Ressentimentos de um diário de bordo

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29.09.16
Mais um dia se passa...
Mais uma tarde se finda,
Mais um dia vivido
Sob o crepúsculo enaltecido...

Aqui estou mais um dia,
Sob a luz do poente
Na presença de um amor ausente.
Minha mente gira,
Meu coração emudece
Minha expressão se decai,
Minha alma clama!

Estou exausta,
Repetitivamente exaurida,
Não aguento mais viver nesse mar
No qual estou submetida,
Meu barco é muito frágil para essa correnteza,
Redemoinhos e maremotos
Revelam minha instabilidade,
Não há mais forças nesses braços fracos
Não há mais esperança na submersão escura.

Esses delírios não me abandonam,
Tudo passa, tudo passará um dia...
Não... Não é verdade, as cicatrizes são profundas demais,
Tudo é mais difícil e lento quando não se pode enxergar,
Dizem por aí :- "tenha visão de futuro",
Mas como se não posso prever nem o que acontecerá amanhã?
Quanto mais em um ou dez anos,
Quanto mais o meu todo sempre,
Quanto mais o destinatário desse pobre coração!

Nada vale de promessas jogadas em vão,
De erros, e mil pedidos de perdão,
Ações são mais fortes, é evidente
Mas no que consiste...
Consiste o ardor de suas declarações?
Como a luz elétrica ao meio-dia
Ou fogos de artifícios num domingo azul?

Nada vale...
Perdoe-me esta frieza
Mas o calor já foi levado há muito,
Sou um suporte vivente,
Resto da grande maré,
Um Mourão à aurora.

Embrumada em pedaços
Estranhamente entorpecida,
No auge da juventude
Com a imensidão desconexa em mente,
Segredos guardados
Tristeza compartilhada,
Laços abandonados
Lâmina direcionada,
Tons de vermelho escorrem por minha face...
pecados e lamúrias sucumbidos.

Das lembranças de um diário de bordo,
O pesadelo ainda não acabou...

Mídia:- Kamelot - Abandoned

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