O silêncio reinou por algum tempo, até que resolvi olhar meu relógio, já estava ficando tarde, eu tinha que ir, tinha um longo caminho para seguir. Me levantei.
- Tenho que ir Luna.
Ela nem respondeu, apenas balançou a cabeça em sinal de sim. Quando ia caminhando ela se virou e me perguntou: "Você pode vir amanhã?". Então eu parei e me virei sorrindo.
- Claro que posso. Vai querer que eu lhe traga algo?
- Pode me trazer pizza?
- Não tenho certeza, vou ver como está meu banco, mas possivelmente eu traga.
- Obrigado. - disse ela que sorriu para mim - pode me trazer mais filtro solar, o meu já está acabando?
- Sim. - então levantei minha bicicleta.
- Não diz pra ninguém, por favor. Não diz que me encontrou.
- Tudo bem. Não direi. - respondi e saí indo para casa, ela me mostrou um caminho alternativo para não precisar ir pelo barranco.
Meu caminho para casa foi calmo. Eu estava muito feliz, enfim achei quem eu tanto procurava. Realmente foi um premio ter a encontrado. O vento balançava meus cabelos e me arrepiava por estar frio e úmido. Ela não saia de minha cabeça, até quase caí pelo caminho por causa disso. Resolvi parar de pensar nela um pouco para criar uma desculpa do porque estar chegando tarde.
Quando cheguei em casa eram mais ou menos umas 22:30. Esse horário ninguém está dormindo lá em casa. Logo que entrei minha perguntou aonde fui.
- Teve treino e reunião do time para decidir sobre o campeonato, mãe. - respondi. O suor que havia em mim deixa isso mais realista, isso fez com que ela acreditasse.
- Tudo bem, mas da próxima vez avise, eu estava preocupada. - disse ela - agora vá tomar um banho, vou por sua janta.
- Ok. - respondi e logo fui ao meu quarto pegar outra roupa e fui ao meu banheiro.
" agora só tenho que descobrir como ir amanhã. Sábado raramente fico muito tempo fora." - pensei enquanto me banhava. Logo que saí. Fui até a cozinha, sem camisa, já que ia apenas comer.
- Mãe, a Larissa e uma galera estavam me chamando para sair amanhã. Que uma prima dela vai fazer aniversário e ela quer que eu a acompanhe, vai durante a manhã e a tarde. Chego em casa antes do por do sol.
- Aonde vai ser isso? - perguntou ela enquanto cruzava a cozinha em busca de algo.
- Do outro lado da cidade, perto da praia. Aniversário de 15 anos mãe. É clássico esse aniversário ser épico.
- Não vai levar nenhum presente?
- A Larissa disse que não preciso, já que vou de acompanhante dela. Mas acho melhor levar algo, acho que no caminho vou parar em algum canto pra comprar alguma coisinha, só para não dizer que não comprei nada.
- Antes de sair me chame. Vou lhe dar um dinheiro. Vão de que?
- O tio dela vem buscar a gente. Ele vai vir bem cedo.
Sabe, tudo bem que minha mãe me enche de perguntas antes de sair, mas ela sempre acredita em mim. Ela não é daquelas que vai sair ligando pra todo mundo que conheço para saber se é verdade ou não. Então logo fui me deitar.
Adormeci.
- Enzo? Está acordado? - disse Luna.
Abri os olhos e estava na praia, o sol escaldante ardia em meus olhos. O belo som das ondas penetrava em meus ouvidos e a brisa fresca batia em meu rosto. Luna entrou entre meus olhos e o sol provocando sombra.
- Até que enfim você acordou. - disse Luna novamente me ajudando a me sentar.
Olhei para cima, não era mais o sol que estava ali e sim a lua, mesmo estando claro. Luna me levantou, ela usava uma roupa de palha, como se fosse uma índia. Ela me levou até a fogueira, lá estavam sentados, Larissa, Marcos, Clara e Sarah.
Me sentei e Luna ao meu lado.
- Enzozinho, - disse Larissa se virando para mim - viemos nos desculpar.
- Mas... como descobriu esse lugar? - perguntei um tanto confuso.
- Sei lá... só vim. - respondeu Larissa dando de ombros.
Sabe, tudo estava bastante estranho. Pelo menos para mim.
Pelo menos Larissa e os outros estavam de boa comigo. Mas. Em um certo momento que eu os observava, eles simplesmente tiveram suas bocas costuradas em questão de um flash, tudo mudou, o mar ficou vermelho sangue e o céu também. Larissa, Marcos, Clara e Sarah em flash mudavam de forma, ficando cada vez mais deformados, até que em um último flash eles estavam no chão, havia muito sangue em mim e eu segurava uma faca ensanguentada e Luna me olhava do outro lado dos corpos estirados na minha frente. Ela sorriu para mim.
- Obrigada, Enzo. - disse ela - você realmente está me protegendo.
Ela passou entre os corpos vindo até mim e me olhou bem próxima.
- Eu te amo... Enzozinho. - então veio para me beijar, só que antes que pudesse, seu semblante mudou para o rosto de Larissa e dessa vez quem estava deitada morta era Luna.
Logo a joguei para trás, ela caiu no chão. Não estávamos mais na praia, estávamos naquela rua em frente a escola, Luna que havia virado Larissa voltou a ser Luna. Estava sobre uma possa de lama, os alunos ao redor rindo dela, eu com meu canivete na mão, Luna com sua camisa rasgada, assim como naquele dia. Até que levantou e correu.
Larissa veio até mim pelas costas e me abraçou.
- Sabe, Enzo. Ela é tão idiota e inútil como você, se deixa levar por brutamontes na escola. Ela assim como você merece a morte. Vocês se merecem sabia. Dois idiotas, iludidos, sonhadores. Vocês dois merecem a morte. Só a morte serve a vocês.
Então, quando me toquei e olhei para baixo, eu mesmo havia posto meu canivete em minha barriga que já enchia o chão de sangue. Todos ao meu redor viraram um tipo de massa negra que ria de mim e repetiam incessantemente " à morte".
Caí de joelhos com as mãos sobre o ferimento. Ao cair de rosto no chão, virei de lado, minha visão estava turva, mas alguém se aproximava de mim e se agachou na minha frente e com uma voz feminina sussurrou em meu ouvido. "Concerte enquanto ainda há tempo de concertar."
Então acordei...
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A dama do caos
Misteri / ThrillerDesde muito nova, Luna sofre com bullying, tanto físico quanto psicológico. Foi desprezada por seus pais que davam atenção apenas aos irmãos mais novos dela e seu único amigo era um velho diário. Aos quinze anos ela se apaixonou por um rapaz de s...