Nada pode te salvar

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   Sam assistiu com horror Amara apertar o pescoço de Gabriel, o arcanjo demonstrava cada vez mais dificuldade para respirar. O caçador se levantou com dificuldade, ele não sabia exatamente o que poderia fazer para ajudar mas tinha que fazer algo, não era só a vida de Gabriel que estava em jogo, a de Castiel também corria perigo.

  - Solte ele - disse, mantendo a sua postura o mais firme possível, apesar da dor em seu braço quebrado

 -Ou o que? - disse Amara sem afrouxar o aperto sobre a garganta do sobrinho - ele, é um arcanjo, e não pode me deter, o que um humano patético como você poderia fazer? - Sam realmente não sabia como responder a isso - Foi o que pensei.

 A mulher deu as costas a Sam e continuou o que estava fazendo, em um ato de desespero o jovem caçador pegou do chão a lâmina angelical que o irmão usara para tirar a vida. Ele se aproximou e desferiu um golpe, este no entanto não atingiu seu alvo pois Amara se virou com grande agilidade e segurou seu braço com uma das mãos enquanto a outra continuava segurando o pescoço de Gabriel. Ela arrancou a arma da mão do rapaz e a cravou em seu estômago.

 Sam caiu de joelhos, a espada não havia sido enfiada totalmente em seu corpo mas ele tinha experiência o suficiente para saber que algum orgão interno devia ter sido danificado, ao invés de assusta-lo entretanto, a ideia foi estranhamente confortadora.

"Talvez seja melhor assim" disse uma voz em sua mente enquanto um gosto acobreado subia por sua garganta "Se eu não posso traze-lo de volta, talvez morrer seja a melhor coisa que podia acontecer comigo"

  Ele sentiu sua visão ficar um pouco turva, olhou para cima, Gabriel tinha uma coloração azulada em seus lábios, e seus olhos estavam fechados, se ele ainda não estivesse morto, estaria muito em breve.

  -Já chega - disse uma voz atrás de Sam, ele virou-se com dificuldade, ainda de joelhos para ver um homem baixo de cabelos curtos cacheados e uma barba cerrada.

 -Chuck? - ele disse surpreso, uma onda de tosse tomou conta de seu corpo, o gosto acobreado ficou mais forte e ele cuspiu uma pequena quantidade de Sangue. O homem, porém, pareceu não se dar conta de sua presença, ele apenas continuou andando na direção de Amara.

 -Isso já foi longe demais - disse Chuck, Amara sorriu e empurrou com força o corpo inerte de Gabriel, ele caiu a alguns metros, mole como uma boneca de pano, morto ou inconsciente Sam não sabia dizer.

 -Então finalmente resolveu aparecer - disse Amara sorrindo - parece que você se importa com seus filhos afinal, ele disse que você não viria

 -Sim, eu me importo com meus filhos, e me importo com você também - disse Chuck

 -Não me faça rir, - disse a mulher - você nunca se importou comigo, nem você, nem ele, nem ninguém. Você me prendeu, me trocou por essa raça desprezível que criou. Você é meu irmão mais velho, e em vez de ficar comigo preferiu criar seu mundinho perfeito - Sam olhou estupefato para Chuck quando se deu conta do que estava acontecendo

 -Não foi assim - disse o homem

 -E como foi? - Amara o encarou. Chuck abriu a boca pensando em algo que poderia dizer, alguma justificativa mas tudo o que saiu foi:

 -Me desculpe 

 -"Me desculpe"? - repetiu Amara - acha que depois de todas as eras que fiquei presa naquele lugar, um pedido de desculpas vai resolver alguma coisa?

 - E destruir a Terra, vai? - disse Chuck, apesar de seu tom calmo havia furia em seu olhar - Eu errei, e admito isso. Mas você não pode consertar um erro com outro.

 -Eu não quero consertar nada, eu só quero vingança - Ela olhou para Chuck - Se você quer me matar, vá em frente, porque eu juro que se não o fizer agora, eu o matarei assim que tiver forças o suficiente. E destruirei também esse mundo que tanto ama

 - Eu nunca poderia matá-la, você é a minha irmã e eu te amo - disse Deus virando-se de costas para ela - Mas também não posso deixar você destruir tudo o que criei

Dizendo isso ele se virou novamente em sua direção, ele deu um passo a frente e a segurou pelos braços, uma luz branca irradiou de seu corpo enquanto fiapos de fumaça preta saiam do corpo de Amara, a luz do corpo de Chuck envolveu ambos e foi ficando cada vez mais fortes. Sam fechou os olhos com força e mesmo assim não conseguiu bloquear toda a luz. Ele podia ouvir os gritos de Amara e havia algo a mais, algo que parecia uma canção de ninar. 

Depois do que pareceu vários minutos para Sam, a luz finalmente diminuiu o suficiente para que ele fosse capaz de abrir os olhos. O rapaz olhou para o lugar onde Chuck estava, ainda envolvido por aquela luz que parecia diminuir cada vez mais, aos poucos sua imagem foi ficando mais nítida, porém não havia sinal de Amara. Por um momento o caçador achou que ela havia se desintegrado, mas então a luz se apagou totalmente e ele pode ver que Chuck, agora carregava um bebê nos braços. 

  Sam começou a tossir novamente, quando conseguiu parar estava deitado de bruços no chão, exausto, ele cuspiu uma quantidade maior de sangue, sem forças para se levantar ele resolveu esperar pela morte ali mesmo. 

A tosse de Sam pareceu atrair a atenção de Chuck, ele se aproximou lentamente do rapaz, ainda segurando o bebê, se abaixou a seu lado e tocou as costas do caçador. Este sentiu um calor tomar conta de seu corpo todo, os focos porém eram o braço quebrado e o estômago. A dor tornou-se insuportável por uns segundos e então desapareceu. O rapaz se pôs de joelho e olhou para Chuck que sorria para ele.

  -Então, você ... você é - Sam gaguejou 

  -Sim, Sam, eu sou

 Ele se afastou de Sam e foi até onde Gabriel estava. Ele tocou no rosto de seu filho, este foi envolvido com uma luz branca e suave e então começou a se mexer. No momento em que abriu os olhos e viu Chuck olhando para ele, o arcanjo se sentou, surpreso.

 -P...pai? - ele gaguejou, Chuck fez um aceno afirmativo com a cabeça, foi só então que ele notou a criança nos braços do homem - Quem é... - ele começou mas então percebeu a marca vermelha em seu ombro - Oh. O que vai fazer com ela?

 -Cuidar - disse Deus - ser o  irmão que não fui

 -Espero que seja um irmão melhor que um pai, ou temos grandes chances de isso se repetir daqui alguns milhões de anos.

 Antes que Chuck pudesse dizer qualquer coisa, Gabriel fez um aceno de despedida na direção de Sam e então uma luz prateada escapou dos lábios de sua casca e desapareceu pelo buraco que o raio de Amara havia aberto no teto, deixando o corpo de Castiel inerte no chão.

 -Crianças - disse Chuck, ele se virou para Sam - Não se preocupe com Castiel, ele está bem - Sam assentiu - Bem, acho que isso é um adeus.

  -O que? - disse Sam em choque - e quanto a Dean? Você precisa traze-lo de volta.

  -Sinto muito Sam, mas eu não posso

 -Não me venha com essa, - disse Sam furioso - é claro que você pode, você é Deus, porra.

 -Eu prometi a meu irmão, parar de interferir nos assuntos dele

 -Irmão? - Surpreendeu-se Sam, ele podia imaginar o irmão arregalando os olhos em surpresa e dizendo, " Para quem era o único ser no principio do universo ele teve bastante companhia"  - Não importa - disse retomando a fúria anterior - Você tem que traze-lo de volta. Ele morreu por sua causa, por causa de sua covardia.

 -Eu não sou um covarde - Chuck se aproximou de Sam e o ergueu do chão segurando pela  frente da camisa com uma das mãos, o outro braço ainda carregando Amara - cuidado como fala comigo, inseto.

 -Ou o que? - desafiou Sam, olhando em seus olhos - vai me matar?

 -É isso o que você quer não é? - disse Chuck, sua expressão suavizou e ele soltou o caçador - sinto muito, Sam, eu realmente sinto. Mas você tem que aprender a viver sem ele. - Dizendo isso ele desapareceu deixando Sam em pé entre o amigo inconsciente e o irmão morto.

Sam podia sentir as lágrimas correrem por seu rosto, mas não foi até que um soluço escapou de seus lábios que ele percebeu que havia voltado a chorar, parado no meio daquela cabana, o caçador jurou a si mesmo que não importava quanto tempo demorasse, ele iria achar uma forma de matar Deus.

HEY BROTHER - Parte2Onde histórias criam vida. Descubra agora