Parte 2 - Uma nova jornada

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Parece que estou me acostumando a essa nova vida

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Parece que estou me acostumando a essa nova vida. Ou assim penso. Depois de tanto tempo no desespero, fugindo da realidade em busca de fantasmas, pois era mais fácil viver com eles do que com ninguém, encontrei um lugar para morar.

Parece algo ridículo. Apenas parece. Ter um teto e um local que posso arrumar, limpar e manter um cotidiano tem sido a minha salvação.

Fiz um estoque de coisas que consegui encontrar. Moro em um sobrado. A porta da frente é a única entrada, enquanto a dos fundos, a transformei em uma saída de fuga. Caso precise, tenho como correr por ela. Do lado esquerdo, uma casa térrea e do direito, outro sobrado. Esta rua, este lugar que estou, está bem preservado. Algumas árvores e muito asfalto. Consigo uma boa visão do que está acontecendo.

Faz algum tempo que pareço ter ficado "normal". Consigo durante o dia levar minha vida tranquilamente e a noite... a noite tento evitar os pesadelos.

A situação. De dia não acontece muita coisa neste mundo. O sol é muito forte e nem mesmo pássaros ou insetos eu consigo escutar ou ver. Não vejo insetos para ser franco. Não sei se agradeço por isso ou fico preocupado.

Ainda não encontrei nenhum corpo, o que me faz pensar: estou morto? Estou no inferno?

Aproveito a luz do dia para conseguir mantimentos e aumentar o meu raio no meu novo mapa. Encontrei um carro. Um mustang. Ele está na frente de casa. Estou fazendo algumas modificações nele para o deixar mais protegido. Sinto-me como em um filme antigo do Mad Max cada vez que coloco uma grade e proteções no carro.

Não sou mecânico. Por isso tudo demora mais.

A busca por água é sempre prioridade. Não posso pegar a água da chuva. Ela está contaminada. Nãos sei como não morri ainda. Mesmo assim estou com cicatrizes nas partes expostas. Meus dejetos são jogados há quilometros daqui. E quando volto, passo desinfetante na porta para que os animais não sintam o cheiro. Aprendi isso durante... não sei dizer. Antes tudo era confuso. Agora tudo é negro.

Quando a noite cai, é que sinto o verdadeiro pavor. Escuto barulhos e nada de ruídos. São rosnados e outros sons que nunca ouvi. Nenhum deles ainda nas casas ao lado.

Portanto sei que não devo sair a noite em hipótese alguma.

Ontem tive que correr de um gato. Estava no que acho ter sido o centro. Não consigo saber por tantas plantas que cresceram e coisas destruídas. Achava que o mundo quando terminasse seria um deserto. Não é.

As plantas são os maiores predadores. Tornaram-se uma verdadeira ameaça pois a cada canto, é uma armadilha de raízes, cipós, trepadeiras e folhas que tomam o chão. E quase cai em buracos várias vezes. E ontem, quando quase cai em desses, vi um gato me olhando. E por instinto, eu fugi. Não posso me dar ao capricho de achar que este lindo bichano vai ser o Gato de Botas.

Pelo menos meu humor está voltando.

Agora são... 18:40. Hora de me refugiar. Já os escuto lá fora.

O Mundo QUASE Sem NinguémWhere stories live. Discover now