Capítulo 2 - Dons e domos

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Para a boa poesia é necessário deixar a caneta caminhar sem rédeas nas estradas dos desafios e das afinidades.  

É preciso desatar e criar laços, deixar os olhos límpidos guiados na luz dos encantamentos. 

     Dar destreza aos passos e à voz, dar cor e musicalidade ao mundo.

Escalar nos altiplanos e altivagos, colher descobertas e repartir.

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A arte que me toma doma meu dom.


Mostra seus elementos pigmentais.

     Seus componentes atômicos: imagens cinerâmicas.

Faz da demão a antemão

     Esmaltecer a cor do calor: pinceladas luminosas.

Mostra brilho nas folhas mofadas

     Traz textura, braile mensagens: baixo relevo, rastros.


Vem experimentar o tato e no tom das coisas

     Borrar meus panos gravurados, amassar boi em barro vermelho.

     Vem dançar ciranda em ritmo de valsa

     Fazer sinfonias em serenatas, mostrar os sons insípidos,

     Os imperceptíveis.

Mostra as trilhas da caneta

     Estende lençóis cheirosos: a luz da beleza.


Vem copiar as írisdescências da manhã

     Das penas das asas refletidas, das bolhas fugazes de sabão.

     Vem cromatizar versos, trazer tingimento aosmelhores dias.  

(Do meu livro: Ventos Menineiros)  

Como Fazer Poesia - Versos e pensamentosOnde histórias criam vida. Descubra agora