Jonny
Depois dessa louca noite, cheguei no prédio exausto, estacionei o carro da Samantha aonde sempre estaciono o meu, paro para pensar que amanhã logo cedo terei que ir buscar o meu carro no shopping, entro no elevador vazio e aperto o quarto andar, a porta do elevador se abre e me deparo com a porta de meu apartamento semi aberta, retiro a arma de minha cintura e entro em silêncio, ouço um barulho na cozinha e me lembro que a arma estava sem bala, coloco a sob a mesinha no centro da sala, e fico em alerta, vou até uma parede e então vejo a sombra da pessoa vindo em minha direção, ela desliga a luz e sai, ao sair dou-lhe um soco, porém a pessoa desvia e dá um grito, fazendo-me assustar com quem é.
- Você tá louco?- Bea grita.
- Louco? São 9h da noite, e você larga a porta do meu apartamento aberta?- eu respondo no mesmo tom de voz.
- Ela estava encostada! E outra, por que a preocupação? Será que todas as garotas que você deve ter pego enquanto eu estava na Itália, podem vir e entrar aqui?- ela diz com um tom de ciúmes. Que mulher louca.
- Esta insinuado que eu te traio?
- Não, estou afirmando, até parece que você nunca me traiu, são 9h da noite, onde você estaria? Provavelmente em alguma festa!- ela gritava.
- Dá para parar de gritar, eu não sou surdo!- abaixo meu tom de voz.
- Anda, me diz, onde você estava, Jonny?- ela agora falava mais baixo.
- No shopping, Samantha estava lá e tentaram mata-la.- abaixo a cabeça. Odeio mentir.
- Ah claro, Samantha, a filhinha do seu chefe! É claro que tinha que estar lá para protegê-la.- ela da risada.- e então, é com essa vadia que você me trai?- ela sorri me desafiando.
- Escuta aqui, Bea, em primeiro lugar, eu nunca te trai, ao contrário de você, e em segundo lugar, a única vadia que vejo aqui é você.- cuspo as palavras em sua cara.- acha que suas amigas não me enviaram suas fotos se pegando com o Noah? Acha que sou trouxa e não vi os snaps de vocês dois?
- Nossa, você sabe o que é um snap?- ela debocha.- é eu te trai, porque sempre estive cansada desse seu jeito sério e seco, desse vovô que você sempre foi, acho que nem sabe o que é um quote no twitter!- ela me provoca novamente.
- Talvez eu seja assim, porque você nunca pensou em tentar me ajudar a mudar!- agora sim, minha voz quase não é escutada naquele apartamento.
- Você sempre se faz de pobre coitado, Jonny! Desde o acidente ridículo com seus pais. Depois da morte deles, vive ai, se isolando. Para! Você não morreu naquele acidente, foram eles que morreram, supera, eles não vão voltar, não adianta ficar ai se lamentando!
Ela tocou no meu ponto fraco. A segurei pelo braço, ouvindo alguns gritos e uns "ai, você está me machucando.", mas não me importei, a coloquei para fora, quase a jogando no corredor. Antes de fechar a porta em sua cara, não consegui ficar calado.
- Saiba Bea, que a partir de hoje, eu não quero ver a sua cara, eu quero você longe de mim e da minha vida! Você é uma vadia infeliz! E de por mim, ficaria para sempre na Itália.
Fecho a porta com toda a força em sua cara, entro e vou direto para o banheiro. Tiro minha roupa e ligo o chuveiro, tentando esquecer as palavras de Bea sobre minha família.
Será que eu todos esses anos realmente me fingi de vítima? Ou talvez tenha me isolado e por isso não tenho amigos? Não foi fácil, ver seus pais morrerem e você viver depois de um acidente de carro. Há mais ou menos 15 anos atrás, eu e meus pais estávamos indo visitar minha avó paterna na Flórida, mas no caminho um caminhoneiro bêbado bateu no nosso carro, minha mão foi arremessada para o outro lado da estrada e meu pai foi arremessado contra os vidros do carro, os quais adentram e perfuram seu corpo como pequenas agulhas, depois que fomos pro hospital e meus pais foram dados como mortos, descobrimos que minha mãe estava grávida de 2 meses e que o bebê não resistira ao acidente. Meu sonho sempre foi ter uma irmã, pode cuidar e amar, e pode ter alguém, alguém que eu pudesse confiar, mas isso nunca aconteceu, graças aquele infeliz de bêbado. E então fui mandado para um orfanato perto da Flórida, meus avós tentaram ficar com a minha guarda, mas eles morreram semanas depois dos meus pais, passei 6 anos no orfanato, eu apanhava e me metia em várias confusões, até que um dia decidi fugir daquele hospício, e então Oliver me encontrou numa estrada, e me levou para Sede, lá ele me treinou, e depois de alguns meses, a polícia me encontrou, me levaram de volta para o orfanato, pensei que nunca mais veria Oliver ou os espiões da SDE, mas depois de duas semanas, ele estava lá e ele conseguira me tirar daquele lugar, até hoje não sei como e não tenho curiosidade, o importante é que ele me tirou. Desde então, morei na SDE, algumas vezes ia para casa de Oliver ou até jantar com sua família, Os Milles, mas Oliver nunca soube ser um pai, por mais que ele fosse um amigo, ele nunca me maltratou ou algo assim, eu cresci sem um pai, apenas com um exemplo, mas eu tive que aprender sozinho muitas coisas, e então cresci sem contato com outras pessoas, estudava na SDE com alguns professores que trabalhava lá. Aos meus 18 anos, consegui meu dinheiro e comprei esse apartamento, mas mesmo tendo o livre acesso ao mundo, algo que eu também tinha na sede, eu nunca me enturmei ou algo do tipo, mais aos 19, em uma viagem para Itália em uma missão, conheci Bea, fiquei na Itália durante 1 ano e quando voltei para cá, começamos a namorar, namoramos durante 4 anos, e eu admito que era apaixonado por ela, mas nunca conseguira demonstrar isso, eu nunca consegui ser livre com meus sentimentos e emoções e talvez isso pode ter estragado minha vida.
Saio do banho e visto uma calça moletom, vou até a sala e sento-me no sofá, encaro uma foto minha e dos meus pais quando eu tinha 9 anos, dias antes do acidente, recorde-me dos momentos juntos e tudo que vivemos juntos, mas isso não passa de lembranças, as quais eu nunca irei esquecer.
- Sinto a falta de vocês.- dou um beijo na foto e me levanto.
Desligo as luzes e vejo se a porta está trancada. Preciso de uma cama, ela noite foi longa demais.
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Vidas Duplas
RomansaSamantha Milles, é uma jovem de 17 anos que vive uma louca vida dupla. Seu pai, Dalth Milles, é dono de uma empresa de espiões, mas já é aposentado nessa área, mas Sam continuou ao lado de seu tio Oliver e de seu parceiro Jonny. Sam é como uma adole...