Ela falto a semana seguinte aquele acidente e eu não conseguia me concentrar nas aulas e nem no time de futebol do Colégio. Mais uma semana sê passou e Luna não aparecia. Todas as noites quando eu ia dormir eu pensava em ir até lá pedir desculpas e explicar. Mas sei lá. Não tive coragem.
Somente na terceira semana de faltas dela foi que resolvi ir lá.
Comprei um buquê de flores roxas porque sabia que ela gostava de cores escuras. Fui até até casa dela e quando toquei a campainha seu pai logo atendeu. Ele parecia estar bem bêbado. Seu hálito o desmascarava.
Ele me viu e logo chamou a Camilla.
- Camilla, tem um rapaz bonito aqui, acho que é seu namorado.
Uma coisa em particular que gosto muito em bêbados, é sua sinceridade, tudo o que lhe vem a cabeça ele fala. Acho isso muito legal. Mas logo lhe respondi ficando meio envergonhado.
- Não senhor, eu vim ver a Luna e me desculpar...
Ele me enterrompeu.
- Sinto muito, mas a Luna não mora mais aqui.
- Volta pra cá amor. Quem está ai? - falou Dona Cláudia, mãe de Luna que se aproximara e que também parecia estar bêbada.
- Como assim não mora mais aqui? - perguntei. - Ela foi para onde?
- Não sei, ela some de vez enquando, mas dessa vez está demorando muito. - disse dona Cláudia.
- E vocês não se preocupam?
- Não. - disse o pai.
- Posso entrar?
- Não. - respondeu ele denovo.
- Posso pelo menos dar uma olhada no quarto dela?
- Não. - repetiu. - vai embora moleque.
- Ok, tenham uma boa noite.
Eu saí de lá meio confuso e até começando a entender o porque que Luna era daquele jeito.
Segui para casa e fui me deitar já que já estava ficando tarde.
Enquanto estava deitado me lembrei do diário que ela escrevia mas aulas e em casa e logo pensei. " será que aquele diário pode me ajudar? Talvez tenha alguma pista nele."
Me levantei rápido e vesti um blusão preto que tinha guardado no meu guarda-roupa mas que não usava muito.
Saí pela janela silenciosamente tentando não ser percebido e fui até o quintal da casa de Luna e vi as luzes da sala ainda estava ligadas. Olhei pela janela e ví Dona Cláudia e Seu António deitados no sofá dormindo, talvez tenham desmaiado de tanto beber Já que havia bastante bebida sobre eles e algumas garrafas espalhadas pelo carpete.
Fui até os fundos e entrei pela pequena porta que ali havia. Passei devagar pela sala e subi as escadas indo para o quarto de Luna. A porta não estava trancada, então entrei e comecei a vasculhar.
Passei mais ou menos uns dez minutos procurando até que achei o diário embaixo do colchão coberto por uma sacola plástica. Talvez para não estragar quando os meninos a jogassem na lama. Peguei rápido e saí logo daquela casa e fui para a minha.
Quando entrei ninguém havia acordado ainda. Guardei o diário embaixo da cama.
Acordei de manhã uma hora mais cedo por estar ansioso para ler. Quando tirei do saco ví que havia um cadeado simples que vem naqueles diários baratos de mercado. Peguei uma tesoura e abri o cadeado e na primeira página havia uma pequena sacolinha com várias giletes e outras lâminas dentro e um papel colado do lado de fora do saco que dizia: "meus únicos amigos estão aqui". Fiquei imaginando ela se cortar com aquilo. Parecia bem cinistro.
Passei algumas páginas e vi umas frases destacadas de vermelho. Talvez fosse sangue, ou então só tinta vermelha mesmo. Diziam:
Morte
Suicídio
Amor desconhecido
Mal tratos
Desprezo
Cortes
Morte
Desprezo
Amor
Enzo
Suicídio
Espera aí, "Enzo"? Como assim? Por que meu nome está ali?
Fiquei me perguntando até que resolvi ler o resto do contexto que falava sobre mim.
" Querido diário, não sei o que dizer sobre isso, mas acho que me apaixonei."
Eu olhei d um lado para o outro e pensei se ela falava de mim e curioso continuei.
"Mas acho que ele não gosta de mim. Porque, além do mais, o Enzo tem a Larissa. Ela é a menina mais linda do Colégio todo e a mais cobiçada pelos garotos."
Continuei e haviam mais e mais páginas falando sobre mim. Ela sabia tudo o que eu gostava. Parecia uma louca obsessiva. Dava até um medo.
Ela sabia o que eu gostava de comer, jogos preferidos, jogadores favoritos, cor, altura, peso, alergias, gosto musical, filmes, entre outros. Num momento bateu até um medo dela.
Não consegui terminar de ler e minha mãe logo bateu na minha porta e eu escondi rápido o diário embaixo do lençol e logo respondeu.
- Acordei! - me levantei e fui me arrumar para ir para a escola.
Quando cheguei na escola estava com o diário dentro da minha mochila e fui recepcionado como sempre, cheio de abraços e beijos.
Passei todo o resto do dia pensando naquilo, eu até que tentaria ler ali, mas não dava, iam tirar sarro de mim, principalmente se descobrissem se era da Luna.
Então esperei até ir para casa para ler.

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A dama do caos
Mystery / ThrillerDesde muito nova, Luna sofre com bullying, tanto físico quanto psicológico. Foi desprezada por seus pais que davam atenção apenas aos irmãos mais novos dela e seu único amigo era um velho diário. Aos quinze anos ela se apaixonou por um rapaz de s...