Alma de Lobo (EM REFORMA)

Capitulo V

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Capítulo 5
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ALMA DE LOBO
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Jason

Eu me sentia culpado. Culpado por tudo o que estava acontecendo com Kate. Lá no fundo eu sabia que era errado. Eu sabia que uma hora eu teria que contar o meu segredo. Mas eu estava com medo de perde-la. Ela foi a única pessoa que eu já amei. Eu não saberia como lidar com a sua perda.

Acordei angustiado naquela manhã. O dia amanheceu mais quente do que o normal. Eu já tinha um calor excessivo dentro de mim, mas com altas temperaturas a coisa toda piorava. Tirei a minha camisa com o intuito de me refrescar, mas não adiantou muita coisa.

Connor e Ryan dormiam nas camas ao lado, e eu me esforcei ao máximo para não fazer barulho. O que não funcionaria,
pois nossas audições aguçadas nos permitiam escutar até frequências de rádio.

Connor foi o primeiro a acordar. Ele era o mais novo de nós três. Inexperiente, ainda sofria com as transformações. Connor tinha 14 anos.

Ele abriu os olhos devagar, ainda sonolento. Olhou para mim e depois voltou a dormir.
Eu entendia o que ele estava sentindo. A primeira transformação é cansativa e extremamente dolorosa. Provavelmente ele não iria à aula naquele dia.

Ryan nem se mexia. E também não iria à aula naquele dia. Ryan era o nosso irmão mais velho, tinha 17 anos e já tinha dominava as suas transformações. Porém, ainda sofria com as dores.

Nem me dei o esforço de arrumar a cama. O calor era tanto que eu pensava que ia entrar em combustão espontânea. Fui para a cozinha pegar um copo de água gelada para beber e tentar me refrescar. Mas não funcionou. No desespero, tomei uma ducha fria, que acabou por fazer efeito. Coloquei uma blusa batida, uma calça jeans socada e meu converse velho, tomei meu café e fui para a escola na picape preta de Ryan. Nós vivíamos por conta própria, sem responsáveis, tanto na forma de lobo quanto na humana. Ryan era quem cuidava da gente. Isso quando nós não cuidávamos uns dos outros. Nosso lar era uma cabana no meio da floresta, próxima ao Lake Louise. Como nós assumíamos a forma humana apenas no verão, a casa em que ficaríamos não era a maior prioridade.

No caminho para a escola, fiquei tentando pensar em como contaria para Kate o que tinha acontecido na noite do acampamento. Ela precisava saber. Mas lá no fundo, eu queria não contar.

Era uma segunda-feira normal em Banff. A escola estava pouco movimentada, e depois do incidente do acampamento vários alunos faltaram naquele dia. Kate provavelmente não iria à aula também. Isso seria ótimo, pois eu não teria que contar para ela naquele dia.

Estacionei o carro na entrada da escola, peguei a minha mochila e saí do carro. Meu pesadelo se tornou realidade. Assim que eu abri a porta do carro ela estava passando. Seus cabelos castanhos brilhavam enquanto refletiam a luz do sol. Por que era tão linda? Eu não podia resistir à ela. Kate era a minha salvação, mas também, a minha perdição. Nosso amor era errado. Muito errado. Nossa espécie era praticamente imune aos sentimentos humanos, com o amor não era diferente. Ou era?
Ryan dizia que era impossível um da nossa espécie se relacionar com uma humana. Não daria certo. As diferenças eram muito grandes. Imagine um filho de um de nós com um humano? Seria um lobo doente. Não sobreviveria a 2 meses de vida. Mesmo sabendo dos riscos, eu não conseguia abrir mão de Kate. Ela me completava. De todas as maneiras possíveis.

-Kate?

-Jason!

Kate se virou e veio correndo me dar um abraço. Sua pele era macia, e seu toque era relaxante. Me sentia acolhido em seu abraço.