Capítulo VI

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O dia amanhecia lá fora. As aulas estavam prestes a recomeçar e hoje seria o último dia de Dylan na sua pacata cidade. Mas isto, não interessava minimamente a Matthew. Aliás, neste momento na sua mente só passava um nome: Malia.

- Vais-me explicar o que estás aqui a fazer ou...? – Matt questionou a Malia, que havia entrado em sua casa há pouco mais de meia hora e ainda não havia dito uma única palavra.

- Já não posso ir visitar o meu irmão que adoro?

- Malia não mintas por favor. Eu não sou burro e muito menos nasci ontem, por isso sei perfeitamente que quando tu decides fazer o que quer que seja é porque já delineaste um plano no teu cérebro. – Matt caminhava de um lado para o outro na sua sala de estar. Os nervos invadiam-lhe todo o corpo e uma certa raiva começava a subir à sua cabeça.

- Vocês só pensam é coisas más sobre mim. – Malia suspirou abanando a sua cabeça em negação. Os nervos de Matt subiram-lhe e o mesmo caminhou a passo acelerado até ao sofá, agarrando na sua irmã pelo colarinho, fazendo-a levantar-se do sofá.

- Ouve uma coisa, se tu achas que eu alguma vez iria acreditar que tu ias fazer uma viagem de cinco horas só para me veres, deves mesmo a achar que eu sou burro!

- Vais-me bater é? Esta família tem homens fantásticos, mesmo. – Matt respirou fundo e largou Malia, que se sentou novamente no sofá.

- Eu nem te vou responder. – Matt abanou a cabeça em negação soltando um suspiro. - Nós fizemos o que tinha de ser feito, entendes? Eu nunca na vida quis sair de Florida, mas tivemos de sair. A mãe esta ótima agora e eu não quero voltar a vê-la mal. Por isso, por favor, vai-te embora. Até porque a tia deve estar preocupada contigo, já que ela nem sabe que aqui estás.

- Eu não vim aqui porque me apeteceu Mattie. – Malia sempre tratara Matthew por Mattie. Era apenas um nome carinhoso que ele só permitia da parte dela. - Tu e a mãe têm de ter cuidado. Ele está à solta de novo. – Malia soltou um suspiro. Os olhos de Matt arregalaram-se e focaram-se no rosto da sua irmã.

- Não pode ser. – Matt deixou-se cair no sofá e pousou os cotovelos nos joelhos, para dessa forma poder apoiar o rosto nas suas mãos. – Não pode ser. – A sua voz saía em múrmuros baixos e ele sentia o seu corpo a suar, um suor frio, um suor que refletia tudo aquilo que ele estava a sentir: medo.

- Eu só vos vim avisar porque ele já me contactou. Queria que eu ligasse para a mãe e a fizesse ir ao meu encontro, onde ele estaria. Mas graças ao apoio psicológico, ele já não me controla. – Ela passava as mãos pelo seu rosto limpando as lágrimas que lhe caiam. Matt, por sua vez, deixara de ver. A sua respiração estava ofegante e todo o seu corpo tremia.

- Malia...Malia...eu...e-eu...estou a ter...um a-ataque...de...pânico... - Matt tentava falar, porém o seu cérebro já não funcionava como era suposto. A sua voz falhava, a sua respiração estava demasiado acelerada, a sua visão estava distorcida e o seu coração batia mais rápido que o costume

- Que queres que faça? – Malia tentava ajudar o seu irmão, mas ela nunca soubera o que fazer nestas situações.

- Liga...para a Tess...ela...saberá o que fazer... - Matt sentiu que não aguentava mais. Por momentos pensou que estava a morrer, que estava a ter um ataque cardíaco, mas ele sabia que isso eram mais dois dos sintomas que se sentia num ataque de pânico. No entanto, sabia que iria ter o último sintoma. E que a Tess não chegaria a tempo, para o tirar do ataque de pânico. Tudo ficou negro, a voz de Malia ouvia-se cada vez mais distante até deixar de se ouvir por completo. Era como se estivesse num túnel escuro sem fim e à prova de som. O silêncio incomodava-o, mas já estava acostumado. Matt sabia que tinha desmaiado.

A Última Escolha [Cartas Anónimas Sequel] || Dylan O'BrienOnde histórias criam vida. Descubra agora