Capítulo 10 - Um Fantasma do Passado

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Eu continuava deitada quando senti um cutucão nas minhas costas. Pensei que talvez fosse apenas a minha imaginação ou eu estava sonhando.
Me mexi um pouco, mas continuei deitada com os olhos fechados, então, senti outro cutucão. Abri lentamente os olhos e Lilly estava sentada na minha cama com os olhos arregalados. Me sentei para ver melhor seu rosto, parecia que alguma coisa tinha acontecido com ela.

— Lilly, o que aconteceu? — perguntei, tentando decifrar seu rosto — Você está pálida! Está doente?

— Não! Quer dizer, mais ou menos — disse ela, com a voz assustada — É que aconteceu uma coisa, eu... — ela interrompeu a frase e abaixou os olhos.

— Lilly, se não me contar, vou pensar que é alguma coisa grave — coloquei as mãos em seus ombros — Seja o que for, sabe que pode me contar.

— Acho que você precisa comprar uma coisa para mim — Lilly ainda olhava para baixo.

— Está bem! O que é? — perguntei confusa.

— Preciso que vá a farmácia comprar uns absorventes — quase que não a ouvi falar, parecia que ela estava falando algum tipo de palavrão.

— Então foi isso que aconteceu? — perguntei, sorrindo — isso não é nada, acho que isso é um bom sinal, significa que você está realmente crescendo.

— Você fala isso, porque não é com você — agora ela olhava para mim com raiva — Você que é feliz, que não precisa passar por isso.

— Lilly, você não faz ideia de como eu queria que isso estivesse acontecendo comigo — disse, tentando esconder minha decepção — Sabia que isso significa que você pode ter filhos?

— Não exatamente, eu já li em alguns livros, que mulheres tem essa droga e não podem ter filhos — disse Lilly brava.

— Eu sei, talvez você possa ter filhos — disse ainda sorrindo — você precisa que eu te explique como essa droga funciona?

— Não! Eu li em alguns livros na casa do Viktor — disse ela, bufando — Acho que você precisa também comprar algum remédio para dor.

— Acho que tem algum remédio para dor no armário da cozinha.

Levantei da cama e desci as escadas. Cheguei na cozinha e procurei no armário, por sorte achei um frasco de dipirona. Peguei um comprido e um copo de água.

Quando cheguei no meu quarto, Lilly estava observando o quadro, que estava na penteadeira. Ela o segurava nas mãos, fiquei pensando se ela também reconhecera o menino. Lilly agora sentira a minha presença, ainda com o quadro nas mãos ela se virou e me encarou, parecia que ela, assim como Celine, reconhecera o menino.

— Ele é... ele é... — Lilly gaguejava — Grace ele te reconheceu? — perguntou ela, com um olhar preocupado.

— Ele apenas acha que já me viu antes — suspirei — Mas ele era muito novo, não acho que ele vá nos causar problemas.

— E as pessoas dizem que o mundo é bonito, mas para mim ele é uma droga!

Lilly realmente adquiriu o humor negro daqueles dias. Se ela com a primeira menstruação, já ficou rabugenta, imagina como ela iria ficar com as semanas seguintes?

Dei o remédio para Lilly e pedi para que ela se deitasse até a dor passar. Troquei de roupa, parecia que estava um pouco frio, então, vesti uma calça jeans, uma camiseta preta e uma jaqueta de moletom azul, amarrei o meu cabelo em um rabo de cavalo e fui ao banheiro. Escovei os dentes, depois peguei a minha bolsa e as chaves de casa.

Lua Escarlate (Água/Vinho)Onde histórias criam vida. Descubra agora