Começo

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P.O.V Diana Belt
29/07/2015
Quarta-feira
Às 00:15
Um banco de praça de Los Angeles...



Começar de novo.

Apaixonado.

Ilusão.

Mentiras.

Noites terríveis.

Essas eram algumas das palavras que estavam passando na mente no exato momento. Depois que o Cody disse tudo aquilo tive que sair para pensar, aquela conversa estava girando na minha cabeça como uma coisa que você come e te faz mal, e depois que essa coisa te faz mal, ou você vomita ou toma um remédio para a dor passar. Mas eu não tinha nenhuma dessas opções, não poderia esquecer todas as lembranças daquela noite, muito menos existia algum remédio para a dor que eu estava sentindo.

Eu estava apaixonada pelo Cody como ele estava por mim? Provavelmente sim. Eu queria negar todos os sinais, todos os choques quando nossas peles se encontravam, quando eu ficava vermelha quando ele me elogiava, quando eu sentia falta daquelas piadas sem graças dele quando tinha que trabalhar no escritório sozinha. Existia tudo isso, mas realmente eram sinais de paixão? Ou era qualquer outra coisa? Eu não sabia o que era porque nunca havia sentido a mesma coisa antes, de todos os namorados que tive (que não foram muitos em meus 23 anos de idade) não tinha sentido nada assim, como sentia com o Cody.

Vocês devem estar meio perdidos na história que me deu esse trauma de relacionamentos não é? Bem, eu vou explicar melhor.

Quando eu ainda tinha 17 anos e havia acabado de completar o ensino médio, o colégio em que eu estudava -que consequentemente era o colégio que o Cody estudava também- decidiu dar uma festa para os alunos formandos, na verdade, os alunos decidiram. Na época eu ainda não conhecia a Luna nem a Kitty, só a Ruby, eu nunca fui popular ou algo do tipo, eu era sempre a gordinha que as pessoas incluíam porque era a melhor amiga de infância do Ian Dawson, um dos caras mais gatos da escola. Ian sempre tentava me incluir nas coisas, nas conversas, nas festas, mas eu nunca e senti realmente confortável naquele ambiente caótico onde eu não gostava de quase ninguém, eu só estava ali porque era obrigada a passar por aquilo para chegar aonde eu realmente queria. Enfim, eu nunca fui chegada nessas coisas de músicas, amigos e festa, mas naquele dia o Ian a Ruby me obrigou a ir, dizendo argumentos como: "É a última festa do ensino médio", "Você vai perder a festa do século", "Daqui alguns anos, vai se arrepender de não ter ido à festa", "Quando os seus filhos perguntarem se você se divertiu quando era adolescente você vai dizer que não, sabe por quê? Porque você não vai ter ido à festa". Bobagem, quem disse que eu queria ter filhos?
Mas, com tudo isso, eles me convenceram. Afinal, o que poderia acontecer de ruim, não é mesmo?

Errado.

Ia dar tudo errado, não dizendo que a festa foi ruim em si, na verdade, foi bem legal até, acho que foi o único momento do Ensino Médio que eu não me senti completamente excluída, todos me trataram bem, e sem falsidade, como na escola. O Cody era um caso a parte, eu não tratava ele bem, achava que ele só era mais um dos garotos babacas populares amigos de Ian, mas naquela noite vi que ele não era o que eu pensava. Ele era diferente, não tinha vergonha de mim quando os amigos do colégio vinham falar com ele e nós estávamos conversando, dispensava as outras garotas quando estava comigo, era engraçado, bonito o mais importante: Gostava de mim, aparentemente, como eu era.

Os beijos foram esquentando e esquentando até que aconteceu. Eu não me lembro bem dos detalhes, só me lembro que naquela noite, eu tinha perdido do minha virgindade.

No outro dia eu estava toda alegre, achando que comigo ia ser diferente, que ele havia sido romântico comigo e que eu iria ter um namorado. Já estava imaginando nossa vida juntos, como o apresentaria para minha mãe e irmãos, como meu pai reagiria, e de como iríamos levar a nossa relação já eu tinha passado na NYU para marketing, se Cody iria comigo ou ficaria em Princeton fazendo faculdade na própria cidade.

Como eu era iludida.

No dia seguinte fui à casa do Ian, perguntei para ele se Cody tinha falado alguma coisa de mim e ele disse que não, fiquei um tanto decepcionada, mas nada que abalasse minhas enormes esperanças. Perguntei também se ele tinha falado alguma coisa sobre a nossa noite ele disse que não, Foi aí que eu percebi que alguma coisa não estava certa. Nós passamos a noite juntos, por que aquele não falou nada para melhor amigo? Cheguei à conclusão que deveria falar com o Cody.

Vocês já devem ter presumido o que aconteceu não é? Eu espero que sim. Porque nesse mesmo dia, eu enchi a cara de novo e não me lembro de muito bem do que aconteceu a partir desse ponto da história. Eu só lembrava que tinha ficado muito magoada com o Cody e fui ao um bar com a Ruby para afogar as minhas mágoas.

E foi isso.

Agora é a parte que eu reflito filosoficamente sobre a segunda chance: Eu gostava do Cody, aparentemente, ele também gostava de mim. Por que não dar uma segunda chance para o pobre garoto Diana? Insegurança, meus queridos, um sentimento horrível que vai te corroendo por dentro e te impede de fazer as coisas mais estúpidas possíveis. A insegurança tinha me feito perder muitas coisas na minha vida, não queria de jeito nenhum que ela me impedisse de tentar de novo com o Cody. Se não desse certo? Bem, eu vou chorar por umas duas semanas, mas depois tudo vai ficar bem. Eu sei que vai.

Levanto do banco que eu estava sentada (Em algum momento eu mencionei que tinha sentado em um banco em frente ao hotel? Acho que não. Mesmo com esse chororô eu continuo gordinha gente, não queria caminhar muito.) e voltei ao hotel, estava disposta a dar outra chance ao Cody. E não queridas românticas de plantão, ainda não é como namoro, como uma amizade colorida talvez. E mais, eu tinha uma festa para ir, não poderia ir sozinha e ficar de vela.

Quando chego ao quarto vejo o Cody na varanda observando a visão do Píer e chorando. Pera aí, chorando?!

- Cody, você está bem?
Eu pergunto e ele me olha com olhos vermelhos e marejados.

- Diana! Eu pensei que já tinha pegado um voo de volta pra Nova Iorque.
Ele diz e me abraça forte.

- Não! Por que eu faria isso? Eu ainda tenho meu trabalho como sua babá, lembra? Não posso sair do seu lado tão cedo.
Eu digo e apoio minha cabeça em seus ombros.

- Eu achei que, depois de tudo que eu te fiz, você não iria querer olhar na minha cara. Pensei que ódio era o único sentimento possível entre nós.

- Ódio é uma palavra muito forte, não acha?
Eu digo saindo do abraço.

- Você não me odeia?

- Não, Cody. Eu não te odeio. Eu gosto de você.

- Gosta? Gosta de mim. Como eu gosto de você ou como um amigo?
Ele me pergunta e olha nos meus olhos.

- Gosto das duas formas, Cody. Mas, isso é muito novo pra mim, ok? Vamos devagar.
Eu entro para o quarto e sento na cama.

- Devagar como?

- Devagar, sem pressa. Tudo ao seu tempo, não só por mim, mas por você também. Uma namorada que também é sua empresária não seria a melhor das coisas pra se ter no momento em que você está. As pessoas podem pensar que eu...

- Eu não me importo com o que as pessoas pensam. Mas se você quer assim, tudo bem. Eu faria qualquer coisa por você.
Ele me interrompe e faz uma mini declaração.

- Cody, você tem certeza que quer fazer isso? Quero dizer, eu sei que você não está acostumado a ter uma namorada, ainda mais com alguém como eu.
Eu me levanto da cama e ando pelo quarto enquanto Cody me acompanha.

- "Alguém como você"? Eu espero que você esteja falando no sentido inteligência, independência e tudo mais que há de perfeito em você.
Ele diz e me abraça por trás.

- Não, Cody. Alguém como eu no sentido...

Ele me cala com seus lábiosinesperados nos meus, ele me segura forte pela cintura e me faz suspirar. Sualíngua invade a minha boca e formam a maior sintonia que alguém poderia sentir.O beijo de Cody estava diferente, antes ele estava quente, selvagem, agora eleestava macio e doce. Acho que ele tinha compreendido o "ir devagar".    



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