Capítulo 11 - Estranho Mundo Novo

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No domingo antes da volta às aulas, resolvi retornar as ligações da Giovanna. Eu estava um pouco melhor e com mais disposição pra aturar... qualquer que fosse o drama ou fofoca que ela iria me contar. Ela atendeu desesperada o telefone quando eu liguei.

- Puta que pariu, Lolita, estou tentando te ligar a dias! – ela gritou. Abri um sorriso inevitável com a histeria dela.

- Aconteceram umas coisas ai... depois eu te conto. – falei – Mas o que ta rolando?

- Você precisa vir aqui em casa, tipo, JÁ. Eu preciso de ajuda. Toda ajuda que eu puder arrumar!

- Ok, calma. Vou me trocar e já passo por aí.

- Vem rápido!

- Ta bom, tchau.

Desliguei e pedi pra minha mãe me levar até lá. Estava frio, e uma garoa chata cobria o céu de São Paulo naquela tarde. Me troquei, me agasalhei e fomos até a casa da minha tia.

Todo mundo estava lá – meus tios, minha avó, e agora nós duas. De lá de baixo, eu ouvia o som do violão da Sabrina, e me dei conta de que não tinha falado com ela – nem com nenhuma das duas, na verdade – as férias inteiras. Cumprimentei todo mundo e subi, batendo à porta do quarto da Nana.

- Entra. – ela disse, lá de dentro. Quase não deu pra escutar, de tão alto que estava o som do violão no quarto ao lado.

Entrei e fechei a porta, abafando a música. A Giovanna pulou da cama quando viu que era eu e começou a dar pulinhos histéricos.

- Você não vai acreditar! Meu Deus, nem eu acredito, caraca, é simplesmente surreal...! – gritou.

E, falando sério, toda aquela histeria estava me dando medo.

- Ei, respira. O que foi? – perguntei, com uma careta. Ela me puxou e nós duas nos sentamos na cama dela.

A Giovanna pôs uma mão sobre o peito, e respirou fundo. Mesmo histérica, sem maquiagem e com o cabeço bagunçado, aquela cachorra ainda era linda. Dava até raiva. Quando ela se acalmou, ela pegou as minhas mãos e disse:

- Eu vou me casar.

Pausa para o choque.

- Como é? – indaguei, com o queixo caído e a sensação de que eu estava ouvindo coisas.

- Eu vou me casar, Lolita! – ela exclamou, batendo palminhas alegres, feito uma criança.

- Com quem? – eu parecia mesmo uma idiota. E ela devia estar achando o mesmo, porque me deu um tapinha de brincadeira na testa e fez:

- Dãã! Com o Pierre, é claro!

Precisei de um minuto inteiro pra me lembrar de quem era Pierre. O moço da foto que a Giovanna tinha me mostrado. O fotógrafo, agente, ou sei lá o que diabo ele era dela, com quem ela tinha se envolvido, por quem tinha se apaixonado, e com quem falava periodicamente.

- Ah... parabéns! – exclamei, sem tem certeza do que dizer. Ela me abraçou, eufórica.

- Ele me ligou umas semanas atrás e disse que queria se casar comigo. Que não podia mais ficar longe de mim! – contou, suspirando – Eu disse “claro que eu me caso com você”, mas eu não achava que ele tava falando sério, sabe?

Eu ia perguntar porque ela tinha tanta certeza agora, mas ela respondeu antes que eu abrisse a minha boca.

- Então ele me ligou de novo e me disse que comprou as passagens pra daqui a DUAS SEMANAS! – nesse momento, ela se ajoelhou na cama e fez um número dois com os dedos – DUAS SEMANAS, LOLITA! ELE TA VINDO PRA CÁ!

O Diário (nada) Secreto - vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora