Capítulo 10

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Aron se virou na cama, sabia que já passara da hora do almoço. Contudo a neve fina que caía lá fora era um motivo a mais para permanecer ali, ou apenas uma desculpa.

Chegara em casa tarde. Andou pelas ruas da capital inglesa durante horas a fim de evitar o interrogatório das irmãs. Natasha riria dele, contudo no fundo ela tinha um pouco de razão. Nunca precisou se esforçar demais, vencer gritos ou ameaças. No entanto, o que sua irmã do meio jamais entenderia era que Aron estava instigado com aquilo. A teria, não importava o esforço que tivesse de fazer...

O duque estava tão perdido em pensamentos que mal notou a presença de uma criada no quarto, apenas se deu conta quando essa deixou cair um garfo de prata. Ela logo se ajoelhou para pegá-lo às pressas, o barulho fez Aron erguer a cabeça. A garota se virou para ele com os olhos arregalados, estava prestes a pedir desculpas quando os lábios do lorde se curvaram em um gentil sorriso. Fosse lá o que havia de errado com aquele homem e o restante de sua família, encará-lo tornava qualquer preocupação insignificante.

Ela levou as mãos até a boca para conter um gritinho quando ele se levantou da cama. Nada cobria o corpo do homem, que parecia ter sido pintado. Os olhos da moça se perderam em cada curva que o desenhava. Ela suspirou, alguém tão belo deveria ser divino.

Suas bochechas se coraram de imediato e ela desviou o olhar, tentando focar na mesa que punha para ele. A visão do pênis ereto a deixou sem fôlego, tornando sua respiração mais urgente.

Aron observou o desconforto da criada e abriu mais o sorriso, achando um pouco de graça naquilo. Caminhou até a pequena mesa e apoiou-se nela, ficando bem próximo da jovem. Tal atitude a deixou ainda mais desconcertada.

– Ele fica assim pelas manhãs. – O duque lançou um olhar travesso ao pegar um dos morangos em uma travessa e levá-lo a boca. Anisha estava tão hipnotizada que desejou ser aquela fruta.

Olhando fixamente para ele, a criada movimentou o braço sem querer, esbarrando em um pote de geleia e fazendo-o ir ao chão. Mas por sorte Aron o pegou em pleno ar. Ele era tão ágil.

Anisha respirou fundo, tentando recobrar o pouco de juízo que ainda lhe restava. Estava tão deslumbrada pelo duque que não conseguia ao menos disfarçar. Precisa deste emprego, contenha-te! Tentou se concentrar em outra coisa, desviou o olhar em direção a uma das grandes janelas que havia aberto há pouco. Lá fora a neve caía fina, tingindo a grama de branco. Será que o lorde não estava com frio?

– Estás bem?

O corpo da moça se enrijeceu quando sentiu a mão cálida dele sobre a sua. Bem?! Se estava antes, agora definitivamente não mais. Seus olhos voltaram a fitar os do lorde, dessa vez pareceu impossível fugir deles. Agarre-me! Ela se conteve para não implorar.

Sempre o observara de longe, era o homem mais belo que já vira na vida e era nobre. Decerto enchia os pensamentos fantasiosos de qualquer camponesa. Entretanto, Anisha sabia que ele não era um possível pretendente para ela, por mais gentil e simpático que o duque parecesse ser, ela não passava de uma criada...

– Estás pálida. – O toque dele interrompeu os pensamentos da moça.

– Perdão senhor, acho que preciso ir, depois volto para recolher o café. – Anisha, suando frio, tirou a sua mão de baixo da dele, e fez um enorme esforço para que sua voz não saísse tremida.

– E se eu não quiser que saias? – Aron envolveu-a pela cintura e pressionou-a contra seu corpo nu.

Meu senhor... – Anisha engoliu em seco. Seu coração disparou no peito. Sempre desejou um momento como aquele, mas nunca esteve preparada para tal. – Talvez devesse se vestir...

Do Sangue Ao Desejo (Desejos Sombrios 1) - DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora