Clara Jones: Confusão

33 5 8
                                    

    Faltava 5 minutos para o almoço, não via a hora de sair daquela sala, minha cabeça estava girando, só conseguia ver os lábios da Sra. Brookie se movendo, mas não conseguia ouvir som algum, meus pensamentos estavam em Ben, eu queria muito descobrir sua história, ele era um mistério para mim.
- Ei Clara, o que vai fazer na hora do almoço hoje? Vai pro banheiro se cortar de novo? - uma garota gritava no fundo da sala, não liguei, estava ocupada demais para me importar com o que ela falava, não tiraria Ben da cabeça, ele que me tirava daquela tortura e me impedia de pensar em qualquer outra coisa. Não! Pare com isso Clara! Você não pode se apaixonar por ele, seria um erro. - Não vai me responder?
- Judith! Deixe Clara em paz ou terei que manda-la para detenção. - disse a Sra. Brookie. Obrigado.
     Finalmente hora do almoço, já não aguentava mais, precisava encontrar Ben. Fui para o armário guardar os livros, quando apareceram Mark e Gus, dois garotos do time da escola, se é que se pode chamar aquilo de time, não ganhavamos um jogo, era uma vergonha, mas eu nem ligava.
- Olha quem está aqui. Como vai é... Qual é mesmo seu nome? - disse Mark.
- Me deixem em paz. - falei
- Que isso, fica calma, só vim conversar com você - ele passou a mão no meu cabelo, eu o empurrei mas ele segurou minha mão e tentou me beijar a força, por que estavam fazendo isso?
- Pare por favor!
- Saiam de perto dela. - era Ben, ele olhava para eles furioso, era visível a raiva em seus olhos. Os dois garotos se viraram e de repente já estavam no chão, Ben socava a cara de Mark loucamente, ele pedia para parar, mas Ben parecia não escutar, ele iria mata-lo. Se ele fosse expulso da escola seria horrível, precisava que parasse.
- Ben! Pare por favor! Já chega!
    Ele não me escultava, até que o Sr. Killer chegou e tirou Ben de cima de Mark, ele estava ensanguentado, e Ben... Ben estava rindo ironicamente.
- Nunca mais encoste um dedo nela. Você ouviu? - o Sr. Killer o levou para a direção. E se ele fosse expulso? A culpa seria minha. Isso não podia estar acontecendo. Gus que também estava machucado, ajudou Mark a se levantar do chão, ele mal conseguia se por de pé, seus lábios estavam inchados e seu rosto coberto de sangue, me olhou no fundo dos olhos e com muita dificuldade disse:
- Diga para o seu namoradinho que vai ter volta. - e saiu. Ótimo agora ele vai acabar com Ben.
    Fui até a diretoria tentar ouvir alguma coisa, mas foi em vão, não conseguia ouvir absolutamente nada. Fiquei sem saber o que fazer, sentei no banco em frente a direção, estava ansiosa, o que sera que eles estavam conversando? Ben seria expulso? Como eu ficaria sem ele? Foi o único que se importou comigo. De repente me vi chorando, eu sabia que não podia me apaixonar por Ben, mas algo nele me atraia, talvez pelo simples fato dele falar comigo e estar ali, eu não o conheço a muito tempo e não quero perde-lo agora.
- Me encontre no lago hoje a noite, preciso falar com você. - Ben apareceu na minha frente, eu não tinha ouvido a porta abrir, ele me olhou e depois foi embora, não tive chance de perguntar nada. Ele se foi, eu não o encontrei, onde ele poderia estar? Voltei para sala, não tinha comido nada, não valia a pena, a comida da escola era horrível. Sentei, fiquei olhando para as paredes e pensando como faria para encontrar Ben, na verdade eu deveria ir? E se minha mãe descobrisse?

    Entrei no ônibus e sentei no mesmo lugar de sempre, Ben não apareceu, talvez Lucy tenha vindo pegar ele de carro. Coloquei os fones e fechei meus olhos, a canção tocava minha alma, era uma música clássica, sempre fui apaixona por esse tipo de música, um som calmo e verdadeiro, que fazia você esquecer de tudo ao seu redor... Uma mão pousou sobre a minha, abri os olhos e lá estava ele, sério e frio como sempre, mas agora estava um tanto terno.
- Me lembrei que você não tem carro, então passarei na sua casa as 2hr da manhã, esteja pronta.
- Mas...se você tocar a buzina, minha mãe acordará.
- Jogarei pedras na sua janela, só fique acordada. - ele tirou a mão de cima da minha e olhou para frente, não disse mais nada. O ônibus parou e ele desceu, olhou rápido para mim, sem sorrir com os lábios, mas sorriu com os olhos. Sem vozes o dia inteiro.
     Cheguei em casa e subi para o quarto, tomei um banho e troquei de roupa depois fui comer alguma coisa, na geladeira, uma caixa de leite pela metade, dois ovos e um resto de presunto. Peguei os ovos e fiz uma omelete, era o que tinha, não sei o que vamos jantar, mas isso depende da minha mãe, lavei os pratos e voltei para o quarto, deitei na cama e dormi.

    "Qual é o seu problema? Suma daqui! Vamos sua inútil" minha mãe gritava, mas eu não a via em lugar nenhum, eu estava em casa, os gritos continuavam " Clara por que você o trouxe o aqui? Quero ele fora da minha casa! Saia!" eu não estava entendendo nada, ouvi uma risada e um barulho na cozinha, fui até la e vi Ben... Estava...estava... Batendo em minha mãe...

    Acordei banhada de suor, o que significava isso? Ultimamente tenho tido esses sonhos, antes mesmo de Ben aparecer, eu já sonhava com ele, mas, porque? E se os sonhos se tornassem reias, embora minha mãe me detestasse eu a amava, sei que meu amor não era correspondido mas era no que eu me apoiva.
- Clara! Desça aqui! - Minha mãe gritou.
- Só um minuto.
    Desci rapidamente, se demorasse muito com certeza levaria bronca.
- Senhora?
- Vou sair com...qual é mesmo o nome dele? Ah sim! Jason. E só voltarei amanhã de manhã, espero não encontra-la ainda dormindo.
- Mãe... O que eu vou jantar?
- E eu que sei Clara!? Se vire. Já estou de saída. - ela se virou e saiu. Então era isso, eu poderia sair com Ben sem me preocupar, quer dizer, mais ou menos. Estava com fome, então fui deitar. Ainda sem vozes. O dia inteiro.

BloodOnde histórias criam vida. Descubra agora