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A vida nem sempre corre como planeado. Aliás, se acontece alguma coisa com frequência, é tudo mudar, quer para pior quer para melhor, de um momento para o outro. Por vezes, até as mudanças positivas trazem com elas coisas más, mas a pior coisa de sempre é uma mudança negativa. Nunca se sabe a gravidade da influência que a tal mudança vai ter na nossa vida, e isso é assustador.

As mudanças nem sempre são muito fortes, mas quando são, conseguem arruinar uma pessoa. E existe gente que é a prova viva disso. 

Kyoko era uma dessas provas vivas. A mulher de vinte e nove anos tinha sempre a sua pele quase branca, mais do que o normal pois o seu tom de pele era naturalmente pálido. Os seus olhos rasgados tinham sempre olheiras enormes e negras por baixo deles. O seu cabelo escuro e comprido andava sempre despenteado e não era cortado há anos. A sua roupa perdera a cor e ela andava sempre vestida de tons escuros. As suas mãos estavam sempre frias e pequenas borbulhas cheias de impurezas espalhavam-se pelo seu nariz. A sua figura estava cada vez mais magra. 

A mulher estava uma lástima e ninguém o podia negar.

Apenas Ashton não reparava, pois ele tinha quase o mesmo aspeto. Ele não estava, nem de perto, tão mal quanto ela, pois a vida não lhe tinham atirado uma bomba tão poderosa quanto a ela. Ele apenas tinha olheiras e perdera peso.

Naquela noite, quando os dois se encontraram, às quatro da manhã, o homem de trinta e dois anos sorriu, mas Kyoko nem se esforçou.

Ela sentou-se na cadeira que estava em frente à mesa em que Ashton já estava antes sentado e poisou o seu gelado num copo. "Os dias correm-me tão mal quanto antes."

Era mentira. A mulher não reparava, mas o homem de cabelo curto e barba por fazer conseguia ver a diferença. Fazia pouca mais de um ano desde que os dois se começaram a encontrar naquela gelataria às quatro da manhã, e podia ver-se que Kyoko estava melhor, pelo menos fisicamente.

"É.  Quem me dera que nunca nos tivéssemos conhecido." Ashton afirmou.

"Eu também." Respondeu a morena, pegando num elástico e prendendo o cabelo num coque despenteado, apenas para puder comer o gelado sem ter o cabelo a incomodá-la.

A verdade é que, se eles não se tivessem conhecido, significaria que estariam os dois numa situação bem melhor.

Os dois adultos apenas se tinham conhecido devido às suas desgraças. Os dois ainda se lembravam do primeiro dia em que sentiram necessidade de comer gelado para aliviar a dor nos seus corações e encontraram alguém com tão mau aspeto quanto eles. A partir daí, começaram a encontrar-se quase todos os dias, à mesma hora, e a ter conversas sobre a vida.

"Não sei de onde vem aquela estúpida conversa de que se deve comer gelado quando estamos tristes." Começou Kyoko, levando mais uma colher de gelado de menta à boca. "Como gelado todo os dias há cerca de um ano e todos os dias sinto que me estão a arrancar o coração pelo peito."

Ashton assentiu, lambendo a colher e pondo o copo de parte, pois já acabar o seu gelado. "Concordo. A minha dor não se compara à tua, mas parece que o meu sofrimento não quer acabar."

O homem perdera o amor da sua vida. Quer dizer, a sua ex-namorada não morrera, apenas já não o amava como antes. Ashton até aguentaria se ela tivesse ido ter com ela e tivesse ido que queria acabar aquela relação de dez anos. Mas não. Há um ano atrás, o homem encontrara a sua ex-namorada a traí-lo com outro homem mais novo. Naquele momento, o loiro sentira todo o seu mundo a desabar. Aquela era o amor da sua vida, era com quem ele queria passar o resto da sua vida, e ela acabar de lhe despedaçar o coração em milhões de pequenos pedaços impossíveis de reparar.

Talvez por ter apenas passado um ano é que lhe custava tanto, pois Ashton ainda tinha gente a dizer-lhe que ele estava a exagerar. Mas não estava, ele por vezes acordava sem conseguir respirar pois tinha pesadelos em que se lembrava da visão da sua ex-namorada e outro homem.

No caso de Kyoko, já tinham passado dois anos, quase três, mas ela não estava nem perto de melhorar. A mulher tinha toda a sua vida planeada. Ela casara e tivera um filho aos vinte e dois anos. Vivera uma vida felicíssima com o marido que era um amigo de infância e com o seu pequeno rapazinho que se chamava Stanley. Tudo lhe corria bem, até o que nunca lhe passara pela cabeça acontecer. Com apenas quatro anos, o pequeno Stanley fora diagnosticado com um tumor cerebral. Kyoko ainda se lembrava do quão chorar no dia da notícia, mas a esperança não estava perdida, havia muitos casos em que, através de cirurgia, o tumor era retirado. Infelizmente, tal coisa não aconteceu com o filho da mulher. Depois de ver o seu filho sofrer e de o ver morrer, Kyoko transformou-se noutra pessoa. Ela separou-se do seu marido e deixou de viver a vida.

"Não interessa quantos gelados coma." Kyoko comentou, acabando também o seu gelado e olhando para Ashton, o qual descansava a cabeça na palma da sua mão e tinha os olhos meio fechados. "Eu nunca vou esquecer a dor que é perder a pessoa mais importante na minha vida."

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HELLO

SO, JÁ TENHO AS IDEIAS ORGANIZADAS E PRONTOS

esta história vai falar de algo que eu n faço a minima ideia do quão mau pode ser: a perda de um filho. Eu n sei o que é, nem quero saber. Eu vou buscar os sentimentos da kyoko a um livro que eu li.

já no caso do ash, a relação dela durava há muito tempo e ele ainda está afetado, mas por n ser tão mau quanto perder um filho, vou me centrar um pouco mais na kyoko

outra coisa que vai ser dificil é escrever diálogo de gente que tem trinta anos, mas vou tentar.

ily

Blue Memories :: afiOnde histórias criam vida. Descubra agora