu pai está aqui no hospital?

-Sim, está aí fora na cadeira do corredor.

-Pode, por favor chamá-lo?

-Sim, vou agora, e saiu e logo voltou com César, que ficou emocionado, vendo a filha naquele estado.

-Papai, estou bem. Preciso falar com você antes que mamãe acorde, o que vou te contar peço que guarde segredo, você guarda, senão não conto? O pai vendo aquela moça a sua frente lhe implorando cede.

-Está bem me diga, eu guardo segredo.

-Está bem, chegue mais perto, mamãe não pode ouvir. O que a filha conta para o pai, o deixa ferver, mas ele prometeu que guardaria segredo então vai ter que engolir a verdade. Nesse momento Allana acorda e chega para perto dando um beijo na filha, lembrou do momento que viu ela duas horas mais cedo, ela se assustou com tantos ferimentos, e não imagina como alguém pode jogar do carro em movimento uma garota,  deve ser dos infernos.

-Filha como você está?

-Estou viva, é o que importa.

-Filha nos conte, quem fez isso com você. A menina olha para o pai que vira o rosto em direção a janela  dele , ele vê o rosto da filha fixar o olhar nele.

-Mamãe não lembro, já tentei não lembro.

-Você está com amnésia, vamos ver isso  com o médico. A perda de memória ou amnésia é quando uma pessoa perde a capacidade de lembrar eventos e informações de que eles seriam lembrar regularmente ou normalmente.

Nossa amiga Melissa não estava com essa doença, queria ganhar tempo e esconder a pessoa que fez isso com ela, e teria que mentir.

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