Capítulo 24

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Jonny

Uma luz forte coça meus olhos quando tento abri-los, tento erguer-me um pouco, mas a dor invade minha cintura subindo pela costela me lembrando do tiro que havia levado por Oliver, olho de um lado para o outro a procura do médico, mas percebo que estou na sala de enfermagem da SDE. Olho pela a porta semi-aberta e vejo Oliver conversando com alguns agentes, e então uma sombra tampa o pequeno vão que havia abrindo a prota. Samantha adentra a sala segurando dois copos na mão e um livro na outra enquanto conversa com alguém no celular, ela fecha a porta e se vira ainda não percebendo que eu havia acordado, ela deixa o livro sobre uma mesa e desliga o celular se virando pra mim.
Seus olhos são tomados por um tipo de saudade e alívio quando me vê com os olhos abertos. Ela corre e pula encima de mim, me abraçando.

- Sam... Minha cin...Sam...- gaguejo e gemo de dor quando ela me aperta.- Sam, o tiro!- dou grito, não muito alto e ela se solta.

- Desculpa!- ela sorri com os olhos marejando.- Meu Deus, você acordou!- ela sorri mais, se é que é possível.

- A quantos dias estou desacordado?- digo me erguendo.

- Há 3 horas.- ela sorri meia desajeitada.

- Ah...- exclamo e rio dela.

Oliver adentra a sala e me encara, seu olhar era de alívio, mas sua postura era de alguém que usava uma forte armadura, ela fecha a porta e ae aproxima, Sam sorri para ele e ele apenas continua a me olhar, ele então apenas pede para que nos deixe à sós, ela hesita no começo não querendo sair, mas Oliver a repreende e então ela sai irritada.
Oliver andava pela sala esperando que Sam saísse por completo, o andar dele, sua cabeça abaixada e sua cara de perturbado me incomoda. Ele para de frente para mim, com as mãos na cintura e a cabela baixa.

- Por que?- ele levanta a cabeça olhando para mim.- Por que me salvou? Por que se jogou na frente da bala? Você podia ter morrido!- ela diz calmo.

- Eu...eu não pensei, eu só fui.- digo sem olha-lo.- foi automático.- agora o olho.

- Faria isso por qualquer pessoa então?- ele pergunta.

- Eu... Eu...- gaguejo tentando achar as palavras certas.

Óbvio que não me atiraria na frente de uma bala por qualquer um, por uma criança talvez, ou por Sam, mas por qualquer outra pessoa talvez eu não teria coragem. Encaro-o enxergando a confusão em seus olhos.

- Não.- repondo.- não faria isso por uma pessoa qualquer.

- Por que fez por mim? Depois de tudo que eu fiz?- ele faz gestos com as mãos.

- Mas foi por isso que fiz.- o encaro.- por tudo que você fez durante esses 10 anos, você me criou, me deu um lar, uma família, não uma família perfeita, mas me deu pessoas importantes. E-eu...- gaguejo tentando reprimir as lágrimas.- eu não sei o que podia ter acontecido comigo depois que fugi daquele orfanato, ou quando me levaram de você. Eu sei que eu errei sobre o seu pai, se você quiser pode me prender novamente, mas não se esqueça que agora eu só tenho a você e a Sam, e você só a nós dois, acredito que seja difícil fazer, mas não me afaste, não me ignore, sou sua família e você é a minha.- as lágrimas rolam desesperadamente pelo meu rosto.

Oliver mantem sua cabeça baixa encarando seus pés, sua expressão agora é dificil de se descrever, mas ele não parece nada bem, parece confuso, magoado e atordoado.

- Não foi você.- ele diz.- Não foi você que matou meu pai.- ele ergue a cabeça. Eu arregalo os olhos tentando entender. Foi eu, eu estava nas gravações e lembrei-me das cenas.- Não foi você, Jonny. Você foi usado por um cara, Andrew Campbell, um dono de uma máfia, ele foi quem te drofou naquela noite, ele sabia que você trabalhava para SDE e era um alvo fácil já que era novato. Você foi usado.- ele me encara.

- E onde esta esse Andrew?- pergunto com raiva. Sinto a dor borbulhar como líquido em meu corpo.

- Morto.

- Vocês o mataram?- digo indignado.

- Não, ele se suicidou depois de ver sua filha de 4 anos morrer por uma bala perdida.- ele diz cabisbaixo.

- Eu diria bem feito, mas isso é terrível...- digo imaginando a cena.

Balanço a cabeça tentando afastar as cenas teóricas criadas pela minha imaginação. Levanto me com muita dificuldade, tento ignorar a dor. Oliver me olha assustado tentando enteder o que estou fazendo, ando até ele com muita dor.

- Obrigado.- digo.- obrigado por ser um irmão mais velho ou um pai que eu nunca tive.- sorrio sem jeito.

Oliver apenas me abraça, eu dou uma gemida de dor, mas abafo quando me junto ao seu abraço e escondo meu rosto em seu ombro.

- Me perdoa por ter duvidado de você, Jonny.- me solta.- Eu sempre tive orgulho de você, pirralho.- ele bagunça meu cabelo.

Voltamos a nos abraçar.

2 semanas depois...

Samantha

- Estamos aqui para nos despedir de duas lindas almas que se amaram por anos, hoje iremos dizer adeus a pessoas boas que amamos ou que aprendemos a amar. Dalth Milles e Elisa Milles eram pessoas maravilhosas que serão lembrado por gerações entre nós. Digam adeus para quem um dia lhe fez sorri.

Jonny e toda a equipe se aproxima ao túmulo guiando a marcha dos nossos soldados da SDE, seu rosto esta molhado, é visível a tristeza em seu olhar, ele chora como uma criança, mas sabe se controlar, ele para a tras do caixão e de frente para todos nós. Ele demora alguns segundo antes de dizer o que deve ser dito quando alguém da SDE morre, mas todos parece compreende-lo pois se mantém em silêncio como forma de respeito.

- VIDA LONGA AO NOSSO GUEIRRO.- ele grita com sua voz firme e grossa.

- VIDA LONGA AO NOSSO GUERREIRO.- os soldados gritam em seguida.

- VIDA LONGA A MINHA GUERREIRA.- grito sozinha e choro ao ler o nome da minha mãe sobre o túmulo.

Oli segurava uma caixinha com as cinzas de meu pai e eu as cinzas da minha mãe, solto as deixando as voarem e Oli faz o mesmo, me viro chorando e me encondendo entre os braços de Oli, percebo ele fazendo um sinal para Jonny que desfaz a sua postura e corre até a mim, Oli me solta e me entrega a Jonny, me entrelaço em seus braços sentindo seu cheiro e uma lágrima de seu rosto cai em meu cabelo, ele suspira e passa a mão em meus cabelo.

- Vai ficar tudo bem, eu prometo!- ele sussurra e começa a chorar.

Aqui estou eu, no velório dos meus pais, jogando suas cinzas por aí, abraçada ao cara que esteve ao meu lado desde que eu era pequena, chorando feito uma criancinha. Eu não tenho mais ninguém, só me restara Jonny e Oli agora, eu havia perdido uma parte de mim, uma metade de mim esta morta, e esta como cinzas voando pelo ar. Como irei viver sem a risadas de minha mãe e os mandamentos de meu pai? Quem é a Little S sem seu chefe de luta? Quem é a melhor confeiteira de bolo sme sua professora? Quem era uma filha sem seus pais?

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