Quinto

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Não consigo entender como esse homem consegue mudar de humor como um flash. Uma hora ele consegue ser um homem adorável, e na outra hora ele é um grosseiro, estúpido, que não respeita ninguém.

E bom, era esse Jorge que eu teria que lidar hoje, o Jorge estúpido e grosseiro.

Entrei no meu quarto, e fecho a porta com força, e isso acaba fazendo um barulho muito grande, vou até o banheiro e tomo um bom e demorado banho quente. Essa era a quinta vez que eu tomará banho, desde o que houve na noite passada, ainda não tinha conseguido esquecer as mãos daquele homem me tocando, e do horrível gosto da sua língua, invadindo minha boca forçada. Escovo os dentes de forma agressiva para tentar esquecer qualquer lembrança daquele homem.

Caminhei até o meu closet, e vesti um vestido curto, e logo depois me deitei na cama, mesmo tendo acabado de acordar, eu só queria voltar a dormir, não pretendia ir para a faculdade, hoje eu só queria ficar no meu quarto e dormir o dia todo, sem ver ou ouvir ninguém, e principalmente ficar bem longe de Jorge Salinas.

Quando estou quase pegando no sono, escuto alguém batendo na porta, mais não estou com a intensão de abrir a porta, penso que se eu ignorar totalmente a pessoa vai embora, mas muito pelo contrário, essa pessoa continua batendo na porta.

Levanto irritada, e quando abro a porta do quarto, vejo o Jorge.

- vamos?- ele chama, mais não entendi, vamos pra onde?

- o que ? Vamos pra onde?- pergunto confusa.

- a delegacia Sílvia, temos que prestar queixa sobre o que houve ontem.

- eu não quero ir pra delegacia- afirmo.

-nós temos que ir- ele diz com firmeza.

- mas eu não quero que ninguém fique sabendo do que houve- falo choramingando.

-mas temos que denunciar isso Silvia.

- ta, você venceu, vou trocar de roupa e nós já vamos- falo e fecho a porta.

                            (...)

Estamos há uns vinte minutos parados no trânsito, o Jorge já estava ficando irritado, estávamos em um atormentador silêncio, não estávamos nem nos olhando, e isso já estava me deixando um pouco exausta.

Para uma tagarela como eu ficar em silêncio por muito tempo é quase impossível, mais até agora eu estava indo muito bem, mais ele quebrou o silêncio.

- eu posso ir amanhã com você visitar o túmulo da sua mãe?- ele pergunta, me deixando surpresa, virei meu rosto em sua direção.

- é serio isso?isso é uma brincadeira né?-pergunto ainda incrédula.

- eu por algum acaso, pareço o tipo de homem que brinca com essas coisas?

- não, bom é que mais cedo, você falou que não iria comigo, então por que mudou de opinião?

- bom... Eu não tenho nada de melhor para fazer, então não vai me custa nada ir com você ao túmulo da Suzana.

- você só quer ir comigo porque não tem nada de melhor pra fazer? Serio isso? Ela era a sua cunhada- falo irritada.

- serio, ou você acha que só por que ela era minha cunhada eu sou obrigado a amar ela, e idólatra como você faz- ela fala me olhando como se fosse me bater ou devorá-me.

- eu não tenho idolatria por ela, mas ela é a melhor pessoa que eu já conhece- falo e meus olhos se encheram de lágrimas.

- se você soubesse da verdade- ela sussurra para sí próprio, em um tom quase inaudível, mais ainda consigo escutar.

TraiçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora