Primeiro Dia Com o Ex Chefe

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Eu e Alex descemos com a Flor, tão logo o carro do Brendon estaciona diante do meu prédio eu o vejo fechando a cara, me aproximo do carro e vejo a silhueta da seca sentada no outro banco.

Eline.

Vaca.

--bom dia querida.

Ela puxa o óculos enorme pra baixo dos olhos e sorri pra mim, abro a porta de trás do carro e tento sorrir, vejo o filho deles sentado na cadeira ao lado da cadeira da Flor, entrego a mochilinha dela pra vaca e coloco a minha filha na cadeirinha, tenho a impressão de que o Brendon troca olhares desagradáveis como o senhor Anderson, ao mesmo tempo que Eline passa a língua nos lábios de uma forma muito obscena.

Acho que foi por isso que eu sempre odiei e irei odiar ela.

Eline é vulgar, ela usa de seu charme pra conseguir o que quer, usa o corpo pra ter o que quer dos homens, não foi diferente com o Brendon, eu sempre soube que ela era uma vagabunda desde o primeiro momento, claro, o meu primeiro momento com ela não foi muito agradável, eu a encontrei numa cama fazendo sexo com meu noivo, alguém que na época era minha única família, alguém que eu amava profundamente, meu amigo, meu confidente, Brendon foi tantas coisas minhas, inclusive o meu primeiro... e único.

Afasto o pensamento, ao mesmo tempo vejo uma fileira de carros se formando atrás deste, beijo a cabecinha da Flor e fecho a porta.

--Eline... muito prazer--a perua fala estendendo as unhas de gel de cor vermelhas pra fora da janela.

--Alex--ele responde e sorri muito gentilmente pra ela.

Odeio isso.

--vem Heitor--chamo impaciente--Brendon, reunião as onze não esquece.

--ok--Brendon me olha com cara de quem comeu e não gostou--cuidado.

Esse "cuidado" soou como "fique longe dela".

Me Afasto e Alex vem logo atrás, ele realmente chama muito atenção por onde passa, primeiro por que é alto, segundo por que ele é francamente um homem muito diferente dos brasileiros, o porte dele é mais firme, de longe se vê que ele não é daqui.

Andamos pela calçada, mantenho minha bolsa de lado, já conversei com a madrinha, está tudo resolvido, ela me deu um dinheiro, vou abrir um ticket pro Alex pra pagar as passagens de ônibus dele nesse primeiro mês, já falei com as meninas do financeiro, só preciso que ele me dê sua conta bancária, resolveremos isso logo que chegarmos a empresa.

--ele sempre faz ceninha de ciúmes quando alguém se aproxima de você?

Me surpreendo com a pergunta de Alex, ele está olhando envolta, curioso, com certeza o bairro é muito diferente do que ele está acostumado, aqui é movimentado, tem carros pra todo lado, o bairro é bom e considerado um dos lugares mais caros de Sampa, tento encontrar uma resposta tranquila pra sua pergunta, minha vida não tem nada a ver com os interesses de Alex.

--Brendon não fez cena de ciúmes, acho que é impressão do senhor.

Pego minha carteirinha na bolsa, o dinheiro na carteira.

--você só tem que fazer o que eu fizer senhor Anderson, sua passagem.

--obrigado.

Estranho um pouco o jeito gentil no qual Alex fala comigo, eu realmente acho que ele está precisando muito de mim neste momento, prefiro acreditar que seja por isso pois este homem que ele é hoje ele nunca foi comigo na sua antiga empresa.

Descemos pro metrô, nosso percurso é silencioso, passamos pela catraca e vamos pro ponto, algumas moças que estão aqui ficam comendo Alex com os olhos, ele olha envolta muito curioso, parece realmente demonstrar algum interesse pelo lugar.

--estou esperando você responder a minha pergunta--fala ele se inclinando na minha direção, não consigo me mover--se já terminaram por que ele tem ciúmes de você?

--sou a... a mãe da filha dele Alex--respondo paralisada--que coisa!

--acho que ele não gosta de mim--coça a barba de um jeito charmoso--certo?

--Brendon não tem que gostar de você, ele é assim mesmo, depois se acostuma.

--ele não gosta de mim, e eu duvido que venha a gostar, mas não ligo.

A Autosuficiência dele é incrível, é algo que admiro mas que acho meio arrogante da parte dele, Alex é um homem muito firme em tudo o que faz, gosto disso nele também, mas essa firmeza é algo que acho que o torna também frio e grosso demais.

--lá vem o metrô, fica atento as portas, preste atenção nas cadeiras, não sente nas amarelas, e fique longe da porta.

--isso é um treinamento?

--bem vindo a sua nova vida!

É difícil acreditar que Heitor Alexander vai pegar um metrô comigo nesse momento, prefiro filtrar e deixar as risadas irônicas pra um instante de solidão, não cairia bem, mas a vontade de passar na cara dele não sai de mim.

O metrô para, puxo ele pelo braço e o mantenho ao meu lado, a multidão começa a se aproximar e mais uma dezena de pessoas sai apressadamente do metrô, ele os olha com curiosidade, parece um garoto contido no qual nunca vivenciou algo assim, pessoas e mais pessoas diferentes, de todos os tipos, roupas, raças, cores, religiões saindo de um latão com pressa.

Pra mim é algo comum, mas pra ele é algo novo, de certa forma não dá nem pra Alex disfarçar que essa é a sua primeira vez andando de metrô.

Logo que as pessoas saem eu seguro sua mão e o puxo pra que venha junto comigo, ele se apressa e conseguimos entrar, sufocados, o primeiro banco que vejo corro pra pegar, Alex se senta ao meu lado e suspiro colocando a bolsa no colo, ele me olha e me sinto fora de órbita por alguns instantes, percebo que ainda seguro sua mão, quando tento soltar ele entrelaça os dedos nos meus.

--fique aqui, não queremos que você me perca não é mesmo?

--a madrinha me mataria.

Ele sorri, assim espontaneamente, um grupo de estudantes está em pé do lado dele no corredor, o metrô lota e começa a se mover, as meninas carregam suas mochilas e olham pra Alex feito bobas.

--você vem pro meu colo--Ele fala e me puxa de repente subo e quando vejo Alex me coloca sentada em seu colo, coro--diga a moça com as sacolas que se sente aqui.

Olho pra uma mulher mais adiante com sacolas numa mão, estou ruborizada enquanto aceno pra ela, não acredito que Alex fez isso.

--aqui!--falo indicando o banco.

Ela passa por entre as pessoas e consegue se sentar ao nosso lado.

--obrigado moça.

--de nada!

Fico parada feito uma estátua tentando me acomodar em cima das pernas de Alex, ele mantém os braços envolta de mim.

--não quero imaginar o que ele faria se visse isso, seria impagável não acha?

Eu nem quero imaginar.




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Senhor Anderson (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora