Capítulo 9 - O Quadro

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  Estacionei o jipe na garagem, desliguei o motor, abri a porta e afastei o banco para Lilly descer. Ela foi a primeira a entrar em casa, enquanto eu e Lucas tirávamos as sacolas do jipe. Fechamos as portas e acionei o alarme. Lucas colocou algumas telas e algumas sacolas no chão, enquanto abaixava a porta da garagem.

Entramos em casa e Celine já estava preparando o jantar. Lilly estava na cozinha, e ao que parece, levando uma bronca daquelas. Quando eu e Lucas entramos na cozinha, Celine olhou para nós com a cara vermelha de raiva.

— Finalmente os três chegaram! — Celine cruzou os braços nos encarando — Por que vocês não avisaram que iriam chegar tão tarde? — perguntou ela furiosa — Já passaram das seis da tarde, vocês podiam ter ligado.

Automaticamente, nós três colocamos as mãos na cabeça. Os celulares, nenhum de nós lembrou-se de usá-los.

— Sabe, eu não comprei os celulares para ficarem guardados — agora Celine olhava para a panela no fogão. — Eu liguei várias vezes nos celulares dos três, mas nenhum de vocês atendeu. 

Novamente, nós três pegamos os celulares ao mesmo tempo. Celine ligou mais de cinco vezes no meu. Ela nos deu os telefones na esperança de ajudar em nossa comunicação, mas parecia que nenhum de nós estávamos acostumados com aquelas coisinhas.

Depois de levarmos um longo sermão, de mais ou menos meia hora, Celine nos perguntou como foram as compras. Eu contei que compramos tudo que precisávamos e foi aí que Lucas me interrompeu.

— Sabe, Celine, a Grace arranjou um namorado — disse ele, rindo.

— Namorado!? Quem é ele? — perguntou Celine, com os olhos arregalados.

— O nome dele é Paul — disse Lilly.

— Ele não é meu namorado. Ele só me ajudou quando eu caí — disse, sem entusiasmo.

— Ele é bonito? — perguntou Celine.

— Ele é bonito, só que não é como Vincent. Acho que eu nunca vou conhecer alguém tão bonito quanto ele — disse Lilly, aos suspiros.

— Você disse que o nome dele é Paul, não seria o nosso vizinho, seria? — perguntou Celine curiosa.

— Sim! É ele mesmo — disse Lilly.

— Ah! Ele é um rapaz muito bonito! Acho que ele tem uns 22 anos, parece ser um bom rapaz, ao menos tem cara — disse Celine, rindo — Sabe, Grace, ele não seria uma má ideia, acho que vocês formariam um belo casal.

A ideia de namorar me causava arrepios. Eu comecei a xingar Lucas por sua boca grande, mas Celine nos pediu para nos lavarmos para o jantar. Mais uma vez Lilly e Lucas brigaram pelo banheiro, mas desta vez quem chegou primeiro foi Lucas.

Eu fui até o sótão, guardar as minhas telas, pincéis, tintas e o godê. Já que Lilly e Lucas ficaram pelo menos umas duas horas brigando por causa do banheiro.

Então, resolvi arrumar o sótão.

Desci as escadas e fui até a lavanderia, que ficava ao lado esquerdo da cozinha. Peguei um balde com água, um pano de chão, o rodo, desinfetante e uma flanela para tirar o pó. Voltei para o sótão.

Empilhei as caixas em cima da penteadeira. Coloquei o desinfetante no balde e mergulhei o pano de chão. Comecei a passar pano. Aquele lugar estava mesmo empoeirado, tive que passar o pano três vezes. Do lado direito do sótão estava aquela mesa velha. Passei a flanela para retirar o pó e depois passei um pano úmido com desinfetante para retirar o cheiro.

Empurrei a mesa mais para o centro e coloquei as telas e todos os meus instrumentos de pintura em cima. Tirei da penteadeira as caixas e as empilhei ao lado da mesa. Cinco caixas tinham nossas fotos, mas havia uma caixa extra. Eu tinha me esquecido completamente dela. A caixa tinha alguns pertences meus, as poucas coisas que consegui trazer da Grécia.

Lua Escarlate (Água/Vinho)Onde histórias criam vida. Descubra agora