Capítulo 14~

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Helena

              Eu estava uma pilha de nervos. Em 24 horas, encararia uma multidão de pessoas que precisavam acreditar que eu estava dedicando minha alma àquele projeto, quando tudo o que eu queria era jogar uma bomba no hotel enquanto Gio, Arthur, Miguel e eu estivéssemos fora para tentar acabar com todas aquelas pessoas horríveis da M&D.

               — Lena. Você tá me ouvindo?

               — Oi?

               — Em que mundo você está? Eu tô aqui te enchendo de beijos e você tá olhando para o teto.

              — Desculpa! — Levantei a voz, sem perceber. — Sério, desculpa. — Mudei o tom de voz para um mais doce. — Não foi por mal. Eu só estou preocupada com a apresentação de amanhã.

              — Sério, Lena. Você está com o dia todo inteiro livre hoje para se preparar para essa apresentação e a gente podia estar fazendo várias coisas muito mais interessantes, considerando que você já sabe tudo sobre esse projeto de traz para frente.

               — Eu sei, mas eu não consigo tirar isso da cabeça.

               — Tudo bem, vamos apelar para coisas mais fortes, então. — Ele se levantou e abriu a gaveta do criado mudo. Ao voltar, trazia um envelope na mão.

               Eu levantei, me recostando na cabeceira da cama, enquanto ele voltava a se jogar na cama gigante.

               — O que é isso? — Miguel me entregou o envelope.

               — Abra e descubra. — Disse, com um sorriso sacana surgindo em seu rosto.

               — Um par de ingressos para o Parque Marinho? Mas eu achei que você não quisesse ir! — Minha voz já entregava o quão animada eu estava agora.

               — Eu esperava te levar na sua próxima folga, depois do congresso, mas acho que ainda dá para irmos hoje. E se você quer ir, Lena, eu quero ir.

               Miguel sabia ser fofinho quando queria.

               De onde nosso hotel estava localizado, nós só precisávamos andar umas três quadras até a entrada do Parque Marinho. Os ingressos de Miguel davam direito a uma visita guiada e, ao chegarmos lá, descobrimos que elas aconteciam de uma em uma hora. Como duas pessoas que pouco sabiam sobre a vida marinha, nós resolvemos esperar pelos próximos doze minutos, quando sairia a próxima. Aquele parque era de responsabilidade do Projeto Tamar e eu imediatamente me apaixonei por ele, como tinha feito com toda a ilha.

               Depois de uma longa caminhada pela orla, onde o guia nos mostrou alguns ninhos, tivemos a sorte de presenciar a caminhada de 13 bebês-tartarugas até o mar e aquilo foi, de longe, uma das coisas mais incríveis que já presenciei na vida. Miguel se fazia de desinteressado, mas eu pude ver o sorriso que surgiu quando um dos bebês tropeçou perto dele, que se abaixou para ajudá-lo a voltar à sua jornada.

               O guia nos contou sobre um projeto que eles têm de captura, marcação e recaptura das tartarugas, que eles mantinham para protegê-las e evitar que ficassem presas e também para estudo do seu deslocamento e hábitos alimentares. Em cerca de meia hora, segundo ele, sairia um barco para esse processo e nós estávamos convidados. Contrariando o que eu pensei que Miguel diria, foi ele quem concordou com a ideia. No barco, nós vimos os voluntários vestirem-se para pular no mar aberto e trazerem as tartaruguinhas para marcação. Eles explicaram que todos os animais que são encontrados vivos recebem um marcador de metal nas nadadeiras para que, após devolvidos, eles pudessem ser acompanhados no alto mar.

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