Fui para casa, tomei um banho e me deitei, chorei, chorei muito, eu sabia o que ia acontecer, eu a estava perdendo. Para sempre. Meu celular tocou. Um número desconhecido. Era ela. Não! Clara! Desci o mais rápido que pude.
- Lucy! - gritei.
- Ben. O que houve!
- Clara. Eu...eu preciso do carro
- Ben fique calmo o..o que..
- Ela esta morrendo. Me de a droga das chaves.
Sai, dirigi em alta velocidade, eu sabia onde ela estava, todos os sonhos, era tudo real. Agora fazia sentido. Meus olhos estavam embaçados pelas lágrimas, mas consegui chegar no lago. Era noite, estava escuro, ela estava de costas, a arma na mão. Não!
- Clara! - ela se virou. Seus olhos não eram os mesmos, acabou. Ela morreu, eu falhei. - por favor não faça isso.
- Acabou Ben. Não tem mais jeito.
- Clara eu te amo. Você não pode me deixar.
- Mas eu estou fazendo isso por você e pelos outros. Eu morri a tempos Ben, nada importa agora.
- Nem mesmo eu? Meu amor não é o suficiente para você?
- Não fale assim Ben. Eu te amo..
- Então viva. Viva por mim Clara. Eu quero te salvar. Se você fizer isso não suportarei a dor de ter falhado, de saber que deixei a garota que eu amo morrer.
- Não posso. Eu sei que você tentou, só você tentou, eu poderia ser feliz ao seu lado, mas o meu eu já estaria morto. Não adiantaria Ben... - ela estava se desfazendo - você não falhou. Eu falhei. Eu falhei quando deixei meu pai ir embora, falhei quando não fui a filha que minha mãe quis, falhei não sendo normal e falhei com você.
- Não! Clara...eu...eu não saberei viver sem você... Você foi a única que eu amei...você me libertou...me libertou dos meus monstros...eu sei que não fui o que você merece...mas me dê mais uma chance de tentar.
- Você é incrível Ben, você é maravilhoso. Mas eu, eu não tenho mais jeito, não há esperança, não há tempo. - ela levantou a arma e apontou para a cabeça.
- Clara. Por favor. Não faça isso. - meu corpo queria desabar, minha vida estava indo.- Clara eu te amo.
- Eu amo você. - Nada.Corri até ela, seu corpo no chão, eu tinha morrido junto com ela, eu falhei, não consegui salva-la, ela se foi. Clara se foi. Clara. Eu chorava amargamente. Peguei meu celular e liguei para Lucy e dei a localização, poucos minutos depois ela chegou com a polícia e a ambulância. Tarde demais.
- Ela se foi Lucy. Ela se foi.
- Meu querido. - me lancei nos seus braços. Acabou. Eu a perdi.
- Por que mãe... Por que? Eu a amava, mãe eu a amava. Eu não fui capaz de salva-la... - eu chorava abraçado a ela, ela passava a mão no meu cabelo, eu olhei o corpo dela ser levado, corri.
- Não! Deixem -me um pouco com ela por favor...eu imploro. - olhei para seu rosto, ela estava branca, pálida, gélida. Morta.
- Filha! Minha filha! - Abigail chegou, ela estava chorando.. Por que ela estava chorando? Ela a matou, ela e todos os outros, senti o ódio percorrer meu corpo inteiro.
- Você. Você a matou.
- Ben fique calmo. - Disse Lucy.
- Cale essa boca garoto.
- Sua vadia desgraçada! Você a matou! - avancei no seu pescoço eu iria mata-la se não fosse por dois policiais que me tiraram de perto dela.
- Calma rapaz.
- Você vai pagar caro por tudo que você a fez, eu vou transformar a sua vida em um inferno, pior do que você tornou o dela. - Me Soltei e fui para a beira do lago, não olhei para trás, não vi o corpo dela ser levado, vi a arma no chão e a peguei. Levei até o policial e disse:
- Pegue isso. Ou mais alguém pode morrer. - encarei Abigail, ela chorava falsamente, mas ela vai pagar, eu vou cuidar disso. Dor. Sofrimento. Muita dor.Sentado no sofá Lucy tentava me consolar, mas nada mudava o que estava sentindo, eu queria vê-la, queria ela por perto, eu a queria viva. Mas acabou. Ela se foi. Minha doce suicída. Suicidas não sobrevivem, suicidas são pessoas cansadas de viver em um mundo em que as pessoas lhe julgam por aparências, pelo o que você tem ou por sua posição social, suicidas não são fracos por se matarem, eles são fortes por que aguentarem todos os dias as pessoas nojentas, a sociedade escrúpula, o mundo podre. Ela se foi. Mas eu estou aqui e não vou deixar que ela seja esquecida e cada um deles vai pagar com sangue, o que fizeram a ela. Isso está só começando.
Peguei o carro e dirigi até a casa dela, entrei, não tinha ninguém, vazio. Fui até o quarto em que a pouco tempo eu estava, eu não deveria ter deixado a sozinha, se eu tivesse ficado com ela... O quarto com o mesmo cheiro, a cama da mesma forma de quando eu sai, no chão as lâminas, em cima do criado mudo, uma carta... Eu li e senti tudo o que ela sentia, peguei a lâmina e cortei meu pulso, podia sentir sua dor... Ela se foi. Ela se foi....

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Blood
RomantikA quem diga que o amor é uma arma poderosa. Mas a verdade é que as pessoas não sabem usa-lo. Nesse livro, você vai descobrir quem é mais forte. O amor ou a morte. Entenda a mente de Clara e seu oposto Benjamin. Sem dor. Nem vozes.