Prólogo

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Prólogo
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ALMA DE LOBO
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"Nem todos os monstros fazem coisas monstruosas."
-Teen Wolf.

               
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(6 anos atrás)

Era uma tarde de domingo gelada em Banff, mamãe estava preparando a cesta de alimentos que levaríamos para o nosso piquenique em Lake Louise. Era o aniversário de Spike, nosso cão. A ideia de comemorar o aniversário de Spike em Lake Louise foi minha, mas meu pai não concordava em dirigir meia hora nas pistas congeladas de Banff só para comemorar o aniversário do cão, porém, como minha mãe que dava as ordens, e ela concordava comigo, ele não teve escolha.

"Não consigo entender o porque de fazer um aniversário para o Spike." Disse meu pai encostado na porta da cozinha enquanto girava as chaves do carro por entre os dedos.

"Deixe de drama, Elliot. Vamos apenas comemorar o aniversário do Spike, e essa é uma ótima desculpa para darmos um passeio. Já faz tempo que não saímos de casa."Disse a minha mãe enquanto ajeitava uma toalha de mesa dentro da cesta velha de piquenique.

Eu estava sentada em cima do balcão gelado de pedra da cozinha, enquanto observava o senhor e a senhora, Elliot e Marta Mathieu Le Roux , conversando sobre o custo da gasolina e outras baboseiras de adulto. Eu tinha 8 anos na época, eu não ligava pra nem metade do que eles estavam falando, eu estava prestando atenção mesmo era na torta de maçã que estava em um pote de plástico transparente com desenhos de joaninhas, em cima da bancada, bem ao meu lado. O cheiro da calda doce com pedaços de maçã e canela penetravam minha alma e se fixavam na minha cabeça como adesivos. Eu nunca mais esqueceria aquele cheiro maravilhoso.

"Kate amor, pegue a câmera fotográfica no quarto da mamãe, vamos levar para tirar algumas fotos."

"Tá bom mamãe."


Puxei um dos bancos de madeira que ficavam ao lado da bancada com o pé, trazendo-o para perto de mim, servindo de apoio para que eu pudesse descer.

Saí da cozinha correndo e subi as escadas com muita velocidade. Eu me sentia uma pilota de formula 1 em uma Ferrari andando a 200 por hora, quando na verdade não chegava nem a 20, mas o que valia era a intenção, não é?
Eu sempre fui mais forte e mais rápida que as outras meninas, e sempre um pouco "maiorzinha". Nunca entendi o porque. Minha família toda tem descendência francesa, e quase todo mundo é magro e alto, tem olhos verdes e cabelo castanho claro, quase loiro, já eu não! Que sacanagem...
Minha mãe diz que alguns parentes da mãe dela eram assim como eu, e que eu não deveria me sentir mal.

 Cheguei ao topo da escada, e, por mais incrível que pareça, eu não estava cansada. Nem suada. Nada. Eu me sentia como uma Super Heroína, como aquelas que usavam biquíni nas revistas de "super heróis" que tinham no fundo do guarda roupa do papai.

Andei devagar pelo corredor, cantarolando uma música qualquer, cuja eu não sabia a letra, mas mesmo assim dava um jeito de soltar alguns sons sem sentido no ritmo dela com a minha boca. No chão de madeira do corredor, havia um tapete fino, cor de palha, ou melhor, papel envelhecido, mas para mim, estava mais para um tapete branco que encardiu, ou algo do tipo.

 Nas paredes branco gelo, haviam fotos da família, um bando de gente que eu não conheço. Tinham poucos ali que eu sabia o nome, mas era só isso mesmo. No teto haviam algumas lâmpadas que ficavam dentro de cápsulas transparentes presas com pregos. Eu me perguntava se aquilo poderia cair na minha cabeça a qualquer instante.

Alma de Lobo (EM REFORMA)Onde histórias criam vida. Descubra agora