Arco V: Fase Beta

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Eu andava tranquilamente pela rua quando sinto algo voar por cima de mim. De repente as pessoas começam a vibrar. Olho para cima me deparando com Peter pulando, porém não acenando como de costume.

Bufei e me dirigi a um banco qualquer do Central Park. O que estava fazendo por lá? Gosto de ir para pensar, pois quando eu era criança, vinha aqui com meu pai e me trazia uma enorme tranquilidade.

Logo um senhor com cabelos acinzentados usando óculos quase escuros sentou ao meu lado, interrompendo meus pensamentos.

- Está tudo bem minha jovem? - ele perguntou para mim, então eu levantei a cabeça e o fitei.

- Não muito. - respondi melancólica.

- Problemas amorosos? - ri sem graça.

- Também.

- Como se chama? - olhei novamente para o senhor. Não sabia se deveria dizer meu nome, mas no momento ele me pareceu confiável e eu estava precisando conversar com qualquer pessoa fora do meu cotidiano.

- Gwen, e o senhor?

- Muito prazer Gwen, eu me chamo Stan. - ele estendeu a mão e eu apertei.

- O prazer é meu. - sorri de leve.

- Veio aqui para pensar um pouco? - assenti - É bom fazer isso quando estamos com problemas.

- O senhor não imagina o quanto. - ele me encarou.

- Mas me diga, é o seu namorado então?

- Na verdade, agora acho que é ex. Ele me traiu. - falei sem cerimônias.

- Hum, entendo. No entanto não é só isso que te aborrece, não é?

- Como sabe? - o olhei surpresa.

- Eu imaginei. Se estivesse triste somente com seu namorado, provavelmente iria preferir ficar sozinha em casa. - continuei o encarando surpresa - Tenho filhas, sei como é. - ele disse como se soubesse o que eu estava pensando - Quer dizer, agora elas já estão mais velhas, porém já passaram por isso. E o melhor conselho que posso te dar é que isso vai passar.

- Espero que passe mesmo. Só que eu não tenho tanta certeza. Todo o lugar que vou, algo me lembra ele. - suspirei - É algo que, sem ofensas, o senhor não entenderia.

- Você ainda ama esse garoto, não é?

- Amo sim. - admiti - Não sei o que devo fazer.

- Na minha opinião, você deveria conversar com ele sobre os motivos que levaram ele a te trair. Quem sabe não foi apenas um mal entendido?

- O senhor tem razão. - eu realmente não havia dado uma chance para ele se explicar, mas será que eu deveria mesmo? - Muito obrigada!. - fiquei de pé.

- De nada, senhorita...

- Stacy. Gwen Stacy. - completei.

- Hum, parente do capitão Stacy?

- Filha na verdade. - sorri.

- Certo. Até mais senhorita, Stacy! - acenou - Boa sorte com seu namorado. E sobre seu outro problema, posso não saber do que se trata, mas lembre-se sempre que com grandes poderes vem grandes responsabilidades.

- Como o senhor... ah, esqueça. Obrigada novamente. Tchau! - acenei de volta e saí correndo. Eu precisava resolver algumas coisas.

*

Fiquei no meu quarto até a noite, onde resolvi sair para dar uma volta. E com sair, quero dizer, fugir pela janela.

Fui correndo pelos prédios, tentando ser o mais discreta possível, já que estava sem meu uniforme, e o que impedia meu reconhecimento era apena um capuz. Ou seja, Passo número um: Recuperar o traje.

- Não acredito que estou fazendo isso! - murmurei para mim mesma após olhar novamente pela janela do quarto de Peter. Abri-a com cuidado e entrei. - Acho que estou andando muito com Deadpool. - me referi ao fato de estar quase comentando um crime novamente.

Peter estava jogado na sua cama dormindo. Então eu estava tentando fazer o máximo de silêncio possível. Abri seu armário, onde ficava o seu uniforme reserva e consegui encontrar o meu. O peguei e fiz o mesmo trajeto para sair, porém tropecei em um tênis dele.

- Típico dele deixar tudo pelo chão. - revirei os olhos. Pude notar que ele se mexeu, devido a minha fala ter sido um pouco alta. Arregalei os olhos, saí o mais rápido possível, me atirando pela janela e lançando minha teia no topo do prédio. Só me permiti recobrar o fôlego quando estava dentro do meu quarto. - Ufa! Essa foi por pouco.

Agora, Passo número dois: Ter uma conversa com alguém nada convencional.

- Olha, eu tenho um compromisso com um cara chamado Francis, então fala aí, porque queria me ver? - Wade sentou no parapeito do prédio e eu sentei ao seu lado.

- Preciso de conselhos.

- E você veio os pedir para mim? Tem certeza?

- Tipo isso. Preciso de alguém imparcial, e também você é o único que eu encontraria a essa hora da noite.

- Hum. - levou a mão até o queixo - Vou tomar isso como "você é o meu melhor amigo do mundo". - dei um soco no braço dele - Ai! - passou a mão em cima - Voltando ao assunto, me conte sua situação. - contei sobre Peter, escondendo a parte das identidades obviamente e sobre meu dilema de super-heroína. - Wow, nossa! Sua vida tá bem bagunçada.

- Pois é.

- Mas quando eu digo bagunçada, é bagunçada mesmo...

- Eu entendi! - o parei. - Algum conselho?

- Sobre o seu namorado, o ideal seria dar uma lição na piranha que roubou ele de você. - inclinei a cabeça para o lado - Tá, pelo menos coloca ela na parede. Se você quiser eu posso fazer isso, só que provavelmente você não quer mortes, não é?

- É? - perguntei retoricamente. Obviamente eu não iria matar Mary Jane.

- Enfim, sobre esse lance de super-herói, acho que você deveria continuar lutando com os caras maus.

- Por quê? Eu não sei se sirvo para ser a Mulher-Aranha. - baixei a cabeça e balancei a perna.

- As pessoas lá em baixo que foram salvas por você dizem o contrário. - ele apontou para baixo - Não esquenta com esse lance do Duende Verde. Ele era o vilão e estava disposto a te matar. O que aconteceu com ele foi menos pior do que ele merecia. - respirei fundo. Ele tinha razão. Espera... Deadpool tendo razão? Algo está muito errado. - Talvez ser a Mulher-Aranha novamente te faça perceber o quanto você é importante e faz a diferença para Nova Iorque. E se não quiser retornar de vez, comece aos poucos, como um teste.

- Obrigada por esse conselho incrível que eu nunca imaginei que viria de você. - agradeci.

- Vou levar isso como um elogio. Agora, você me deve um taco. - ficamos de pé.

- Devo?

- Eu te dei um conselho incrível, suas palavras, não minhas. É o mínimo que eu mereço. - revirei os olhos.

- E o tal do Francis?

- Ele pode esperar alguns minutos. - suspirei pesadamente.

- Vamos então.

- Ihul! - Wade comemorou e saiu dançando.

Parece então que vou entrar na fase beta, o que me faz listar o Passo número três: Retornar.

A.K.A. Spider-GwenOnde histórias criam vida. Descubra agora