A verdade é que Kyoko não queria mesmo perder outra pessoa importante para si. Quer ela quisesse admitir quer não, Ashton tinha estado lá para ela e isso tinha feito florescer alguns sentimentos. Com efeito, porque ela se preocupava, a mulher não queria perdê-lo de vista. O que o tinha levado ao hospital podia não ser nada de especial, mas nunca se sabe. Então, a morena passou a noite no hospital, sentada na cadeira de plástico ao lado da cama dele e a deitar a cabeça na cama onde o homem estava. Estava sujeita a ficar com uma terrível dor de pescoço, mas valia a pena.
De manhã, quando o loiro acordou, sorriu ao sentir ainda um peso adicional na cama. Ele abriu os olhos lentamente e olhou para o lado, observando a face da mulher morena. Nem a dormir ela parecia pacífica: mantinha as sobrancelhas e os lábios franzidos e, por vezes, o seu lábio inferior tremia. Apesar disso, Ashton continuava a sentir um carinho especial por ela. Ele sabia que era possível ter encontrado um novo amor, pelo que já se conheciam há algum tempo, mas ninguém garantia que não correria tão mal quanto o primeiro. Assim, o homem mantinha-se calado, apenas sorrindo levemente ao olhar a pele pálida e suja de Kyoko.
O problema nem toda esta situação era simples. Ao loiro tinham-lhe partido o coração só que ele podia sempre avançar com a vida, esquecer Eva e encontrar outro amor. Ele podia sempre arranjar alguém que lhe tratasse da ferida que tinha no peito. Mas Kyoko não. O seu coração tinha sido partido mas nada poderia curar aquela enorme cicatriz que ardia a todas as horas. Ela podia avançar, sim, mas as memórias de Stanley estariam sempre lá. A morena poderia ter outro filho, mas ele não substituiria o primeiro. Se ela tivesse outro filho ou filha, sentia tanto amor por ele como sentia por Stanley, mas ainda choraria todas as manhãs ao tomar banho e todas as noites antes de adormecer. Nada poderia acabar com a dor. O tempo melhoraria, mas não pararia.
Na verdade, Kyoko ainda se lembrava muito bem do momento em que todo o seu mundo se desmoronou. Se ela andava mal durante os dias em que o ilho estava no hospital, o dia em que lhe disseram que ele tinha falecido foi o pior de todos. Ela lembrava-se de estar a falar com Grayson fora da porta do quarto de Stanley, os dois a tentarem distraírem-se da situação em que estavam. Depois, vários médico entraram no quarto que Stanley partilhava com várias crianças e os dois sentiram o bater dos seus corações a acelerar, com medo. Sentiam bastante aflição, mas não os deixaram entrar pois estavam a tratar de um paciente em emergência. Finalmente, quando os médicos e enfermeiros saíram do quarto e um dele se dirigiu aos pais, a aflição passou.
Ao ouvir que o seu filho tinha falecido, Kyoko sentiu o seu coração a parar. Durante milésimas de segundos, todas as suas funções vitais pareciam ter parado, assim como o mundo à sua volta. Mas rapidamente tudo voltou ao normal e a mulher sentiu as suas pernas a fraquejar. Com um barulho alto, ela caiu no chão e deixou-se lá estar. Imediatamente lágrimas começaram a escapar pelos seus olhos vermelhos devido às noites de sono perdidas. Ao sentir como se o seu peito tivesse a ser esfaqueado e a sua cabeça atirada contra uma parede de tijolo, a morena gritou o mais alto que podia. Ela agarrou na sua camisola com força e berrou. A dor que sentira naquele momento era insuportável e ela conseguia prever uma perda de voz. Mas naquele momento ela não queria saber, a sua vontade de viver desaparecera.
Já Grayson era um caso diferente. Ao ínicio, nem chorar conseguia. Ele ficou parado, a olhar para o médico como se estivesse a gozar com a sua cara. Mas os gritos da esposa fizeram-no acordar para a realidade. O homem aproximou-se da porta do quarto onde o filho ficava e, ao ver pela janela que Stanley tinha os olhos fechados e já nenhum fio ligado ao seu corpo, sentiu também todas as suas forças a serem retiradas de uma vez do seu corpo. Caiu no chão, encostando-se à parede mais próxima para apoio. E assim começou a chorar. As lágrimas escorregavam pelas suas bochechas a uma velocidade incrível e o seu nariz produzia muco em quantidades inacreditáveis. Era como se lhe tivesse arrancado o coração do peito sem esperarem que ele tivesse pronto; como se tivessem retirado todo o oxigénio naquela sala. Tudo o que Grayson conseguia ver era branco e tudo o que ouvia era zumbidos irritantes. O loiro repetia vez e vez sem conta o nome do filho, como se fazer isso o trouxesse de volta. Mas não traria.
Nada os poderia voltar a fazer sentir o mesmo.
Ashton sabia disso. Ele tinha noção de que aquela dor aguda permaneceria sempre no coração de Kyoko. Por isso, prometeu a si mesmo tentar protegê-la de futuros desgostos.
"Não te preocupes." Ele sussurrou, afastando o cabelo comprido e sujo da morena da sua cara e acariciando-lhe a bochecha. "Prometo tentar fazer-te feliz e fazer com que a memória do teu filho não te faça chorar mas sim sorrir." O homem inclinou-se e beijou-lhe a testa suavemente.
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este capitulo custou me tanto a escrever porque apesar de ter escrito o grayson como um homem loiro e de pele morena, o nome é inspirado numa das minhas personagens favoritas de sempre e escrevo isto a imaginar essa personagem a sofrer, o que é horrivel para o meu coração porque essa personagem perdeu os pais e agora só o imagino a perder o filho
porquê que eu gosto tanto de me fazer sofrer a mim mesma?
JÁ AGORA, SE GOSTAREM DE HAIKYUU, FAÇAM ME UM FAVOR E VISITEM UMA OUTRA MINHA @i-laikyuu QUE EU TENHO LÁ UMA CARRADA DE ONE SHOTS
anyway, a partir de agora não vão haver memórias tristes (exceto uma do ash) por isso ninguem sofre mais
ily
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Blue Memories :: afi
FanfictionOnde eles vão a uma gelataria que está aberta 24/7 e falam sobre os seus corações partidos. [book 4 in color series] Ideia da história por @envelopedmoon Capa feita por @mukequality Copyright © 1-800-STFU (Carolina) All Rights Reserved