Capítulo Cinco

244 16 2
                                    

A música alta quase me impedia de escutar o que Lily estava dizendo. Ela gritava por trás do balcão e apontava para o meio do Club. Eu deixei a bandeja em cima de uma mesa vazia ao meu lado e me virei para ver o que ela tanto pedia para olhar. Era Alex. Ele estava em cima de uma mesa, dançando e bebendo. Pessoas se aproximavam dele e o incentivavam a beber mais. Quando nossos olhos se encontraram, ele sorriu pra mim. Aquele sorriso me fazia esquecer de qualquer coisa que pudesse me fazer sentir raiva dele. Alex estendeu um copo, que provavelmente seria tequila, e dizia palavras que eu sem dúvida alguma não conseguiria entender. Uma mulher com quase nenhuma roupa, subiu na mesma mesa e começou a se esfregar de uma forma horrenda. Raiva subiu em mim e meus pés me traíram. Comecei a caminhar apressadamente até onde eles estavam. Assim que me aproximei da mesa, Alex deixou a mulher de lado e se abaixou fazendo contato comigo.

—Sobe aqui. –ele estendeu a mão para mim.

O que ele estava fazendo?

Pelo que eu me lembro, você tinha uma reunião com fornecedores do exterior. –eu gritei para ele, enquanto ficava na ponta dos pés.

—O quê? –tudo bem, ele não ouviu.

Antes que eu pudesse gritar de novo, suas mãos me puxaram para cima da mesa e nossos corpos ficaram extremamente próximos. Sua mão direita apertava forte minha cintura e a outra agarrava meu pescoço. Eu podia sentir de longe o cheiro de bebida que exalava de sua boca. Ele estava me encarando de uma forma que eu mal conseguia me mexer.

—Eu disse que você tinha uma reunião com fornecedores. –eu quase cochichei.

—Eu cancelei, quis ficar mais perto de você. –ele disse, ainda me segurando.

—Bebendo? –tentei me soltar, mas ele me segurou mais forte.

—Volta pra mim, Annie. Você sabe que eu sou louco por você. –suas duas mãos agora seguravam meu rosto e nossas bocas estavam próximas demais.

Por que ele mexe tanto comigo? Babaca!

Antes que eu pensasse em qualquer outra coisa, minhas mãos agarraram seu rosto e a pressa com que minha boca tocou a dele me fez assustar. Estávamos nos beijando. Não fazia isso há muito tempo. Eu estava com saudades dele.

**

—Annie, meu amor. Já é tarde. –a voz que me fazia abrir os olhos falava em meu ouvido.

Assim que consegui enxergar alguma coisa, me vi encarando Alex. Ele estava em pé agora, apenas com sua calça jeans. Droga! Eu caí na dele de novo! Ele continuava com aquele meio sorriso estampado em seu rosto ridiculamente perfeito e nem sequer tirava o olhar de mim. Enquanto Alex vestia sua camisa, eu me sentei vagarosamente.

—Quantas horas? –eu disse com preguiça.

—Hora de te levar pra casa. Precisa tomar um banho, se arrumar e comer algo antes de ir trabalhar.

Eu comecei a dizer algo enquanto me levantava apressada, mas ele me segurou.

—Caramba, Annie! Eu já disse que você não precisa se dobrar assim. Posso te pagar muito mais, só por favor, larga a cafeteria. Você não precisa. –suas mãos me envolviam e ele estava me olhando de uma forma tão fofa. Ele não era assim.

—Preciso ir. –me afastei dele e comecei a procurar minhas roupas.

—Me deixa pedir para Joe fechar o Club, assim posso te levar.

Me vesti, enquanto ele continuava com seu discurso sobre trabalhar apenas para ele. Eu não podia fazer isso. Eu trabalho pra esquecer de tudo. Não posso me permitir a isso. Não posso ficar o dia todo sem fazer nada. Preciso me manter ocupada. Assim que estava pronta, saí do escritório dele e comecei a caminhar no meio das pessoas que ainda estavam na boate. Alex corria atrás de mim, me seguindo até lá fora.

—Vou te levar! –ele gritava.

Eu estendia meus braços tentando parar algum táxi, mas nenhum parava pra mim. Eu poderia perder muito tempo ali esperando por um, ou eu poderia aceitar a carona de Alex.

—Cade seu carro? –eu cruzei meus braços e olhei pra ele.

—Vou pegar! –ele sorriu.

**

—Posso te levar pra cafeteria? Já que não quer usar seu carro. Se não quiser me deixar entrar, te espero aqui. –ele parou o carro na porta do meu prédio e tirou o cinto de segurança.

—Não precisa, posso ir a pé.

Ainda estava escuro, então eu tinha mais um tempo para dormir. Abri a porta do carro e comecei a caminhar para a portaria. Alex me seguiu.

—Por favor. –ele segurou o meu braço.

Qual é o poder que ele tem sobre mim? Sempre que ele me tocava ou me olhava, eu me permitia fazer tudo por ele. Eu não podia estar amolecendo de novo, mas eu estava.

—Tudo bem. Pode ir fechar o Club, vou descansar um pouco. Você sabe o horário, te espero.

O mesmo sorriso estava ali de novo.

Eu me aproximei e dei um beijo nele.

O que eu estava fazendo?

***

The Angels - AnnieOnde histórias criam vida. Descubra agora