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A história que você está prestes a conhecer aconteceu há muito tempo, mas isso não faz dela velha, ou antiga. Livros existem para isso, para deixarem os fatos eternos, fixados nas linhas temporais das pessoas não permitindo que sejam esquecidos.
É por isso que escrevo, sempre escrevi. Nunca quis ser esquecida. Ser apagada pelas passadas do relógio. O tempo nunca acaba, mas tem esse poder de nos afundar em suas horas e segundos pesados. Ele é rabugento e rancoroso. Ele não pode acabar então nos derrota com sua fome raivosa e faminta. Escrever é uma boa artimanha para desafiar esse adversário tão implacável.
Nessa minha luta incansável de nunca ser esquecida creio que esse seja o meu maior golpe, porque nele descreverei todo o meu tempo, todos os meus segundos, todas as minhas horas vividas, todo o eterno que durou até aqui. Não foram tempos fáceis, mas de fato inesquecíveis...
Sou Maria Clara Martins Souza, nasci em 1843 numa fazenda no interior de Minas Gerais onde vivo até hoje. A história que vou contar agora começa quando ainda tinha meus leves e inconsequentes 17 anos...
Estava entediada jogando conversa fora com a cozinheira e amiga. Era sábado e estava abafado, provavelmente ia chover no fim da tarde. Bete, como costumava chamá-la, estava tagarelando sobre como seria bom rever Olavinho e sua esposa, já que só a vira nas bodas.
- Não seja tão tola Elizabete, Olavo não virá esse fim de semana! Ele manda essas cartas para que mamãe não chore tanto aos almoços de domingo. E você não mate tantas galinhas a toa.
A verdade era que meu irmão quase não vinha a fazenda desde que fora até São Paulo estudar direito, cerca de quatro anos antes, e menos ainda depois que se casara com Anna Eliza há seis meses.
- Mas, Clarinha, seria bom de qualquer forma.. a moça, tal Anna, precisa se interar mais da família, você não acha? – Eu não ligava muito para essas coisas. Na verdade quem ligava era meu pai, Afonso. Ele adorou o casamento de Olavo com Anna, pois ela provinha de uma família emergente de produção de café de São Paulo, tudo o que ele mais poderia desejar, já que começara a plantar em uma parte da propriedade o grão negro, apesar do forte da fazenda ter sido sempre o leite e o queijo mineiro.
- Sei lá Bete.. só sei que preciso arrumar algo para fazer.. Onde está mamãe afinal? – Dália Martins era uma jovem senhora no auge dos seus 40 anos que adorava flores e tricô. Sempre que podia palpitava nos meus romances, que eu estava começando a escrever, nas minhas cavalgadas pelo campo que ela odiava que eu fizesse ou na comida de Bete. Naquele dia ela não estava em nenhuma dessas tarefas e eu estranhei.
- Dona Dália pediu ao cocheiro que a levasse a vila. Ela estava precisando de mais lã, linha, e todas essas coisas. Mas acho que na verdade.. ah me desculpe... – A cozinheira de bochechas rosas ficou ainda mais rosada.
- Que foi? – Ela também era bastante futriqueira, eu sabia que viria uma boa fofoca de toda aquela vermelhidão.
- Bem.. soube que há vizinhos novos na fazenda próxima.. acredito que ela também quis dar uma olhada. – Eu sorri.. aquilo era de fato algo que mamãe faria discretamente.
- Certo. Já que ela não está aqui para encher os meus ouvidos de lamentações e preocupações vou pegar Noite e dar um passeio. – Me levantei e Bete largou a colher com força na panela de pedra, me assustei.
- Não faça isso menina!
- Que escândalo Elizabete! Qual o problema? – Não tinha gostado do tom que ela havia usado.
- Não sei.. algo ruim... ahh Maria Clara... não vá! – A olhei e de fato ela tremia. Me aproximei e peguei nas mãos dela.
- Se acalme Bete, não há nada... Até parece mamãe.. Você está assim porque está armando chuva, mas prometo que volto antes dela, só darei uma volta dentro da fazenda mesmo. Além do mais Noite é muito veloz, tenho certeza que somos mais rápidos que as nuvens, sim? - Sorri confiante para ela e dei um beijo em sua bochecha, que ao contrário do que esperava, não estava quente.
Se eu tivesse ouvido os presságios de Elizabete Oliveira naquela tarde de janeiro de 1860, eu teria evitado muita dor, muitos sofrimentos, mas teria evitado muitas alegrias, muitos sonhos, muitas histórias, e conseqüentemente teria evitado esse livro.
Então, vamos as linhas que escrevi... e vivi..
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As Linhas que Escrevi
RomantizmTudo que eu queria da vida era escrever meus livros e me tornar uma mulher culta, como poucas podiam. Até que conheci João. Um homem maravilhoso, por quem me apaixonei no primeiro instante que vi. Porém, ele tinha um problema, era casa, com Larissa...