Capítulo 4

886 65 3
                                    


Dária jogou a cabeça para trás, batendo contra a parede atrás de si. A ligeira dor pouco a incomodou. Um gritinho escapou de sua boca e ela mordeu os lábios, cortando-os. Sentiu o gosto agridoce do seu próprio sangue nas gotas que caíram em sua língua. Agarrou com força os braços da cadeira, deixando a marca de seus dedos na madeira.

Sentiu a língua roçar em seu clitóris e estremeceu com o toque. Abriu mais as pernas por reflexo, para que a cabeça da mulher entre elas se ajeitasse melhor.

Com uma das mãos, puxou as camadas de tecido da sua saia para cima, a fim de poder ver Anne melhor. Com a outra, puxou para trás os cabelos cacheados que caíam sobre suas coxas.

A mulher ergueu o rosto e sorriu o ver a boca semiaberta e os olhos virados para cima de sua senhora, que logo soltou um resmungo pelo beijo íntimo ter parado. Então, curvou-se novamente e soprou um ar quente que fez Dária se contorcer. Passou um dos dedos sobre a região úmida, antes de deslizá-lo para dentro. Tão molhada.

O dedo entrava e saía rapidamente, fazendo Dária mexer os quadris, rebolando na cadeira. Gemidos escapavam por seus lábios entreabertos.

Anne sentia-se tão feliz em poder servi-la, tocá-la. Sempre gostara mais de mulheres e, quando sua família a deserdou por isso, acreditava que sua vida estava acabada, até a bela dama salvá-la. Como teve sorte.

Deslizou a mão livre pela parte interna da coxa de Dária, que possuía uma pele sedosa apesar de fria. Então curvou-se a fim de retomar de onde havia parado...

O som singelo de algo caindo chamou atenção de Dária devido à sua audição aguçada. Mas logo seria ignorado caso não viesse seguido de um grito estridente.

Ela se levantou e no instante seguinte Anne não viu mais a sua senhora. Se não fosse pelo gosto dela ainda em sua boca, juraria que estivera sozinha o tempo todo. Não havia como alguém se mover tão rápido assim. Por mais que amasse, não duvidava dos boatos que diziam que a bela dama não era humana. Anos se passaram desde o dia em que se conheceram e Anne podia jurar que sua senhora não havia envelhecido um único dia.

Cassandra estava com os olhos arregalados, as mãos tremendo e algo parecia ter bloqueado a sua garganta, tornando o ato respirar algo custoso. A bandeja que carregava há poucos segundos encontrava-se no chão, a comida havia se espalhado e as taças para o vinho quebraram-se em mil pedaços.

Ainda que sob a luz propositalmente fraca do quarto, ela podia ver os corpos das garotas que conhecia bem, estirados sobre a cama, nuas. Chloe e Alexia eram boas garotas, apesar da vida que levavam. O que diabos havia acontecido com elas, pareciam múmias, com a pele seca. O peito delas não subia e descia, sinal que não respiravam mais.

– O que está acontecendo aqui?! – Dária entrou no quarto como um furacão, sem que Cassandra notasse sua presença. E o grito que soltou foi suficiente para fazer a pobre senhora pular.

A dama encarou a mulher tão pálida quanto a saia branca que usava. Não entendeu o motivo de tudo aquilo até que seus olhos buscaram a direção dos de Cassandra, e se deparou com duas de suas garotas. Morte era algo que conhecia bem.

Deu passos lentos até a cama e avaliou bem os corpos. Tirou o próprio cabelo ao redor do rosto e jogou-o para trás, para ver melhor o estado delas. Não havia sangue em nenhuma parte, nenhuma gota sequer. Mesmo que não estivesse visível não passaria despercebido por seu olfato. Passou a mão pelo braço de Chloe: estava seco, as bochechas do rosto da garota antes fartas haviam encolhido para dentro. Quem fez isso não era humano, Dária logo concluiu. Mas seja lá o que fosse não era como ela, pois aqueles corpos não pareciam estar sem sangue, mas sim sem alma.

Do Sangue Ao Desejo (Desejos Sombrios 1) - DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora