Capítulo 7

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Oioi brotinhos! Um cap extra essa semana de presente para Juliana!

  Está mais curto que o normal, mas intenção é o que vale.

  Chega de conversa, bora ler?

....................

Sam

   Erick voltou para a cabine e eu precisei de dois minutos em estado de inercia para entender tudo o que havia acontecido.

  Eu aceitei a proposta dele de dar uma chance. Eu só não sei se isso foi extremamente burro ou completamente inteligente.

  Ele tentaria de todos os modos me levar pra cama. Não é como se não estivesse tentando agora, mas eu não podia simplesmente dar um chute em seu saco e mandar ele pro inferno e sim, teria que aceitar as investidas pra cima de mim, porém, tinha o lado bom. Depois disso tudo eu posso chegar pra ele e manda-lo para as profundezas dos infernos alegando que não gosto dele e como deu sua palavra, vai sumir da minha vida.

  A questão é....eu vou conseguir aguentar tudo isso?

  Erick é irritante, é machista, mulherengo, mas é lindo demais e não é tão burro quanto eu penso. Eu estou entre uma tênue linha onde me sinto completamente inclinada a bater nele ou sinceramente, querer que ele me beije.

Isso me irrita. Odeio me sentir uma adolescente iludida.

  Preciso estar totalmente preparada para o que vier, disso eu tenho certeza.

  Durante todo o voo eu fiquei ansiosa. Olhava as horas com frequência, procurei atender os passageiros até para me manter ocupada, mas finalmente o martírio acabou quando pousamos em nosso aeroporto.

   Eu vi todo mundo indo embora do avião, eu desci por último me sentindo estranha. Caminhei a passos de tartaruga até o bar onde ele havia combinado comigo. O pior de tudo era que ficava perto demais do aeroporto e qualquer um que estivesse de folga poderia estar lá e me ver com Erick e a última coisa que eu quero é fama falsa de estar indo pra cama com ele até porque isso é absolutamente uma mentira enorme.

   Atravessei o salão do bar meio desanimada e lá estava ele sentado no balcão já com uma cerveja na mão e só pra variar, rodeado de vacas.

  Assim que me viu ele sorriu, disse alguma coisa as mulheres que se dispersaram como fumaça tão mal-humoradas, mas ainda assim, muito obedientemente rápidas.

  -Você veio!

  Abriu os braços me oferecendo um abraço o que ignorei e sentei ao seu lado. Ele apenas sorriu como se estivesse começando a se divertir e fechou os braços.

-Fui coagida, você sabe disso, então pare o teatro.

  Disse emburrada, me acomodando e o fazendo rir.

-Mal-humorada.

   Piscou pra mim.

-O que vai querer?

Um garoto do bar apareceu do nada me dando um susto.

-Nada!

   Eu não tinha muito estomago para nada naquele momento.

-Ignora ela, traz uma bebidinha de mulher ai, um coquetel de qualquer coisa.

Erick falou com o rapaz que assentiu e saiu.

-Parece que está indo a um enterro, sabia?

  Ele comentou enquanto cutucava meu braço.

-Deve ser por causa da morte da minha alegria. Não é meu esporte favorito corrida de obstáculo!

   Ele franziu a testa como alguém que não entende faz.

-O que?

  Perguntou.

Eu quis dizer, seu babaca lindo, que você é um obstáculo que eu não posso tirar da minha pista e sim passar por cima.

-Nada!

  Respondi agradecendo mentalmente o cara que apareceu trazendo minha bebida.

-Então, como vai ser...isso?

  Perguntei mudando de assunto. Eu precisava saber dos termos do negócio antes que ele tome liberdades pra cima de mim.

-Sem planejamento, sem regras, só deixe acontecer. A gente sai algumas vezes, conversa, você logo vai ver que eu sou um cara legal.

Piscou pra mim de um jeito bem paquerador.

-Esse negócio de sem regras, não sei não. Teremos um limite aqui. Pra começar, você não tocará em mim. Que fique claro que nesse corpinho, você não trisca. É uma chance, não test drive.

   Apontei pra mim mesma enquanto falava e ele não se refreou em me dar uma olhada descarada de cima a baixo. Procurei ignorar tal ato.

-Como você quiser. Mas e se eu quiser te beijar? Não é como se eu já não tivesse feito isso antes.

  Me lembrei de Paris, daquele estranho beijo que me deu na porta do quarto.

  -Ah aquilo? Não era um beijo de verdade, então vamos desconsiderar!

  Gesticulei com as mãos demonstrando que aquilo não tinha sido nada pra mim. Ele apenas levantou a sobrancelha surpreso com o que eu disse.

-Se você está dizendo...

  Foi a única coisa que ele comentou. Eu poderia até tentar imaginar o que se passava naquela cabeça mas desisti antes de quebrar minha mente. Deve ter um labirinto sem logica naquele cérebro.

  -Isso, exatamente. Entendeu o limite né?

  Perguntei só pra deixar claro.

-Ah sim, sim, eu entendi. Agora me fale sobre você.

   Me surpreendi com o pouco caso inicial e depois o interesse em mim.

-Eu?

Perguntei.

-É você. Só sei que se chama Samara Oliver, é comissária de bordo, gostosa, mora só, é cigana e tem mão pesada e uma bunda perfeita. Quero saber mais.

  Dessa vez fui eu quem levantou a sobrancelha. O apanhado de informações que tinha sobre mim era vago e pobre e ridículo.

   E minha bunda era perfeita mesmo?

Por mais que eu sentisse falta de ter uma conversa normal com algum ser vivo, eu não faria isso com Erick, mesmo quando meu corpo quase me fazia expulsar as palavras para ele.

  Não podia confiar nesse homem, ele é uma maldição na minha vida, momentânea.

  - A questão aqui não sou eu, se não se lembra, você tem que me fazer gostar de ti, então sugiro que comece a tentar, falando de você não de mim.

  Revirei a situação.

  Erick tomou um gole de sua bebida, abandonou o copo vazio em cima do balcão.

  - Bom...eu tenho uma família. Dois irmãos e minha mãe. Meu pai morreu tem muito pouco tempo, sabe.

Vi um pesar ou tristeza em seu rosto. O lance foi rápido, questão de segundos, mas eu pude saber que ele amava o pai e apesar de eu não saber nem entender o que é um amor mutuo nesse caso, me vi na necessidade de dizer alguma coisa reconfortante.

-Eu sinto muito.

  Minha voz saiu meio sentimental demais para o meu gosto.

-Eu também sinto muito. Ele era meu herói. E ainda é aliás, mesmo depois de morto.

  Erick sorriu pensativo.

-Como assim?

  Me deixei levar pela curiosidade.

-Ele mandou cartas para nós. Bom, na verdade para meu irmão Christopher, mas...é uma longa história.

-Cartas? Como assim?

Ele sorriu de lado como se tivesse me pego no flagra me interessando por algo que vinha dele.

-Só curiosa.

  Me expliquei.

-Sei..bom, ele sofreu um acidente junto com um amigo. O amigo morreu e ele ficou uns dias no hospital. Ele usou esses dias para bolar um plano de colocar Belle, a filha do amigo que morreu, como clausula de testamento, sob os cuidados do meu irmão Chris até que completasse a maior idade, no caso 21 anos quando ele teria sua herança em definitivo e ela também. Mas ele nos conhece tão bem que até adivinhou que levaríamos a garota pra Vegas.

-Vegas?

Voltei a perguntar, mas eu não podia me controlar diante de tal história.

-Sim, foi ideia de Marrie. Em uma carta ele disse que teríamos de ensinar o lado bom e o mal da vida. O que melhor do que Vegas?

  Eu queria muito rir disso, mas me controlei. Eles pareciam uma unida família de malucos, mas soava bem divertido.

-Não faço ideia!

  Respondi, ele continuava rindo e prosseguiu contando.

-Bom, ai foi uma confusão daquelas, a garota sumiu em um apagão na boate e descobrimos que ela podia estar com dois prostitutos.

-Oh meu Deus!

  Exclamei me deixando levar pela graça da situação. Coloquei as mãos na boca.

-No fim deu tudo certo. Os putos eram honestos e Belle estava sã e salva no quarto do hotel enquanto a gente virava a madrugada procurando por ela. Agora Chris está apaixonado tentando conquistar a garota.

  Eu gargalhei e ele me acompanhou. Essa história era muito legal, eu tinha que admitir.

-Vocês não são normais...

Erick ficou me encarando de uma forma estranha.

-O que?

  Perguntei meio desconfiada.

-Você rindo abertamente. Não sabia que poderia ficar mais bonita, mas acredite, ficou. Deveria fazer isso mais vezes.

  -Oh...nem vem, ta tentando me seduzir.

  Parei de rir mas não totalmente. Apontei pra ele como se fosse uma criança levada.

-To conseguindo?

  Me olhou sério, com os olhos nos meus de uma forma tão intensa que fiquei com medo que ele pudesse ler o meu pensamento.

-Não, piloto, não conseguiu.

Voltei ao meu estado normal e ele também, recolocando um sorriso cafajeste no rosto.

-Não importa, uma hora eu consigo.

Ele piscou pra mim e eu fiquei sem jeito, mas creio que consegui esconder isso muito bem.

  Mesmo não querendo admitir, não pra ele, mas aquelas horas de conversa foram muito divertidas. Ele tinha um amor incondicional a família e disso eu não poderia ter dúvidas. Erick era um cara bem estranho, aliás...e infelizmente o carisma que ele tem é malditamente grande e você acaba gostando dele mesmo quando quer odiá-lo.

Ele teve a gentileza, ou a esperteza, de me levar de carro pra casa. Claro que tentou me beijar no carro quando eu ia sair, mas eu escapuli e a última coisa que ouvi foi seu riso alto antes de fechar o portão.

  Eu não olhei pra trás.

  Nos próximos dias eu não o encontrei, não pegamos voo juntos e ele não entrou em contato comigo. Eu não sei o que aquilo significava, mas agradecia pela folga. Eu não queria problemas, não queria ser perseguida por ele e era melhor desse jeito. No final da semana ele me viu correndo pelo saguão e piscou pra mim. Foi tão discreto que ninguém a minha volta percebeu e nem tinha como, mas eu sorri e me arrependi logo em seguida.

  Na segunda pegamos o mesmo voo e foi pra Vegas, o que virou assunto para ele ir me procurar na cozinha. Por sorte era um voo rápido, então eu me livrei de ter que aceitar um encontro por lá.

  Fiquei com imenso medo de ir pra aquele lugar com Erick Collins e acordar horas depois casada com ele. Do jeito que é doido, não duvido nada disso.

  Ele estava mesmo respeitando meu tempo. Não estava invadindo meu espaço, nem me soterrando de convites e cantadas como eu pensei que faria, e isso me deixou surpresa e até agradecida. Se eu soubesse que baixar um pouquinho as barreiras o faria pegar leve, teria pensado nisso antes.

  O que se passava por sua cabeça? Eu não sabia o que dizer. Só me pegava pensando nisso e tentando descobrir se ele era realmente esse cara desencanado e respeitador ou era um jogo perfeito pra me fazer pular em seu colo.

  No final do mês, eu estava organizando minhas coisas para ir para casa e ele chegou, meio afobado, quase correndo, o sapato derrapou quando ele tentou fazer uma parada brusca e eu ri disso.

-Oi cigana, como está hoje?

  Perguntou meio animado demais.

  -No momento, to curiosa.

   Admiti, ele sorriu.

-Não cansa de ficar na defensiva, mulher?

  Fiz que não com a cabeça.

-Bom, não importa, vamos sair hoje a noite!

  Afirmou.

-Pra onde?

   Ele sorriu de um jeito sinistro.

  -Vamos na festa de meu irmão e Belle.

  -O que?

    Perguntei surpresa e assustada.

  -Você não pode me dizer não. Hoje irá conhecer minha família!

-Eu não!

-Você sim!

Eu não estava mesmo conseguindo acreditar na situação em que ele queria me colocar, mas confesso que estava muito inclinada a aceitar e conhecer aquelas pessoas de quem ouvi falar ao mesmo tempo em que eu de jeito nenhum queria me envolver mais com esse cara ou cair em seu plano, seja ele qual for.
 




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