Capítulo 8

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– Temos um convite da própria rainha para um baile. – Natasha entrou na sala rodopiando e sacudindo um papel em suas mãos. Os olhos dela brilhavam com uma excitação pouco comum. Seus cabelos negros estavam soltos e balançavam no ar.

– Um convite? – Isabel ergueu os olhos a fim de fitar a irmã e deixou sua xicara de chá sobre a mesa de centro à sua frente.

– A RAINHA! – Natasha deixou seu corpo cair sobre o sofá em meio a um suspiro. – Deverias ser o rei, Aron, e eu princesa da Irlanda.

– Rei? – O lorde fechou o livro em suas mãos e encarou-a, como se o que ela tivesse acabado de dizer fosse uma grande piada. – Somos bastardos. Nossa mãe seduziu o rei. Tivemos sorte por ganharmos um bom título e posses. Deixamos a Irlanda por chamarmos atenção demais. Imaginem só quantos questionamentos fariam a respeito de um rei que não envelhece ou mesmo morre.

Natasha curvou os lábios em meio a uma careta.

– És TÃO sem graça, Aron.

– Quando é o baile? – Isabel se aproximou da irmã.

– Amanhã à noite...

Um grito agudo interrompeu a conversa dos irmãos e os fez pular de susto. Natasha levantou às pressas e foi até a porta da frente do casarão.

Uma das criadas estava lá, boquiaberta, com olhos arregalados e pálida. A pobre tremia muito, parecia ter visto um fantasma.

– Anisha, o que aconteceu?

A jovem estendeu a mão trêmula e apontou para algo na entrada, deixado ali durante a noite.

Natasha levou a mão até a boca a fim de conter um grito de espanto. Aron e Isabel se aproximaram.

– Saia daqui agora, tudo ficará bem. – O lorde acariciou os ombros expostos da serviçal, fazendo um calor tomar conta dela. Anisha se sentiu calma e relaxada de imediato, quis abraçar o Duque, mas conteve-se e seguiu as ordens que lhe foram dadas, deixando o lugar.

– Eu amo essa mulher!

Aron observou a empolgação de Natasha, em seguida voltou-se para a cabeça jogada ao chão. Pobre entregador. O homem que havia pagado para levar um buquê à bela vampira que inundava seus pensamentos agora tinha as mesmas rosas enfiadas em sua boca junto a um bilhete que dizia: A próxima cabeça que arrancarei será a tua.

– Como podes gostar de tamanha crueldade? – Isabel olhou para a irmã com o canto do olho. – Precisas tirar logo isso daqui antes que mais criados o vejam.

– Podem ir, darei um jeito nisso. – Aron gesticulou com a mão para que as irmãs o deixassem sozinho, e em seguida abaixou-se próximo à cabeça e a observou por alguns minutos.

Decerto a ideia de agradá-la com flores não fora bem-sucedida. Se a vampira parecia odiá-lo no último encontro, a reação dela apenas deixava isso mais evidente.

Aron pegou a cabeça e vagarosamente caminhou até onde enterrava alguns dos corpos de suas vítimas, uma região discreta e afastada da propriedade dos Donovans.

A chuva caía fina e molhava as roupas do lorde, mas esse, pisando firme sobre a grama, mal parecia notá-la.

Mulheres gostavam de flores, entretanto, ainda que esse não fosse o caso. A reação dela lhe parecera mais pessoal. Embora estivesse claro o quanto a vampira o odiava, o Lorde parecia apenas se excitar com isso. Deveria haver alguma forma de chegar até aquele coração frio, tudo o que precisava era descobrir qual.

Do Sangue Ao Desejo (Desejos Sombrios 1) - DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora