Acabei de aterrar na minha nova cidade: Tucson. Não posso afirmar que estou feliz por estar de volta à cidade que me viu nascer, porque não estou de todo. Pensamento positivo, são só três meses. Olho em volta, na esperança de encontrar o meu pai no meio de todas aquelas pessoas. Por fim, encontro-o. Enverga a sua farda de xerife e um sorriso nos lábios. Não posso deixar de sorrir e abraçá-lo. Afinal de contas, as saudades não desaparecem.
- Tive saudades tuas filho. – Como sempre, o sentimental da família.
- Eu também pai. – Também tive de ser sentimental, não podia deixá-lo ficar mal.
O meu pai e a minha mãe divorciaram-se quando eu tinha acabado de completar os meus oito anos. Pouco tempo depois, eu e a minha mãe mudamo-nos para Palm Springs no que seria "apenas temporário" e acabamos por ficar. Durante muitos anos, culpabilizei-me pelo divórcio deles. Sentia que todas as discussões entre eles terminavam em mim e que era um fardo para eles. Com o passar dos anos, acabei por esquecer isso e perceber que nunca na vida tive culpa na separação deles. Bem lá no fundo, eu sei que o meu pai ainda ama a minha mãe e talvez ela também o ame, mas eles lá sabem.
Os meus olhos estavam agora postos no exterior do jipe do meu pai. Tudo estava diferente desde a última vez que cá tinha estado. Agora que estou a pensar, já não vinha cá há cinco anos. Sinto-me ridículo por não vir há cinco anos à minha cidade, sendo que está apenas a duas horas de avião da minha atual localidade. Vergonhoso.
- Aqui não era aquele restaurante que costumávamos vir todas as sextas-feiras? – Questionei apontando para um velho barracão abandonado, tendo ainda colado na janela uma ementa.
- Sim, era aí mesmo. Ainda te lembras. – Um pequeno sorriso de orgulho surgiu nos lábios do meu pai.
- O que aconteceu? Porque é que está neste estado? – Questionei, não tirando os olhos da estrada.
- O Mr. Walker faleceu e ninguém da família o quis vir substituir. Acabou por ficar ao abandono. – O meu pai encolheu levemente os ombros soltando um suspiro. Foquei o meu olhar nele ainda em choque com a notícia.
- Era tão boa pessoa. – Comentei, focando o meu olhar na estrada.
- Se era.
Em pouco tempo, chegámos à minha antiga casa. Esta, ao contrário de toda a cidade, mantinha-se igual. O telhado em tom de cinza, bem como as portadas das janelas e a porta, as paredes num tom mais claro e a bandeira americana do lado de fora. Nada muda no que toca ao meu pai.
Entrei sem pronunciar uma palavra, a verdade é que não estava muito para conversas. Passei por todas as divisões, verificando que por dentro também se mantinha tudo na mesma. Algumas molduras com fotografias de mim em criança, bem como dos meus pais, permaneciam penduradas na parede e em cima dos móveis. Subi as escadas caminhando em direção ao meu quarto. Mais uma vez, tudo igual. Das duas uma, ou o meu pai gosta muito de relembrar de quando éramos os três uma família, ou ele tem imensa preguiça em mudar as coisas.
- Dylan? – O meu pai bateu duas vezes na porta com os nós dos dedos, o que me fez focar o olhar nele. – Sei que deves estar cansado, mas tens de passar na escola. Pediram-me que fosses assinar uns papeis mal chegasses. Pode ser que conheças alguns dos teus novos colegas.
- Obrigado pai. – Murmurei, sem qualquer entusiasmo.
- O que se passa? – O meu pai entrou no quarto, sentando-se na minha cama. Enquanto isso, eu começava a tirar a minha roupa da mala.
- Não se passa nada. – Neguei encolhendo os meus ombros.
- Diz lá o que se passa. Posso não estar todos os dias contigo, mas ainda sei ver quando não estás bem. – Um pequeno sorriso surgiu nos lábios do meu pai.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Última Escolha [Cartas Anónimas Sequel] || Dylan O'Brien
Fiksi PenggemarDylan, Noah, Matthew. Três rapazes, uma decisão. Tess encontra-se agora com a maior decisão da sua vida: quem ama verdadeiramente. Depois de umas férias de Páscoa longe da sua terra, longe dos três rapazes da sua vida, Tess volta pronta para decid...