Capítulo V - Revelações

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A raiva que eu sinto neste momento está a dar cabo de mim. Toco à campainha da casa de Matt vezes e vezes sem conta. Na verdade, nem cheguei a retirar o dedo do interruptor, pelo que o som estridente ainda não teve uma única interrupção. Ouço passos a descer as escadas e finalmente esta criatura abriu-me a porta.

- Scott? – O seu olhar surpreendido pressionou em mim. – O que é que estás aqui a fazer?

- Isso é o que quero perguntar à tua querida irmã! – O calor subia-me à cabeça e sentia que algo fazia pressão no meu peito e subia rapidamente para a garganta, fazendo com que as minhas veias do pescoço ficassem salientes: era a raiva.

- À minha irmã? A Malia está cá? – Aparentemente Scott estava tão surpreso quanto eu, no entanto podia estar só a fingir.

- Sim, não te faças de burro. Tu sabes muito bem que ela está cá e, como sempre, já veio estragar a minha vida! – Eu não sei se estou a berrar, se estou a falar baixo porque na verdade eu não me consigo ouvir a mim mesmo.

- O que é que ela fez? – Não sei porque é que Matt está tão calmo. Se eu estivesse no lugar dele já me teria insultado umas quantas vezes por ter uma pessoa aos berros à porta de minha casa.

- Ela chegou sem avisar, entrou em minha casa, falou e agiu como se fosse minha namorada à frente da Liv! Sabes o que isso me custou? Uma Liv chateada e irritada que não fala comigo! A tua irmã é psicopata, aliás todos vocês o são! – Penso que cheguei ao limite da calma que Matt possui porque senti o meu corpo a ser empurrado para trás e as minhas costas a bater no chão de pedra.

- Ouve uma coisa, Scott, tu podes vir para aqui berrar por a minha irmã ainda andar atrás de ti depois de tu teres acabado com ela por motivos óbvios, mas não tens o direito de insultar a minha família desse jeito. – Matt agarrara-me pelo colarinho e me levantara, já com a mão fechada pronto para me dar um soco. Soltei-me dele e sacudi as minhas calças da possível sujidade do chão da rua.

- A mim não me interessa nada dessas coisas. Resolve a porcaria da situação da tua irmã, manda-a de volta para aquela terrinha ou para o hospício de onde ela fugiu, ou então estás feito comigo, entendes Mathew O'Connor?

- Ai sim? E vais fazer o quê?

- Vou contar à querida Tess e a todas as outras pessoas aquilo que realmente aconteceu para tu teres de mudar de cidade a meio do ano letivo. Não te esqueças que o Dylan está prestes a ir embora, pelo que terás a Tess sozinha durante três meses e uma oportunidade de a torna-la tua. Pensa bem. – Pude sentir Matt a engolir em seco. Virei costas e tornei a entrar dentro do meu carro, arranquei sem sequer olhar para trás. Eu sei a história toda de Matt e da família dele e se tiver que usar isso para não perder Liv, eu uso. Liv é a única coisa que me importa agora.

***

Entrei em casa sem fazer o mínimo barulho que pude. Desta vez, Dylan vinha dormir a minha casa pois queria estar fora de casa para não pensar tanto na mãe. Presumi que toda a gente estivesse a dormir, pois já passava da meia-noite e em minha casa não temos por norma deitarmos-nos tarde.

Subia as escadas o mais devagar que podia, no entanto, ouvi sussurros e leves risadas que vinham do quarto do meu irmão, Cody. Deitei um olhar ao rosto de Dylan que encolheu levemente os ombros, mostrando-me que não sabia de nada. Mesmo que soubesse, ele não me iria contar, são melhores amigos, há certas regras. Conforme me aproximei do quarto dele, reconheci a voz feminina dos sussurros, mas não estava a conseguir perceber quem era. Na minha mente pensei numa desculpa para ter de falar com o meu irmão à meia-noite. Respirei fundo e abri a porta do quarto num impulso

A Última Escolha [Cartas Anónimas Sequel] || Dylan O'BrienOnde histórias criam vida. Descubra agora