Dor.

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  Chorando durante todo o caminho, Saimon e Daniel foram ao hospital, seus corações doíam tanto que até se esqueceram de suas dores no resto do corpos, durante todo o momento que passavam com o médico, eles pareciam estar em outra dimensão, Saimon era o que mais sofria, Bruno e Miguel eram a família dele, sempre estavam por perto quando ele precisava, o faziam rir, cuidavam dele, com se fosse seu filho, parecia que tudo tinha desabado e só restava dor.

  Dois dias se passaram após o ocorrido, Saimon não falava nada, não comia, apenas ficava sentado em um canto chorando. Os corpos foram encontrados, Miguel e Bruno ainda se abraçavam, mesmo tendo sido arremessados longe com a explosão, seus lábios sorriam, como se não sentissem dor.

  Assim que soube da notícia Helena entrou em desespero, foi o mais rápido possível confirmar o que havia acontecido, ela precisou de calmantes para conseguir se manter, Sara também soube e o tempo todo parecia não acreditar e se odiar por fazer parte daquilo.

  No dia do enterro, Saimon ficou parado no canto do cemitério, não tinha coragem de ir enterrar duas pessoas que ele tanto amava, Daniel tentava o consolar, mas acabava se desesperando e caindo em prantos, não havia como sorrir naquele dia.

  Uma semana depois, Saimon estava em casa com Daniel, mas ainda se mantinha em estado de pura tristeza e solidão, na esperança de o fazer melhor, Daniel pegou as comidas favoritas do rapaz e levou na cama logo pela manhã, ainda mancando por causa do ferimento na perna.

- Bom dia meu amor, trouxe seus alimentos favoritos, você precisa comer. -afirmou indo se sentar ao lado dele e colocando a bandeja com cuidado na cama.

- Não quero comer.

- Saimon... -Daniel mordeu o próprio braço tentando conter as lágrimas. - Sei que está sofrendo... eu também... -ele não consegui se segurar e desabou em lágrimas. - Pode parecer egoísta... mas nós estamos vivos, precisamos continuar, eles nos salvaram, vai mesmo desperdiçar a chance que eles nos deram?

- Na verdade eu que sou egoísta, deveria ter ficado com eles, ou deixado eles irem com você e ficado... -Saimon também chorava muito.

- Sabe que eles jamais deixariam você ficar, nunca, a culpa desde o começo foi minha, deveria ter ido no mercado com vocês para começo de conversa, deveria ter resistido mais um pouco, se eu não estivesse sangrando tanto, se eu tivesse sido mais forte, talvez pudesse tirar aquela arma dele ou... -Daniel falava rápido, Saimon entendeu que não era o único sofrendo e se torturando por não ter feito mais naquele dia.

- Não diga isso! Você deu seu sangue naquele dia, não tem culpa de nada! -Saimon abraçou ele. - Ok, eu vou comer, mas saiba que nunca mais serei o mesmo de sempre, acho que nunca mais vou sorrir...

- Não importa, vou continuar insistindo em você, tendo esperança de ver seu sorriso de novo. -Saimon comeu um pouco, bem devagar.

- Me lembro do Miguel pintando, enquanto Bruno observava atento a cada detalhe, eles falavam das cores, Miguel tinha uma paixão imensa por elas, dizia que tudo tem sua cor, meu irmão sempre o ficava olhando atento e admirado, a cada momento eles pareciam mais unidos... espero que estejam juntos, seja lá para onde foram...

- Para um lugar muito bom com certeza, eles eram incríveis, estão em paz agora! -Saimon deu um leve sorriso tentando criar dentro de si uma imagem de Bruno e Miguel felizes em algum lugar longe da terra.

- Obrigado por estar aqui, se não fosse você, juro que já teria me atirado da primeira ponte que encontrasse.

- Jamais permitiria, Saimon, um dia nos vamos conseguir superar isso, sempre lembraremos deles, mas como coisas boas que infelizmente não vão voltar, vamos construir um futuro com outras coisas boas, por eles.

- Espero que esteja certo, pois meu sofrimento é tão grande que não consigo ver o futuro.

- Vai ver, nós vamos ver!

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