Capítulo 16~

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Helena

              — O que você tá fazendo aqui? — Arthur falou, tomando minha frente. — Já não basta toda a merda que você causou na vida da Lena?

             Miguel ignorou tudo o que ele falava, enquanto seus olhos me dissecavam. O sorriso seboso no rosto me causava um incômodo muito maior do que eu esperava ser possível.

             — Bom, pelo visto você está muito bem acompanhada.

             — Não seja ridículo. — sibilei.

             — Não, Helena. Eu realmente quero entender. Eu era uma foda certa? É isso? Porque na primeira oportunidade você já foi para os braços do ruivo.

             — Ah, fala sério, Miguel! Quem deu a você o direito de aparecer aqui depois de todo esse tempo, depois do que você fez, depois de me deixar sozinha naquele hotel e exigir qualquer coisa de mim?

              — Exigir? Não, eu não tô exigindo nada. Não existe nada para exigir. Sou só eu o idiota aqui tentando entender as coisas. — Ele se virou, perturbado, bagunçando o cabelo com as mãos. Ele sempre fazia isso quando estava irritado.

               — Pelo menos você assume que é um idiota. — Murmurei, enquanto ele caminhava de volta para a minha janela.

               — Eu esperava... — ele começou, mas algo o fez parar. — Quer saber?! Caguei para essa merda! Boa sorte ao explicar essa situação para a Giovanna. Tenho certeza de que ela vai adorar saber de vocês dois! Que lindo, hein?

               — Miguel, pára de falar besteira, olha só...

               Arthur me segurou pelo braço, me impedindo de ir atrás de Miguel.

               — Você sabe que não vale a pena. — Ele disse para mim, então se virou para Miguel. — A janela está aberta, seria educado da sua parte sair agora.

               Miguel me encarou por um instante. Pude ver de tudo naquele olhar, mas faltava o brilho que eu sempre via ali quando ele me olhava. Com uma longa e pomposa reverência, ele saiu por onde tinha vindo e sumiu escada acima. Naquele instante, algo se quebrou dentro do meu peito. Eu não sabia mais o que sentir.

***

                   Depois de repetir mais de 15 vezes que eu estava bem para Arthur e fazê-lo me deixar sozinha de novo, eu me joguei na cama e deixei minha cabeça mergulhar em todas as lembranças que eu lutava para afastar durante os dias que eu passei trancada em meu apartamento. A dor que surgiu quando Miguel saiu pela janela ainda era forte e eu não sabia lidar com ela. Talvez Gio estivesse certa e eu nunca tinha me apaixonado de verdade por alguém e isso era o resultado de um coração partido. Se realmente fosse, eu ficaria feliz em nunca mais confiar meu coração a ninguém. Não era justo que eu estivesse sentindo aquilo tudo sozinha. Miguel não parecia afetado. Pelo contrário, ele tinha agido como uma criança que se deu conta que o doce acabou. Mimado, egoísta, leviano, do jeito que eu sempre imaginei que ele fosse quando ainda era apenas meu vizinho do andar de cima.

               Pensando agora, eu nunca havia perguntado a idade de Miguel. Ele sempre pareceu ter uma idade próxima, então acho que nunca fez diferença. Quantos anos ele tinha? 26, 25? Ri sozinha da minha bobeira. Não importava mais que eu soubesse ou não a idade dele. O show tinha acabado. O que eu realmente deveria saber sobre Miguel tinha falhado, já que deixei me enganar por ele.

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