Capítulo Quatro

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A cafeteria já havia sido aberta e os clientes costumeiros estavam chegando aos poucos. Sr. Haldin, tinha acabado de pegar o seu café duplo comigo, quando Hayley apertou minha cintura e eu pulei.

—Caramba, Hayley! Você sabe como eu odeio isso. –eu disse dando um tapa na bunda dela.

—Por isso eu fiz! Você estava viajando. –ela se encostou no balcão e apoiou seu rosto em sua mão direita.

—Na verdade, eu estava tentando entender o que aconteceu hoje mais cedo.

Alguns fios de cabelo loiro escorreram sobre o rosto de Hayley e ela tentava apanhar para esconder no coque bem feito.

—O que aconteceu? Está falando do Alex? –eu balancei a cabeça, negando.

—Eu quase fui atropelada. –minha melhor amiga abriu a boca, assustada.

Antes que eu continuasse ou que ela pudesse dizer algo, uma cliente chegou pedindo um expresso. Hayley se apressou em fazer, mas não tirou os olhos de mim. Ela cochichou algo como "como assim?", mas eu não respondi. Assim que a mulher foi embora, eu continuei.

—Eu quase fui atropelada, exceto por alguém ter me empurrado. Eu voei, Hay. –estendi os braços imitando meu "voo".

—Quem te empurrou? Ele era bonito? –eu ri.

—Eu não sei quem me empurrou. Ninguém viu. Olha, eu não estou ficando louca. Alguém me empurrou!

—Sem conversa, meninas! –Dona Marie apareceu e nós tivemos que voltar ao trabalho.

**

—Graças à Deus estamos livres! –Hayley abriu os braços e os entendeu para cima. —Quer dizer, eu estou livre, você ainda tem outro trabalho pela frente.

Coloquei meu avental no cesto de roupa suja da cafeteria e peguei minha bolsa no meu armário. Hayley estava sentada na pequena mesa enferrujada da sala dos funcionários. Eu gostava daqui, por mais que o lugar seja velho, mas é aconchegante.

—Eu juro que não entendo por que você trabalha tanto. Você tem dinheiro!

Eu coloquei minha bolsa sobre meu ombro e caminhei para fora da sala. Pude ver minha amiga descendo apressada da mesa e vindo em minha direção.

—O dinheiro não é meu. –respondi.

—Dos seus pais, que seja! –Hayley chutou o meu pé e eu tropecei.

—Hayley!

As suas risadas eram muito mais que contagiantes. Antes mesmo que eu percebesse, estávamos saindo da cafeteria dando altos risos. A porta se fechou atrás de nós e o homem a minha frente sorria pra gente.

—Quanta felicidade! Eu estava sentindo falta dessa risada.

Alex se aproximou de mim e apertou minha cintura me fazendo encostar no corpo dele.

—O que você está fazendo aqui?–eu disse tentando me soltar.

—Vim te buscar. Você está sem seu carro.

Hayley coçou a garganta e nós dois viramos nossos rostos para olhá-la. Ela estava balançando seu corpo, enquanto segurava suas mãos.

—Eu não queria atrapalhar o casal, mas é que vocês estão na porta do meu carro e eu preciso entrar. –ela riu pra mim e eu pude perceber uma piscadinha.

Contive uma risada quando Alex nos moveu dali. Ele me soltou por um instante e eu me afastei.

—Você me leva? –eu disse olhando para Hayley.

—Eu? Não! Estou atrasada para um compromisso. –o quê? O que ela estava fazendo?

Alex começou a rir e deu um beijo no rosto de Hayley. Então ela se juntou a ele? Assim que ela entrou no carro, o rosto bonito de Alex estava me encarando. Sua barba mal feita, as sobrancelhas perfeitas e aquele olhar que me fazia parar de respirar, estava logo a minha frente. Ele cruzou seus braços de frente ao seu corpo e me lançou um meio sorriso.

—Posso te levar? Você já está atrasada. –sua voz rouca me disse.

—Na verdade, eu ainda tenho vinte minutos.

—Não, eu te pedi pra passar na minha sala primeiro. Preciso falar com você. –ele caminhou até mim.

—Pode falar. Estou disponível. –eu me movi para trás.

—Não. Aqui não. Na minha sala.

Suas mãos foram para seus bolsos da calça jeans e seu olhar nem sequer saía da direção do meu. Engoli em seco quando ele começou a se mover para perto. Havia alguma coisa nele que sempre me fazia ceder. Eu não podia ceder agora. Não posso voltar pra ele. Lembra da secretária, Annie. Lembra da loira". Minha mente não parava um segundo. Eu estava ficando louca.

—Annie, está tudo bem? –sua mão pousou no meu ombro e eu o encarei de volta.

—Não encosta em mim. Por favor. –minha cabeça se abaixou e ele se afastou.

—Ok. Você realmente não consegue me
perdoar, já entendi. –ele caminhou até seu carro de cabeça baixa. Cristo! Como ele pode ser tão lindo assim?

No momento em que abriu a porta, ele parou, me olhou por alguns segundos e deu a volta, abrindo a outra porta. 

—Não precisamos conversar, deixa eu só te levar. Hoje eu vou atender alguns empresários do exterior. Vou te ver a noite toda, não quero passar esse tempo com você me olhando desse jeito. Não quero brigar. –ele deixou a porta aberta e deu a volta, entrando no lado do motorista.

***

The Angels - AnnieOnde histórias criam vida. Descubra agora