A verdade sobre Gina

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Hermione P.O.V
A porta se fecha. Todos nós nos viramos enquanto Snape fala que quer conversar.
Ele conjura uma Penseira enquanto lentamente diluí memórias e escolhe o que quer nos mostrar.
Ele finalmente junta as várias memórias em um frasco e joga lá dentro. A bacia brilha com imagens fracas.
Harry é o primeiro a ir. Seguido por mim e Rony. Draco parece meio inseguro, mas no final vem do mesmo jeito. Abaixo a cabeça e pulo dentro da memória de Snape.
(N/A: Não pulem essa parte achando que são as mesmas memórias que as do capítulo 'Passado', não são!)
"Vocês vão começar com essa memória. Um ano atrás. Quando ela entrou para os Comensais." - diz Snape, cabisbaixo.
"Quem entrou?" - Harry pergunta.
Snape só aponta para frente, enquanto Belatriz e Narcisa Malfoy entram com uma garota meio encolhida. Refém? Só tenho uma visão de trás, então nos movemos até ver direito. Uma pequena multidão está em pé, com varinhas em punho. A figura está encapuzada e parece tremer um pouco. Narcisa se senta em uma poltrona próxima e Belatriz dá um passo, e a figura a segue.
"Amigos, companheiros, seguidores fiéis do Lorde das Trevas! Eu e Ciça trouxemos a mais nova Comensal da Morte! Essa menina se rebelou contra sua família traidora de sangue, que é conhecida por gostar de Harry Potter! Ela é um exemplo a ser seguido! Ela veio porque quis e procurou o Lorde das Trevas e praticamente implorou que ele libertasse ela e colocasse a pobrezinha em um lugar de gente decente, longe de trouxas e sangues-ruins!" - ela exclama, rindo e abraçando rapidamente a figura, que agora eu sei ser uma menina. Belatriz se aproxima da garota e gentilmente retira a capa que cobre seu corpo. Seu rosto ainda está oculto.
Ela usa um vestido volumoso preto sem mangas que vai até o joelho, com botas de couro que cobrem parcialmente sua canela.
Conseguimos ver claramente a marca negra estampada no seu braço. A menina parece ter perdido o nervosismo e ajoelha ao lado de Belatriz, de frente para a audiência que está sorrindo e jogando galões para a menina. Belatriz puxa seu capuz e revela um cabelo ruivo liso e solto que se espalha nas costas. A garota está sem maquiagem alguma e usa uma gargantilha com uma lua minguante, e isso é praticamente tudo que eu consigo ver dela. Não vi seu rosto ainda... Porém, um segundo depois, ela levanta seu rosto e este mesmo está com um sorriso cruel e malicioso. O sorriso que eu achei conhecer tão bem. Gina. É Gina. Ron desaba de joelhos e Draco cobre sua boca com a mão. Harry está parado, em choque e Snape está parado, sério.
Eu sou a única a mexer e fico quase frente a frente com a Gina da memória. Eu sei que ela não pode me tocar, nem me ver, mas eu ando em sua direção, sem saber o que fazer. Queria poder dar um tapa na cara dela, perguntar o que ela estava fazendo naquele ninho de cobras, mas Belatriz começa a gritar de novo e eu sou interrompida.
"Mas juramentos e a marca não valem nada! Já tivemos traidores! Para entrar, a nossa beldade ruiva terá que cumprir nosso teste! Alguma ideia do que seria, Gina?" - Belatriz pergunta, lambendo os lábios. Gesto que Gina depois inconscientemente começaria a imitar, e que eu nunca havia percebido até hoje.
"Não sei, Belatriz. Mas eu faço. Tudo. Se quiser me trazer o porco do meu pai, traga." - ela diz, rindo.
A multidão aplaude e jogam moedas, e mais moedas. Ela só sorri. Ela olha diretamente para uma garota na plateia que usa uma trança tão apertada que eu penso que sua cabeça vai ser puxada para trás sem querer. A garota faz um gesto obsceno e Gina só manda um beijo no ar, que todos os homens fingem tentar pegar.
Observo a sala. Não vejo Narcisa mais. A mesma volta logo em seguida com alguém na mão. Ela está arrastando um corpo...? Não. Não um corpo. Uma mulher que parece ter 40 anos, que se debate e chora. Ela usa roupas gastas. Deve ser uma moradora de rua.
"Sua tarefa, Weasley (ela pronuncia o nome com raiva e nojo), é matar essa trouxa nojenta." - Belatriz diz, rindo.
Gina chega perto da mulher e finge se afastar, mas nisso saca uma espada (que medieval) que tem suas inicias gravadas e uma lua minguante na ponta (ela gosta dessas, não?) e... Mata a mulher. Enfia a espada na sua garganta em um movimento ágil e perfeito. Ela nem pisca; eu, no entanto, dou um berro baixo de susto. Simplesmente tira a espada do corpo inerte da mulher e limpa nas roupas do cadáver. Então, faz uma reverência profunda e guarda a espada dentro do vestido, que deve ter algum compartimento secreto.
Belatriz parece estar sem palavras.
Ela pega Gina e a abraça forte.
"Minha querida... Bem vinda, bem vinda! Aplausos para Gina!" - exclama Belatriz.
Todos alucinam e a cumprimentam, mas Gina anda até a garota das tranças apertadas e a beija loucamente. Ninguém acha doideira. Todos estão comemorando.
Ron rasteja até o corpo da trouxa, que foi largada no chão para sangrar. Harry continua em choque, parado, e Draco o abraça, tão chocado quanto. Snape está imóvel. Eu já estou ajoelhada ao lado de Ron, chorando toda a minha reserva de lágrimas. Não pela trouxa; na verdade, também por ela, mas principalmente por Gina. Por Gina. Gina, que eu amei tanto, Gina, que achava conhecer tão bem. Gina, meu primeiro amor, minha amiga, quase uma irmã.
Snape simplesmente chega perto de nós.
"Tem muito mais. Eu sei que foi horrível, mas vocês precisam entender o porquê de tudo..." - ele diz.
A cena se transforma.
"Nove meses..." - diz Snape, baixo, com sua voz monótona ressoando na memória.
Estamos todos, menos Snape, encolhidos em um canto e chocados com a crueldade da situação. Gina entra correndo.
"BELATRIZ! JESSAMINE! NARCISA! SNAPE! ALGUÉM!" - ela grita, desesperada.
Todos os chamados entram na sala, preocupados.
"O que foi, beldade ruiva?" - pergunta Belatriz, debochando.
"Nessa época Belatriz ainda não gostava dela, por isso a chamava assim. Porque Gina chamava atenção com suas roupas chiques e sua beleza." - explica Snape, chateado.
"Meus pais... Estão desconfiados... Andei metade do caminho... Vi uma luz prateada... O patrono do meu pai... Me seguindo..." - ela diz, arfando e vermelha.
Narcisa traz um copo de água e dá para ela, que bebe tudo de uma vez.
"Obrigada. Tive que correr para confundi-lo e depois corri para cá. O que ocorre é o seguinte. Preciso de um motivo para sair todos os dias e voltar tarde." - ela diz, corada.
Jessamine se levanta.
"Você pode dizer que começou a vender biscoitos para conseguir dinheiro para uma vassoura nova." - ela diz.
Todos concordam.
"Uma mentira simples é sempre a melhor. Aqui, tome uns trocados, para eles acreditarem mesmo." - diz Belatriz.
"Obrigada...V..." - a cena se transforma enquanto Gina pega as moedas.
"Oito meses." - diz Snape.
Ron parece estar prestes a vomitar (compartilho do sentimento) e eu o agarro forte.
"Eu sempre achei estranha a história dos biscoitos. Sempre." - ele diz, furioso, cerrando os punhos e com certeza querendo matar alguém.
Snape e Lucius entram, seguidos de Lorde Voldemort e Gina. Lorde Voldemort e Gina! Eles conversam sérios, e no final da conversa que eu não ouço, ele dá um colar para ela.
"Milorde...O que é isso?" - ela pergunta, pegando com cuidado.
"Como você tem paixão para mortes, pensei em te dar esse colar para você decorar com os dentes dos trouxas. Serve também para os traidores de sangue e os sangues-ruins." - ele diz, sorrindo.
Ele fica horrível sorrindo, uma cobra com pele de gente.
Ela se ajoelha e beija suas vestes e seus pés descalços.
"Muito obrigada, Milorde. Vou pegar os corpos e decorar agora mesmo!" - ela diz, sorrindo, e desaparata. Ela volta com uma pilha de pelo menos oito corpos em diferentes estágios de decomposição e vai arrancando o canino de cada um, fazendo o colar. Voldemort ri.
"Adicione sangue, beldade ruiva. Não queremos tédio." - ele diz, rindo.
"Ele dizia como um elogio." - diz Snape, tenso.
Belatriz volta com um pote de chicletes e joga um para Gina.
"Use agora. Dê para aquele trouxa (ela apontou para fora da porta) e veja o bastardo morrer." - ela diz, sorrindo.
Gina gira sua espada e vai lá, para a rua próxima da sede dos comensais.
O jovem tenta levantar, mas ela segura a espada no seu peito e faz ele mastigar. A morte demora. No final, ela envolve um dente com um pouco do chiclete e o arranca, limpando as mãos e a espada no delicado vestido de renda cinza que usa. Ela coloca no colar e vem sorridente.
"Sangue fresco para dar sorte!" - ela diz, sorrindo.
Eu não choro mais. Estou boquiaberta. A cena muda.
"Sete meses." - Snape diz.
Estamos em um porão úmido e Gina pressiona sua espada afiada no pescoço de alguém.
"Vai falar ou não, sua puta?" - ela pergunta, girando de leve a lâmina, arrancando um filete de sangue.
"Eu não sei de nada! Não sei de nada, senhorita!" - a mulher diz, chorando.
"Quero saber quem te contratou para vir na porta dessa casa e ME chamar, como se eu fosse sua cliente! Sua prostituta nojenta!" - ela exclama, chutando as costelas da moça. Belatriz e a tal Jessamine observam de longe.
"Foi um tal de Mark... Mark Hope!" - ela diz, chorando.
Gina corta seu pescoço e a joga para um canto em um movimento suave e despreocupado, tirando seu dente antes.
"Accio Mark Hope!" - ela grita, furiosa.
Um homem de cabelos compridos e aparência bizarra aparece.
"Que...?" - ele tenta perguntar, mas Gina arranca sua cabeça com um movimento da espada, que deve ser muito afiada.
"Escroto." - ela diz, e as mulheres atrás aplaudem. Ela sorri. Sinto meus joelhos bambos e vontade de vomitar meu café da manhã.
A cena muda.
"Seis meses." - diz Snape.
Gina entra em um restaurante e joga veneno de cobra no prato de cada um, enquanto eles estão no 'Petrificus Totalis', e quando o tempo volta, todos comem e se engasgam, sufocam, e morrem. Simples assim. E ela faz sua coleta. O colar parece cheio, pesado.
Eu tapo a boca. Isso... Isso...
"Cinco meses." - diz Snape.
Draco e Harry estão abraçados e de olhos fechados. Ron parece vidrado e maníaco. Eu abraço ele mais forte ainda, que mal se mexe.
Vemos Snape e Lucius discutindo como envenenar Gina. Por fim eles conseguem.
"Quatro meses. Entendam que tínhamos que deixar ela agir naturalmente. Lucius liberava a influência aí. Isso é ela." - ele diz.
Ela chega perto de um mendigo e joga um chiclete. Ele se contorce e ela vai embora. Nem pega o dente. Acho que ela pensava que ele não morreria. Vejo Lucius na sombra. Ele vê o mendigo morrer.
Chegando na sede dos Comensais, Gina mete um beijo na boca de Belatriz, e a solta.
"Bela! Foi genial! Você devia ter visto o mendigo nojento se contorcer!" - ela diz, rindo, e Belatriz só ri junto.
Jessamine a abraça e elas saem.
"Três meses." - diz Snape.
"Ah... Meu último mês aqui. Hora de apimentar as coisas." - ela diz para a multidão reunida.
No palco improvisado, entram 19 trouxas. Foi o que eu contei.
Tinham tantos... Fecho os olhos. Não conseguindo presenciar tal coisa.
Ouço gritos e sons de lâmina. Abro os olhos, nervosa. Não estão mortos. Marcados na testa e em todo lugar com a palavra 'trouxas nojentos'. Em seguida ela os mata, tão rápido que não consigo fechar os olhos.
E tira os dentes.
"Mostraria os outros meses, mas são em Hogwarts e ela não matou ninguém. Entenderam o porquê agora? Draco, entendeu o porquê de seu pai ter matado uma garota aparentemente inocente?" - Snape pergunta.
Draco assente. Em seguida uma enxurrada de corujas batem na janela da sala, com cartas para Ron. Vindas do Ministério, de St. Mungus, de todo lugar. Assunto? Gina.
Ron me olha e em seguida Draco, Harry, eu e ele corremos. Snape senta na cadeira e suspira.

Notas da autora:
Capítulo sem muita coisa, eu sei, mas eu precisava fazer. Eu sei que não teve muita conversa entre eles, mas as memórias já explicam tudo e o porquê do Snape ter chamado eles.

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