A fuga de Draco Malfoy

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Draco P.O.V
Algumas horas antes
"Ir embora? Para a Mansão?" - eu pergunto, incrédulo.
"Sim. O que você ganha ficando aqui? E além do mais, não confio que você não vá contar para alguém o que está acontecendo." - ele diz.
E assim, ele me levou de volta para casa. Dou uma última olhada para trás, mas Harry não está mais lá. Não o culpo.

Presente
Assim que chegamos, meu pai me arrasta para meu quarto. Que bom que a tapeçaria que esconde a escada do sótão está bem presa.
Meu pai me empurra, e tranca a porta.
"Você vai receber almoço e janta. Nada mais. Sua varinha está confiscada até eu achar você confiável novamente. Tenho certeza de que você vai achar alguma coisa para fazer nesse meio tempo." - ele diz, rindo.
Eu reviro os olhos, involuntariamente.
Meu pai soca meu estômago. Eu sou empurrado para trás com a força inesperada do soco, e fico um minuto sem ar, tentando me lembrar de como respirar, tamanha a dor. Levanto os olhos e lá está ele, me olhando daquele jeito maníaco de novo. Pela primeira vez na vida, estou com medo do meu pai; ele parece completamente fora de si. Por mais que eu esperasse que ele estivesse bravo comigo, ele parece furioso por motivo nenhum!
"RESPEITO! Seu molequezinho mimado! Só de eu deixar você viver é um milagre. Se considere sortudo." - ele diz, sorrindo.
"E a minha perna? Se eu não tratar disso, não ficarei vivo por muito tempo." - eu digo com dificuldade.
Mais um tapa na cara que me deixa tonto.
"Que sirva de lição. Não quero filho meu dando o cu que nem cadela no cio para inimigos da família novamente. E além do mais, não se questiona milagres." - ele diz, rindo.
Engulo em seco, meu rosto ardendo e meu orgulho ferido.
"Mais uma coisa. Se eu souber que você tentou contatar sua mãe -" - ele começa a dizer.
Mais um tabefe.
"Olhe para mim quando eu falo! Mal-agradecido!" - ele diz.
Olho para ele, tremendo. Sinto sangue pingar dos meus lábios, mas não me atrevo a secar.
"Se eu souber que você tentou chamar sua mãe ou qualquer um, você vai pagar." - ele diz.
"O que minha mãe tem a ver? Ela não sabe? Onde está ela, afinal?" - eu pergunto.
"Não lhe interessa!" - ele grita.
Dessa vez ele me acerta na costela, me derrubando no chão. Não vou chorar. Vou aguentar.
"NÃO QUERO PERGUNTAS INSOLENTES DA SUA PARTE, SUA BICHINHA!" - ele diz, cuspindo em mim. Isso foi demais até para mim.
"BICHINHA? SE EU ME LEMBRO BEM, EU VI VOCÊ E SNAPE SE BEIJANDO DE UM JEITO BEM GAY PARA MIM!" - eu grito, cuspindo sangue.
"ISSO NÃO LHE DIZ RESPEITO!" - ele grita, e me soca repetidas vezes. Sinto meu nariz quebrar com um estalo, e a dor é insuportável. Vou aguentar, por Harry. Por mim e ele.
Ouço ele berrando comigo, mas não entendo as palavras por cima do estalido no meu ouvido e a dor que queima meu nariz. Minha consciência se esvai lentamente e eu já nem sinto mais a dor, depois de algum tempo. Quando se dá por satisfeito com a tortura, ele finalmente vai embora, me deixando quebrado e sangrando. Fico inconsciente por não sei quanto tempo. Acordo. Me arrasto até a cama ainda com o cheiro de Harry e me deito, tentando dormir, e quase consigo sentir a presença de Harry do meu lado; meu coração dói e lágrimas escorrem lentamente, lágrimas que se misturam com o sangue que pinga do meu lábio e meu nariz. Eu adormeço rapidamente embalado pelo cheiro de Harry.
Acordo e não consigo andar direito, mas basicamente me arrasto até o banheiro. Tomo um banho o mais rápido que consigo no meu estado, só para lavar o sangue e o toque do meu pai em mim. Pego o equipamentos de primeiros socorros que eu mantenho embaixo do armário do banheiro e cuido de tudo que consigo, mas só serve para feridas superficiais.
"Merda, isso vai doer." - eu digo para mim mesmo enquanto levanto a mão e puxo meu nariz com toda a força para um lado. Ele estala com uma dor excruciante, mas um gemido baixo de dor é só o que sai. Não choro. Lembro que estou fazendo isso por Harry. Quando eu escapar, eu vou explicar tudo.
Espero que ele me perdoe.
Ele tem que me perdoar. Penso nisso enquanto ando com dificuldade pelo quarto, pensando no que fazer. O resto do dia eu durmo; sonos turbulentos me assombram a noite toda; sonhos em que Harry é quem me dá uma facada, dessa vez no coração, Harry me atirando ao penhasco, Harry, Harry, Harry.
Acordo. Hoje estou pior do que nunca. Não só fisicamente, mas emocionalmente. Só penso em chorar. O que eu vou fazer da minha vida? Só apanhar? Nunca mais sair daqui ou ver Harry? E se ele passar o resto de sua vida me odiando? Ele era o único objetivo da minha vida. Eu não vivia para nada antes. Hoje, só espero poder viver para poder me reencontrar com ele. Tenho dois meios de possível fuga, mas com a minha perna, só daqui a alguns dias. Posso quebrar o vidro do sótão, mas faria muito barulho e eu não conseguiria uma varinha. O melhor jeito seria entrar na pequena sala que sai do closet e procurar algum jeito de sair por dentro dela, passar na ala de varinhas dos antepassados e fugir o mais rápido possível para Hogwarts. Para Harry. Mas se a sala que sai do closet não der em lugar nenhum, estou preso aqui, sem varinha; a mercê do meu pai.
Dois dias passam. Comer, tomar banho, dormir. Fui obediente e tão respeitoso quanto consegui ser todas as vezes que meu pai apareceu. Precisava estar bem para minha fuga. No terceiro dia, entro no closet sem fazer barulho. Checo o lado de fora da mansão pelo vidro. Tudo parece tão normal que me dói. Como o mundo não está mal como eu? Busco por alguma falha no quarto, qualquer coisa. Olho para a pequena estante. Seria estúpido pensar que estaria tão mal escondido, mas...
Puxo um livro por um, até chegar em um que funciona como alavanca. Revela uma passagem de pedra, exatamente como a de Helena, só que limpa e iluminada por lâmpadas no teto e quadros bonitos. Volto para o quarto. Tenho que fazer minha última refeição, pegar uma troca de roupa ou algum remédio para me fortalecer. Mas... Não. Vou deixar tudo para trás. Se eu voltar agora, talvez meu pai entre e eu só possa fugir amanhã; quanto mais tempo aqui, mais eu arrisco perder Harry. Só vou levar a varinha roubada de alguém dessa casa. Respiro fundo e passo pela passagem.
Vou andando, cauteloso. O cheiro é normal. Ando devagar, tanto pela minha perna, tanto por medo. Estou completamente vulnerável. Sem varinha e manco.
Olho para a ferida na minha perna, cada dia pior. Desgraçado.
Ando o mais rápido que posso. Portas vão aparecendo, cada uma com ETIQUETAS. Quem planejou isso sabia o que estava fazendo. Talvez tenha sido Dobby; provavelmente foi. Meu coração dói pensando em como eu maltratara ele na época em que ele servia nessa casa.
"Quarto de Mestre Lucius e Senhora Narcisa."
"Quarto de Mestre Draco."
"Cozinha."
"Sala comunal."
"Ala dos antepassados."
Puxo a porta dessa, e entro.
Está normal. Quieta. Verifico se meu pai está por algum maldito acaso lá dentro. Não.
Passo sorrateiramente e pego a primeira varinha que eu vejo. É branca com um cabo esmeralda. Bonita. E uma vassoura antiga que eu nem sei se vai funcionar, mas que surpreendentemente funciona.
Fecho a porta e subo na vassoura, aliviado por não ter mais que andar.
Qualquer lugar que eu utilize vai ser notado rapidamente pelo meu pai. Volto para meu quarto, para o pequeno lugar no closet e quebro o vidro com um feitiço. Passo pela abertura e deixo a mansão.
P.S : Me desculpem pelo capítulo curto, é que o próximo vai ficar bem grande. Cadê os comentários?

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