Durante o que pareceram semanas, mas na verdade foram só dias, Kyoko tinha estado sozinha na gelataria. Ashton nunca lá aparecia e ela não sabia porquê. Até que, finalmente, recebeu uma chamada do homem, a qual não faz acalmar.
"Olá, Kyoko." Ela ouve do outro lado da linha. O loiro falava com uma voz fraca, e ouvia-se bastante barulho de fundo.
"Como vais, Ashton?" Ela perguntou, sem esperar a resposta que recebeu.
"Não muito bem." Ashton começa, fazendo a mulher arregalar os olhos e esperar impacientemente por detalhes. "Há uns dias colapsei e estive desmaiado durante umas quantas horas. Só ontem à noite é que acordei e decidi que já era muito tarde para te ligar."
Não era muito tarde, e ele sabia. Nunca era muito tarde para quem passa as noites acordada a olhar para o teto ou a chorar agarrada a uma foto do filho.
"Posso ir aí?" Kyoko pergunta, sentindo a sua pulsação a acelerar. Ela não estava pronta para voltar a ter alguém com que se importa no hospital.
"Claro." Ela conseguia senti-lo a sorrir. "Estarei à tua espera."
Depois de lhe perguntar qual era o hospital e a ala, a morena despediu-se e desligou a chamada. Vestiu-se mais apropriadamente e pegou no telemóvel, documentos do carro e chaves de casa e carro. Foi a paço acelerado para o carro e, quando lá chegou, conduziu o mais depressa e corretamente que conseguiu.
Ao chegar ao hospital, Kyoko respirou fundo. Aquele lugar não lhe trazia nada boas memórias e, naquele momento, ela receava voltar a perder alguém naquele mesmo sítio. Como a morena não tinha a certeza do que se passava com Ashton, ela não sabia se era grave ou não. Por essa razão, ela só se queria despachar e chegar o mais rápido possível perto do homem.
E assim fez. A mulher foi a correr até ao hospital. Na receção, pediu para visitar Ashton Irwin e, depois de algumas perguntas, lá a deixaram.
Ela entrou no quarto que o homem partilhava com mais três pacientes e sorriu levemente a todos, como uma maneira educada de os cumprimentar sem palavras. De seguida, dirigiu-se a Ashton, que já olhava para ela, com um sorriso também na sua face.
"Hey." Ele cumprimentou-a pela segunda vez naquele dia, agarrando a mão dela.
Kyoko apenas sorriu, olhando para ele e analisando-o. Ele estava pálido, mais do que o normal. O seu cabelo estava oleoso e a barba por fazer. Os seus olhos pareciam quase opacos; não tinham qualquer brilho. O aperto da sua mão não era tão forte como de costume. Na verdade, era fraco para um homem com o físico dele. O seu braço estava ligado a um saco de soro e o outro tinha medidores de pulsação que ligavam ao monitor cardíaco.
"O quê que se passou?" Ela perguntou, suspeitando que era falta de nutrientes, devido ao soro.
"Bem, parece que ando a ser demasiado descuidado com a minha saúde. Eles disseram-me que tinha de me manter hidratado e que tinha que comer uma alimentação equilibrada. Isso é fácil para eles dizerem, não são eles que estão deprimidos." Ashton contou, largando a mão de Kyoko e cruzando os braços ao peito. Oh, como ela o entendia. "Basicamente, eu estava muito feliz no trabalho quando por e simplesmente desmaiei."
A mulher assentiu. "E quando é que sais daqui?"
"Quando os meus níveis de glicose estiverem normais." Ele respondeu, virando-se um pouco na cama para puder encarar Kyoko melhor.
Mais uma vez, ela assentiu, puxando uma das cadeiras que estava no fundo do quarto e sentando-se ao lado do homem.
Ashton tentou manter uma conversa suave sobre coisas banais, mas Kyoko não conseguia parar de se concentrar nos beeps que vinham da máquina. Não só eram irritantes, como a faziam recordar memórias terríveis.
Faziam-na lembrar-se do seu filho na quimioterapia com uma cara de sofrimento. Faziam-na lembrar-se do olhar brilhante do filho quando os pais prometia comprar-lhe um gelado assim que ele saísse do hospital. Faziam-na recordar o riso do filho quando brincava com as outras crianças que estavam no hospital. Faziam-na recordar-se de tudo o que os médicos lhe diziam e ao seu ex-marido.
Kyoko sentia as lágrimas a formarem-se, tal como um nó na sua garganta. Sem conseguir aguentar mais, ela limpou a água salgada dos olhos e sussurrou, "Com licença." Depois levantou-se e saiu do quarto e, provavelmente do hospital. Ashton não a podia censurar, ele não sabia como reagiria se perdesse a pessoa mais importante da sua vida para a morte.
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olá gente
depois de passar uns dias sem net, consegui escrever bastante mas apenas escrevi um capitulo de blue memories
ily
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Blue Memories :: afi
FanfictionOnde eles vão a uma gelataria que está aberta 24/7 e falam sobre os seus corações partidos. [book 4 in color series] Ideia da história por @envelopedmoon Capa feita por @mukequality Copyright © 1-800-STFU (Carolina) All Rights Reserved