Anna

159 45 28
                                    

— Você deveria ver sua cara. Hilária!

Eric ainda está falando a respeito do susto que deu em mim momentos antes e ri freneticamente. Já faz vinte minutos que Délia subiu para o sótão e ele parece ignorar completamente o tipo de coisa que estamos prestes a fazer. A máscara de Jason e o facão de plástico descansam em cima da mesinha da sala, ao lado da xícara onde acabei de tomar minha quinta dose de café da noite.

Meu corpo todo está trêmulo, meu ritmo cardíaco acelerado, efeito da cafeína e também do meu nervosismo.

Pego meu celular do bolso e acendo a tela, 23:40, sexta, 30 de outubro, volto a guardar o celular e tento me concentrar na tevê, tentando ignorar o fato de que faltam apenas vinte minutos para a  meia-noite e ignorando Eric, que começou a contar sobre a vez em que ele e os caras do time invadiram a casa abandonada na rodovia 36 e deram uma festa de Halloween em que as garotas tinham que mostrar os peitos para entrar.

Num dos canais pagos, especializado em filmes antigos (grandes clássicos, como era anunciado), um homem aparecia enterrando seu gato em um cemitério de animais, ele cava a terra com uma pesada pá de cabo de madeira, e depois joga o gato lá dentro, no buraco, enrolado por um pano branco encardido de sangue. Isso me dá arrepios. Desligo a tevê no mesmo instante que Délia grita lá de cima.

— Tudo pronto! Pode subir, Anna!

Esse era o sinal “tudo pronto”, e, “pode subir” só queria dizer uma coisa, eu tinha que subir com ele. Tinha que arrastar Freddy até lá em cima. Olho para Eric, ele me olha desconfiado.

— O que está havendo, hein? Por que tá me olhando assim?

Eu sorrio. Ele é forte, pela primeira vez estou feliz por ele estar aqui essa noite. Ele pode ser útil. 

Noite de HorrorOnde histórias criam vida. Descubra agora