"Um irmão? "

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Abri meus olhos e vi Guilherme deitado em meu colo, dormindo, sua respiração era calma e ele tinha uma expressão despreocupada, pelo menos enquanto dormia. Ele abriu os olhos com um certo esforço e me encarou com seus lindos olhos azuis.

-Mel?.- Perguntou se levantando.-Nossa, parece que passou um caminhão por cima de mim.- Fez uma careta de dor.

-Porquê?.- Perguntei o olhando com uma expressão meio decepicionada.

-Porque o que?.- Suspirou e se sentou ao meu lado coçando os olhos.

-Porque você não deu notícias o dia inteiro ontem, pra você ter noção, até seu pai me ligou ora saber de você. Porque você bebeu?. Porque?  Você tá estragando tudo.- Ponho as mãos no rosto e respiro fundo.

-Melany eu... Eu descobri que tenho um irmão,  descobri que minha mãe traiu meu pai, descobri que tem a possibilidade de eu não ser filho biológico do meu pai.- Ele para de falar e eu arregalo os olhos. Ele respira fundo e eu preciso de um tempo pra processar tudo que acabei de ouvir.- Eu sei que não deveria ter bebido, mais eu estava com raiva, estava me sentindo enganado sabe?. Eu amei minha mãe, e até ontem eu queria mais que tudo que ela estivesse do meu lado, me dando forças e até mesmo me dando broncas quando eu agisse errado. Mais eu amei muitos anos uma mulher que não existia, você não tem idéia do quanto eu amava e ainda amo ela, mais agora é  diferente, eu queria que ela ainda estivesse aqui, mais era pra perguntar porque ela fez tudo aquilo no passado, porque ela tinha que destruir tudo dessa forma. Eu nem sei exatamente o que estou sentindo de verdade, eu estou confuso. Bebi pra tentar esquecer do mundo, eu só queria que nada disso fosse verdade. Eu lembro da minha mãe, eu ainda guardo lembranças dela, era como se ela não tivesse morrido, era como se ela ainda estivesse aqui, mais depois do que meu pai me contou, eu perdi o amor puro e verdadeiro que sentia por ela, eu ainda a amo, mais não como a um dia atrás.

Fico parada sem reação alguma.  Guilherme estava chorando, pela primeira vez ele estava chorando, eu nunca tinha o visto dessa forma, tão acabado emocionalmente e deve tá sendo muito difícil mesmo.

Sem falar nada eu o puxo para um abraço.

-Calma, vai ficar tudo bem.- A única coisa que consegui dizer, mesmo tendo tantas perguntas a fazer.

-Ainda bem que tenho você.- Ele diz e eu desabo, descem algumas lágrimas teimosas e eu as limpo rapidamente. Ele não precisa de mais uma pessoa chorando agora, ele precisa de uma pessoa forte que o ajude a a passar por tudo isso. Me parte o coração vê-lo dessa forma.

Ele com todos esses problemas e eu achando que era apenas caprichos.

-Eu te amo, e sempre vou está com você.- Falo e ele me puxa mais pra ele.

-Seu pai vai fazer teste de DNA?.-perguntei.

-Não, ele disse que tem medo do resultado. Mais foda-se o resultado, ele sempre será meu pai, e não vai ser um pedaço de papael que vai mudar isso.

-Então você quer fazer?.

-Não sei.- Falou fitando o chão.

-Porque seu pai só te contou isso agora?.

Vai começar o interrogatório. Só estou tirando umas pequenas dúvidas, ué.

-Porque parece que o garoto que é  meu irmão,  está em Orlando. Ele é mais novo que eu, talvez tenha uns dezesseis anos. É  uma longa história, mais eu prefiro não falar sobre isso, pelo menos agora não.- Disse.

-Claro.- Tentei ser o máximo compreensiva.

-O amante da minha mãe quer marcar um jantar comigo e meu pai. Mais é muito desaforo mesmo.

-Talvez seja bom vocês dois irem.- Falei sem pensar , como sempre né Melany. Ah, o que eu posso fazer.

-Você acha?.- Franziu o cenho.

-Acho, só não me pergunte o motivo.-Disse e ele sorriu fraco.- Olha, consegui arrancar um pequeno sorriso dele.-Brinquei apertando suas bochechas.

-Vou pensar nessa possibilidade.

-Tudo bem, mais vamos esquecer oa problemas um pouquinho?.- Falo e ele sorri. - Eu sei que é  difícil mais não custa nada tentar.

-Tudo bem.

*

E lá estavamos nós, em um supermercado.

-Vamos comprar comida de verdade, certo?.- Falei e Guilherme assentiu.

Coloquei, sorvete, coisas pra fazer brigadeiro e assim foi. Vejo Guilherme prendendo o riso e eu arqueio uma sobrancelha.

-O que?.-Pergunto.

-Achei que fôssemos comprar comida de verdade.- Questiona.

-E estamos comprando.

Ele sorri e eu volto a pôr as coisas no carrinho.

Depois de terminar, fomos pro caixa, e como tenho pavor a filas, fiquei esperando Guilherme na porta. Não demorou muito para que ele viesse empurrando o carrinho. Colocamos as sacolas na mala e depois entramos no carro.

-Você tem que ligar pra o seu pai.- Comento.

-Amanhã eu ligo, não quero discutir sobre esse assunto, pelo menos hoje não, quero esquecer.

Ele liga o carro e pegamos estrada. Não demorou muito e chegamos no meu apartamento.

Fiz brigadeiro e peguei todas as besteiras que nós compramos "no caso, que eu comprei" e levei para a sala onde Guilherme estava, ele estava bem concentrado em algo que passava na televisão. Estendi quatro edredons no chão e coloquei uns travesseiros, me sentei, coloquei as comidas em cima e puxei  Guilherme pra deitar comigo.

Coloquei um filme romântico e tive que aturar Guilherme reclamar do começo ao fim do filme, dizendo que era muito melancólico.

Peguei o brigadeiro e passei na pontinha do seu nariz, antes que ele levantasse pra pôr outro filme. Ele levantou e eu arregalei os olhos, porque estava tudo escuro, só dava pra ver uns nomes que passam quando o filme acaba. Quase infartei quando Guilherme apareceu do meu lado e melou minha boca com o brigadeiro.

-Quer me matar?.- Falo respirando descompensadamente, devido ao susto.

-Se você soubesse o que quero fazer agora, saberia que passa longe de querer te matar.- Ele sorri maliciosamente.

-Engraçadinho.- Sorrio e ele me beija ficando por cima de mim. Começo a ficar arrepiada só de pensar onde tudo isso pode dar. Nos afastamos quando alguém bate na porta.

-Melany? Sou eu, Robert.- Ouço a voz dele do outro lado da porta.

Aponto pra porta e depois olho pra Guilherme. Ele levanta e vai abrir a porta..

-Filho, você não sabe como eu estava preocupado.- Disse assim que Guilherme abriu a porta.

-Não se preocupe, eu estou bem.- Disse Guilherme.

-Eu quero conversar com você amanhã, um assunto muito sério.- Robert disse e o olhou meio decepicionado.

-Pai, o único que deve sofrer por causa dessa história sou eu, a minha mãe não merece uma sequer lágrima sua.

-Já sofri muito por conta disso, mais eu encontrei a Jennifer e ela me faz feliz.- Disse e os dois se abraçaram. Abraço Guilherme por trás e ele segurar minhas mãos.

-Vejo que está cuidando muito bem do meu filho.

Sorrio pra ele e depois olho pra Guilherme.

-Bom, eu tenho que ir, amanhã a gente conversa.- Se despede e sai.

Guilherme ficou pensativo, encarando as coisas, coloquei outro filme e a gente se deitou novamente. Permaneci em silêncio, e logo bateu o sono. Sentia a respiração de Guilherme em meus cabelos, ele estava com um dos braços em minha cintura e dormia calmamente, sai de seus braços com muito esforço pra desligar a televisão e logo voltei, não demorou muito pra pegar no sono.

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Pelo menos dessa vez não tem dedo da Megh...

O Garoto da Sala ao Lado 2Onde histórias criam vida. Descubra agora