"Talvez eu devesse ser mais como ela..."

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Justin preparou-se para enfrentar a esposa, que o esperava com paciência. Selena sentia-se estranhamente calma, o coração batia compassado e as mãos repousavam no colo.

Justin entrou na sala. Estava sem o paletó e afrouxara a gravata. Sem olhar para ela, seguiu direto para o bar onde, entre várias bebidas, estava uma garrafa de seu uísque preferido.

— Quer uma dose? — Ele perguntou.

Selena negou com a cabeça. Justin percebeu a negativa mesmo sem virar-se e não insistiu. Serviu-se de uma dose dupla e sentou-se numa cadeira na frente dela.

— Que amiga leal você tem. — Foi como começou o assunto. "Pena que não possa dizer o mesmo do meu marido", ela pensou.

Os olhos dele estavam fechados. Não conseguia encará-la. Estendeu as pernas fortes na frente do corpo e manteve o copo de bebida seguro no meio das duas mãos. Os dedos eram longos e fortes e as unhas absolutamente limpas. Aliás, tudo nele era limpo e elegante. Tanto o corpo como seus objetos pessoais. Bons ternos, sapatos finos, camisas feitas sob medida e caras gravatas de seda.

A palidez do rosto não diminuiu sua beleza e charme. Justin ia fazer trinta e dois anos. O amadurecimento dera-lhe uma expressão de força e auto-suficiência. Era um homem bem-sucedido e controlado. Sempre tivera autocontrole, raramente perdia a paciência ou se irritava quando as coisas não aconteciam a seu modo. Possuía a rara virtude de encarar um problema, colocar os pontos negativos de lado e lidar com os positivos.

Provavelmente era o que fazia no momento, procurando descobrir os estragos que o telefonema poderia ter feito a seu casamento e tentando encontrar os aspectos positivos do acontecido.

Esta habilidade fizera com que Justin Bieber chegasse à presidência das Empresas Bieber, uma organização que ele criara e que se expandira nos últimos anos, englobando companhias menores, ajustando-as ao mercado para torná-las mais rentáveis e depois vendendo-as com lucro.

Construíra seu império, mantendo os negócios na linha divisória entre o sucesso e o prejuízo, sem, no entanto, colocar sua família e o que conseguira para eles sob qualquer risco. Cercara a família de luxo e mimo.

— E agora? — Ele perguntou subitamente.

— Você é quem deve falar.

Com certeza, Taylor ficara apavorada com a reação que a amiga pudesse ter. Talvez imaginasse suicídio ou qualquer outra tragédia. Só o medo a forçaria a contar tudo a Justin.

— Aquela imbecil! Se não se intrometesse, você seria poupada disso. Já tinha acabado. — Disse Justin, muito tenso, enquanto apertava o copo nas mãos. — Se ela ficasse quieta, logo saberia que estava tudo terminado! Mas não, ela sempre quis acabar comigo, só não imaginei que fosse jogar tão sujo e envolver você! Pelo amor de Deus, diga alguma coisa!

Selena assustou-se. Justin raramente erguia a voz com ela.

A Falta que Você Faz // JelenaOnde histórias criam vida. Descubra agora