Subi o mais rápido que pude, mas para o meu azar, acabei tropeçado no último degrau. Ao chegar no quarto não sabia se ria ou não. Lilly estava em cima de Lucas. Ela havia prendido suas pernas em torno do tronco dele, enquanto puxava seus cabelos. Lucas tentava se levantar da cama, mas sem muito sucesso, tentava derrubar Lilly da cama.— Sai de cima de mim, pirralha! — xingou Lucas.
— Eu saio, quando você me devolver o meu iPod — disse Lilly, dando mais alguns socos na cabeça de Lucas.
— Pela milésima vez, eu não peguei! — nessa mesma hora, Lucas por fim consegui se libertar, jogando Lilly de costas no chão.
Antes que Lucas pudesse se levantar, Lilly já estava novamente em cima dele. Dessa vez, Lucas caiu sobre a escrivaninha, jogando todos os seus CDs no chão. Aquilo já era demais. Nós não possuímos tantas coisas, e as poucas que tínhamos, Lilly e Lucas estavam destruindo.
Puxei Lilly com toda a força que possuía encostando-a na porta. Lucas já estava se preparando para dar o troco, então peguei uma raquete de tênis que ficava ao lado da porta e dei-lhe uma raquetada na cabeça.
— Ai! Por que você fez isso? Primeiro a Lilly, agora você! O que eu fiz pra merecer esse tratamento? — perguntou Lucas, enquanto massageava a cabeça.
— Você ia avançar na Lilly, pensei que uma raquetada fosse colocar algum juízo nessa sua cabeça — disse bem séria.
Sem perceber afrouxei o aperto em torno de Lilly e ela mais uma vez avançou em direção a Lucas, mas a raquete continuava em minhas mãos. Então dei uma raquetada em Lilly também.
— Ai!, Grace, você ficou maluca? — perguntou Lilly de cara feia.
— Foram vocês dois que ficaram malucos! Todos os dias é uma briga diferente. É pelo banheiro, pelo quarto maior, pela comida. O que há de errado com vocês dois? — perguntei super irada. Mas foi Lilly quem respondeu a minha pergunta.
— Nós estamos cansados de ficar presos aqui, já fazem duas semanas e ainda não podemos sair de casa — disse Lilly aos suspiros.
— É Grace, quando é que nós vamos ter permissão para deixar esta prisão? — perguntou Lucas extremamente irritado.
— Hoje! seus dois paspalhos! Mamãe, quer dizer, Celine me pediu para comprar algumas coisas na cidade e levar os dois, pois também compraremos o material escolar de vocês.
Ao dizer isso, senti um arrepio percorrer o meu corpo. Eu, assim como meus irmãos, também não tinha saído de casa, mas ficar presa não me incomodava muito. Na verdade, não me incomodava em nada, eu preferia mil vezes ficar presa no sótão olhando a rua da pequena janela, do que vê-la do lado de fora.
Mas agora, eu já não podia evitar o inevitável. A ideia de interagir com as pessoas me deixava enjoada. Lilly e Lucas começaram a chamar o meu nome, me libertando dos meus pensamentos.
— Grace, você está bem? Você está tão pálida — Lucas e Lilly olhavam para mim com uma extrema curiosidade.
— Acho que preciso me sentar — puxei a cadeira da escrivaninha. Minhas mãos tremiam e eu estava suando frio.
— Grace, o que há de errado? — Lucas olhava para mim muito preocupado. Acho que foi a primeira vez que o vi assim.
— Acabo de perceber que hoje vai ser a primeira vez, que vamos sair de casa e conhecer pessoas — a última palavra saiu quase como um sussurro.
— Grace, não se preocupe tanto assim, ou vai ter um ataque cardíaco — disse Lucas, aos risos — se bem, que eu acho que o Viktor fez um ótimo trabalho, ninguém vai suspeitar. Se não me engano, já passamos a fase de transição, não há o que temer.
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Lua Escarlate (Água/Vinho)
RomanceLua Escarlate é uma série de três livros, que contam a história da Família Saint-Claire (Uma família de ex-vampiros), que foge da Grécia e se muda para a cidade de St. Helens, no estado do Oregon. Os Saint-Claire desejam um novo recomeço, mas eles s...