Capítulo 6

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– Soaria mesmo ridículo sem a parte em que ela o botou para correr.

Aron virou a cabeça e viu Natasha entrar na sala. Estava contando a Isabel o que havia acontecido na noite passada e não sabia que a sua outra irmã estava por perto.

Isabel arqueou as sobrancelhas e encarou Natasha com o canto do olho, balançando a cabeça negativamente. Quis brigar com ela, por que era sempre tão indelicada?

– Desculpem-me se eu fui a única aqui que achou isso no mínimo hilário. – A súcubo caminhou até eles e sentou-se no sofá ao lado da irmã. – Um íncubo correndo de uma dama.

– Não sejas ridícula! – Isabel se irritou e algo começou a crescer em suas costas, forçando o tecido do espartilho ao ponto de quase rasgá-lo.

– Aqui não, acalme-se. – Aron segurou a mão dela.

– Desculpe-me. – Natasha tentou sorrir para a irmã. – Talvez eu tenha exagerado um pouco.

Isabel revirou os olhos e respirou fundo. Um pouco?

– Uma vampira? Interessante, nunca conheci um antes.

Aron encarou a irmã pensativa e não disse nada. A vampira já estava irritada com ele, não precisava da mais desequilibrada dos Donovans piorando a situação. Além disso, não estava em seus planos desistir facilmente. Tê-la visto de perto só o fez se encantar ainda mais pela beleza dela, e se precisasse ser paciente ele seria.

– Boa sorte, querido irmão. – Natasha se levantou e deu alguns tapinhas nas costas de Aron, que buscou a ignorar.

– Não dê importância para o que ela fala. – Isabel se voltou para o irmão. – Não pensa muito no que diz.

Aron sorriu.

– Não te preocupes, sei lidar com ela.

– E quanto à vampira, desistirás?

– Não me disseste que temos tempo?

Isabel curvou os lábios em um singelo sorriso. Era a primeira vez que via seu irmão tão interessado em uma mulher, antes disso os casos de Aron, assim como os dela, eram breves. Seduziam suas presas, satisfaziam seus desejos, alimentavam-se e nunca além disso. Elas não resistiam ou mesmo duravam até a próxima vez.

Eu deveria matar-te de forma lenta e dolorosa, a bela voz da vampira ecoava na cabeça do lorde. Quanta audácia! A forma com que ela se impôs apenas deixou Aron ainda mais fascinado. Se o simples vislumbre de sua beleza o encantara, a força e coragem na voz dela haviam tido quase o efeito contrário do que ela provavelmente queria causar. Se ele se afastaria? Claro que não, mas sabia que precisava ser paciente. Sem querer havia começado a relação dos dois da pior forma possível, porém isso só significava mais algumas rodadas no jogo.

Aron sentiu uma navalha passar pelo seu rosto, e num deslize provocar um pequeno corte em sua pele. Abriu os olhos e encarou o jovem barbeiro que, ao ver a pequena gota de sangue, empalideceu.

– Desculpe-me, meu senhor. Por favor, desculpe-me. – O rapaz tremia muito, apavorado acabou trombando na bacia com água ao seu lado e jogando-a no chão.

Maldição! Começara a trabalhar há pouco, o mais longe do que qualquer um de sua humilde família chegara, servir os nobres, e já estava fazendo tudo errado. Acabara de ferir o rosto mais belo que já contemplara.

O lorde observou o desespero do rapaz. Teve pena, o pobre parecia um tanto desorientado. Seus olhos verdes eram pura angústia.

– Não te preocupes. – Aron sorriu ao acariciar de leve a mão do jovem, fazendo com que esse ficasse mais calmo de imediato. – Foi um simples acidente, nenhum mal fez a mim.

Do Sangue Ao Desejo (Desejos Sombrios 1) - DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora