A dama do caos

Caos 7

    Quando acordei, segui logo a me arrumar, já que não ouvi meu despertador tocar, provavelmente por estar em sono pesado. Portanto, quando desci para a cozinha minha mãe já havia feito meu lanche.

   - Dean. Você está atrasado! - disse ela em um tom que parecia estar brigando comigo, mas a preguiça deixada pelo sono não deixou isso muito perceptível. 

   - Eu sei, já estou indo. - pus a mochila sobre a mesa, pus o lanche em uma sacola e após dentro da mochila e seguindo para fora. Peguei minha bicicleta, já que o escolar já havia passado. Fui bem rápido e chegando lá, deixei minha bicicleta onde os famosos da escola colocavam as deles.

   Passou-se no máximo 2 minutos e o primeiro toque foi disparado. Então sem comer fui a sala. Porém dessa vez foi diferente. Larissa não veio para perto de mim, ela apenas estava com Marcos e alguns outros meninos conversando. Quando resolvi me aproximar eles logo me olharam e pararam de falar. Foi muito estranho, mas tentei disfarçar, dei um "oi" para todos e segui até minha cadeira. 

   Será que foi por causa de ontem no parque? É bem provável. Eu seu que não foi muita coisa, mas a Larissa sempre foi bem dramática quando não consegue o que quer. E até onde conheço ela, é bem provável que ela esteja aprontando contra mim. Só temo se ela se juntar com a Clara e a Sarah, essas meninas são cruéis e quando o assunto é vingança essa dupla é mestre no assunto.

   Quando bateu para irmos ao intervalo, ninguém falou comigo, somente a desinformada da Ruth, essa garota nunca está por dentro dos assuntos, tanto em matérias como boatos de alunos. 

   - O que houve? está tão estranho hoje. Essa escola está com um ar estranho. - disse Ruth, pela primeira vez percebendo algo que acontecia na escola. 

   - Não sei, mas parece que o que está acontecendo é culpa minha. - respondi

   - Eita, o que você fez? - continuou ela.

   - Ontem discuti com a Larissa. - sussurrei pra ela já olhando ao redor e as pessoas que passavam ficavam me olhando pelos cantos e sussurrando coisas entre si, isso já estava me amedrontando. 

   - Você já pode se considerar um cara morto. - disse ela - lembra daquele moleque da sexta série? 

   - O Bob, lembro sim. 

   - Pois é, cuidado para não parar que nem ele.

   Bob teve que sair da escola depois do que aconteceu. Ele inventou de fazer piadinhas porque Larissa havia pintado o cabelo e acabou sendo espancado, banhado em tinta e cola e jogado penas nele. Ninguém conseguiu provar quem fez aquilo, ele apenas acusou Marcos e Larissa, porém, como não havia visto por ter sido uma ação rápida o suficiente para não acreditarem que Larissa estava no meio disso e também por não haver testemunhas, pois ninguém queria ir parar no meio dessa treta, então, sem prova nenhuma, os pais dele removeram o garoto da escola e se mudaram, agora saber onde ele está, ninguém sabe.

    - Sei. Valeu. - pela segunda vez ela estava certa. Que estranho, realmente algo de errado estava acontecendo. 

    Me despedi dela e segui até a biblioteca novamente, nunca gostei daquele lugar, mas era o único canto que eu sei que ninguém que falava com Larissa ou Marcos entraria. Ao entrar já olhei ao redor e pus a mochila sobre uma mesa e me sentei. Logo peguei meu lanche e comecei a comer. Enquanto comia olhava atentamente ao redor até resolver pegar o diário da mochila e começo a ler.

   "03/15 = reciprocidade... parece que isso não existe, pelo menos não no meu caso. E nem para algumas outras pessoas, porém no meu caso é quase inacreditável como o mundo conspira contra mim..."  

   Uma sensação estranha me possuía. Arrepios em meu corpo e aquela sensação de estar sendo observado aumentava cada vez mais.

   - Oi Enzo. - disse Ronald chegando por trás me causando susto.

   - Ah.É você. Pensei que era um dos seguidores da Larissa.

   - Já sei de tudo. 

   - Como assim? - perguntei já ficando bastante curioso e fechei o diário.

   - Soube que Larissa se encontrou com Clara e Sarah ontem a noite e planejaram algo contra você. 

   - Disso eu também estou sabendo...

   - Porém, elas pretendem lhe pegar hoje na hora da saída. Vi Sarah chegar com algumas ferramentas e gets de tinha. Acho melhor você ir pegar sua bicicleta e pô-la em outro canto.

   - Como assim? Como sabe que vim de bicicleta? 

   - Já vos disse que tudo o que acontece aqui eu fico sabendo? Nada escapa das minhas garras. - disse ele em um tom um tanto amedrontador e soltando uma expressão facial sádica.

   - Ok.Ok. Mas, o que eu faço?

   - Faça o seguinte, - ele sentou sobre a mesa que eu estava, olhou ao redor e sussurrou - sua aula agora é de matemática, a aula que literalmente todos dormem e na sala da Sarah é de história, que também leva muitos ao sono profundo, principalmente ela. Então, durante a aula fique de olho no horário. Sempre as 14 e 20 todos os seguranças e o porteiro vão a sala dos professores para comer, duram em média 10 minutos, esse é o tempo que você tem para sair de sala, seguir até o "estacionamento", pegar sua bicicleta e trazê-la até aqui, já que hoje a bibliotecária está gripada e não pode vir. Então você trás ela até aqui e no final da aula você segue diretamente para cá. Existe uma saída por trás da escola.

   - Eu não sabia dessa saída.

   - Ninguém sabia. Apenas eu e a bibliotecária. Continuando: você vem aqui que eu te guio até ele e você sai. E a única rota a seguir que não pegue nenhuma das rotas conhecidas por Larissa e Marcos é a seguinte. - então pegou um papel na minha mochila e começou a desenhar enquanto falava - quando você sair pela abertura vai seguir a única rua e virar na segunda esquina a esquerda e segue novamente e vai parar em um cruzamento onde bem aqui, a direita há um mercantil e você vai virar naquela rua. E por ser a única rota, você vai ter que passar por dentro do mercado central  e chegando ao outro lado  vire a direita e na terceira esquina a esquerda vire novamente e siga em frente até parar na sua rua. Daí é só ir para casa.

   Logo o sinal tocou e como ele disse, quase todos dormiam na aula de matemática. Fiquei de olho no relógio e quando deu 14 e 19 me levantei e segui até o professor e pedi pra sair. Segui atento e vi de longe os dois guardas e o porteiro indo até a sala dos professores, então acelerei o passo já que a quadra era um pouco longe, peguei minha bicicleta  e segui até a biblioteca, Ronald me esperava na entrada. Ao entrar ele me levou até os fundos da biblioteca e lá pus minha bicicleta e pude ver que havia uma porta lá que estava aberta e de longe pude ver o buraco do muro. Então deixei minha bicicleta lá e voltei a sala. Esperei até tocar, e quando tocou o sino para a nossa saída eu logo saí bem rápido indo até a biblioteca e Ronald me guiou até a saída. Ao sair peguei o papel que ele havia desenhado o mapa e segui tudo certo. Parando na rua de casa olhei ao redor e logo entrei levando minha bicicleta ao meu quarto.