Capítulo 2 - Um sorvete, por favor!

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Só digo uma coisa a vocês, caso algum dia precisem arrumar uma casa pra ficar com urgência, por favor, não a procurem em São Paulo. Sério, é um conselho que dou a todos os três leitores que me acompanham (Olá número três, bem vindo!).

A minha busca por apartamentos baratinhos e sem mobília foi extremamente insana! Acho que nunca andei tanto em um dia só, por sorte, se tratava de uma sexta feira e, mesmo eu tendo que faltar a faculdade pra isso, foi um dia bem produtivo. Andei como uma louca atrás de um lugar para morar, sempre alugado, afinal, às vezes ocorrem incidentes como os que eu passei e o dinheiro todo não pode ser simplesmente deixado nas mãos de certas bisquaras (Sim, ainda estou profundamente chateada com o que aconteceu).

Enfim, por sorte consegui encontrar um lugar bacana e com um precinho razoável na Rua Barata Ribeiro, nada mal já que fica perto de lugares que eu frequento. Consegui falar com os responsáveis pelo imóvel e com um pouquinho de choro, acertamos tudo para eu me mudar ainda naquele dia, sorte a minha que, ao manter os velhos hábitos, ainda guardava o dinheiro para emergências. Posso afirmar que essa foi uma emergência não é? Não estava querendo importunar minha família com mais esse problema, então peguei minhas economias e investi em um local para ficar. Genial não é? Também acho.

Meus problemas reais só vieram quando eu entrei no apartamento vazio e me toquei que não tinha como levar minhas coisas até ali. O dia do meu pagamento (Acho que ainda não falei de meu bico por aqui, mas isso é história para outro momento) ainda estava longe e eu tinha usado minhas economias para pagar o local. Ou seja, não podia gastar meus últimos centavos com um caminhão de mudança. Okay, pense Prior, pense! E a brilhante (E única) ideia que me veio a mente foi: vou trazer numa caminhonete!

Pesquei meu celular no bolso da calça que tinha posto as pressas e busquei nos contatos meu amigo de faculdade. Irei chama-lo aqui de... Weasley, ele é atentado igualzinho os gêmeos. Disquei o número de Weasley e tive uma conversa breve com ele. Como sempre ele estava matando aula da facul, então para ele não seria nenhum problema. Em menos de dez minutos alguém bate na porta do meu novíssimo apartamento, me tirando me meus devaneios e minha brincadeirinha de jogar a chave para cima. Me levanto no melhor estilo idosa e atendo a porta, vendo meu friend e seu cabelo rebelde de sempre.

 Me levanto no melhor estilo idosa e atendo a porta, vendo meu friend e seu cabelo rebelde de sempre

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O imaginem assim, essas exageradas de aparência dão um up no pensamento de vocês. Continuando:

- Cadê os trecos que eu tenho que levar? -Ele pergunta dando um sorriso enquanto estava encostado no batente da porta.

- Tão na outra casa, nessa aqui você só veio me buscar. - Respondo dando uma risada e saindo da minha nova aquisição, fechando a porta atrás de mim e indo com ele até o estacionamento.

Enquanto isso explico qual será nosso árduo trabalho e o vejo fazendo caretas, principalmente na parte em que digo sobre a necessidade de desmontar alguns móveis para podermos trazer. No fim das contas ele acaba topando mesmo que resmungue um pouco. Entramos no seu carro e ele dirigiu até minha antiga casa. Evito contato com a Branca de herpes, digo, neve, desculpa gente, foi o corretor do word, desculpa o equívoco. Enfim, passo direto para meu quarto e, junto com Weasley desmonto primeiro a cama. Levamos cada peça até o carro, damos um jeito de amarrar o colchão em sua toyota hilux preta e fazemos a viagem de volta, quando estávamos chegando vejo um homem se aproximando na frente do prédio com um carrinho de sorvete, achei curioso mas não comentei nada. Subimos com as coisas e deixamos no apê, saindo dali e fazendo todo o percurso novamente para pegar o próximo móvel.

E assim foi por muito tempo, até que eu tivesse pego tudo que me pertencia na antiga moradia. Eu também fui um pouco maldosa e peguei de volta todos os apetrechos pra casa que eu tinha dado a maior quantia de dinheiro para comprar, afinal não foi essa a desculpa dela pra ficar com a casa? Pois bem, essa é a minha desculpa para ficar com os apetrechos de cozinha e a tevê da sala. TOMA SUA TROUXA! Desculpa o vocabulário, ainda estou levemente chateada por ter sido "despejada".

De qualquer forma, terminamos por completo minha mudança lá pelas nove da noite, apesar de que não tinha nada montado ainda, contudo eu não ia pedir mais ainda de Weasley, ele já devia estar cansado, digo isso medindo por mim, que já estava exausta. após levar as últimas peças de cômoda para dentro, fomos a varanda, abri uma latinha de coca cola (Não sei se posso dizer esse nome aqui, será que dá problema de direitos autorais? bem, se eu parar de escrever já sabem que é porque eu devo ter sido processada.) enquanto Weasley absorvia a nicotina de seu cigarro.

- Isso não lhe faz bem, sabia? - Comento enquanto observo a movimentação das ruas. Ao olhar um pouco mais para baixo consigo ver o homem do sorvete ainda ali, no mesmo lugar, encostado no carrinho do sorvete enquanto oferece aos andarilhos seus serviços para refrescar em meio ao calor de São Paulo.

Sinto certa pena dele, afinal duvido que fosse vender muito, no mês em que estamos não é exatamente "quente" a noite, acho que o lucro dele devia estar sendo mínimo... Se é que existia. Entretanto, mesmo de longe, noto que aquilo não parecia o abalar, ele continuava sorrindo e oferecendo sorvetes as pessoas que passavam por ali, que muitas vezes aceitavam e compravam o produto.

- Eu sei que não. Mas a sensação é boa... - Weasley murmura, quebrando minha linha de pensamento.

- E a Annabeth? O que pensa sobre seu vício? - (Annabeth vai ser o nome dela, tem tudo a ver, já que ela é super inteligente e cursa engenharia de computação) Eu estava me referindo a namorada dele, que não era muito chegada a essas coisas. Recebe apenas um breve sorriso como resposta. Isso significava que a garota não devia saber que ele fumava.

Passaram-se alguns minutos e Weasley informou que precisava voltar pra casa, nos despedimos com um abraço e ele partiu, me deixando no silêncio do (n)ovo apartamento. Depois de algum tempo encarando o nada, decido sair, respirar um pouco de ar puro. Entro no banheiro cheirando a mofo e antes de fazer qualquer coisa, espalho um perfuminho ali, abrindo o balancinho que existia próximo ao chuveiro para aquela área pegar vento.

Depois que estou devidamente higienizada e vestida com a mesma coisa que visto todos os dias (Não literalmente, não sou porca), saio do apê, já era quinze pras dez da noite, no entanto esse fato não me incomoda e logo estou na frente do prédio. No entanto, para minha surpresa, outra pessoa também não se incomodava com o horário, e essa pessoa era o sorveteiro.

Ele estava ali, encostado no carrinho da mesma forma que antes e quando ergue o olhar e me vê, sorri gentil. Antes eu não tinha prestado muita atenção, mas ele não parecia tão velho, na verdade aparentava ter minha idade e vestia um moletom xadrez por cima da blusa do nirvana.

- Boa noite, moça. Você parece cansada... Tenho a coisa certa pra você bem aqui. - ele diz, dando uns tapinhas no carrinho. Acabo soltando uma risada, que tiozinho esperto.

- Hm... Claro, pode ser... Um sorvete, por favor. - Peço tateando os bolsos em busca de dinheiro.

- Chocolate, morango, creme ou napolitano? - Ele pergunta me espiando de canto de olho enquanto pega aquele trequinho com uma concha que se usa pra por sorvete e eu nunca sei o nome.

- Chocolate. Quanto é? -Indago entregando a ele uma nota de cinco reais.

- Ótima escolha. Pra universitárias é dois reais. - É o que me diz enquanto entrega o troco e eu levo ao bolso. Só quando estou levando o sorvete a boca é que me toco do que ele disse.

- Calma, o que disse? Como sabe disso? -É então que ele me olha e ri, dando uma leve desviada de olhar durante o ato, estendendo a mão para mim.

- Eu já te vi na universidade, faço publicidade e propaganda, sou o Lanterna Verde. (Outro nominho pra substituir o dele né, óbvio.) -E de repente, o fato de ele conseguir vender no inverno fazia todo sentido.

Ainda fiquei um tempo conversando com o Lanterna Verde até quando já era tarde demais para ficar batendo papo na rua, foi algo interessante de ver, mal sabia eu que existiam universitários que vendiam sorvetes nas noites de sexta, pensava que era só mais um mito estranho desses que rolam na internet...



A. Sales - 2016 - ArroteiTocade.com

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