"Que horas o papai vai chegar amanhã, mamãe?" perguntou Lua, os olhos azuis brilhando ao refletir a luz da lâmpada fluorescente do quarto cor-de-rosa. Os ursos de pelúcia eram a segunda coisa que mais chamavam atenção naquele espaço; a primeira eram os desenhos fabulosos, feitos a lápis em folhas brancas, pregados na parede com fita adesiva. Maria, a menina a fitar a mãe com atenção, sem dúvida, tinha grande talento como desenhista.
"O papai vai chegar cedo, ainda de madrugada" respondeu Lúcia, sorrindo da porta do quarto.
"Ah, ele vai trazer nossas barbies mesmo?" lembrou-se Maria, entusiasmada, da promessa do pai.
"Provavelmente sim, mas agora tentem dormir logo e não fiquem até tarde jogando conversa fora, como ontem... não importa se estão de férias da escola, vocês precisam dormir!" o tom era amoroso, de uma pessoa que amava mais do quê tudo os filhos e o marido.
César viajara para fazer uma cirurgia no coração em Fortaleza e preferiu que as crianças não soubessem, para evitar preocupações por parte delas. Lúcia, obviamente, teve a ideia como um absurdo, porém César insistiu com ela e viajou acompanhado apenas da irmã, deixando, como se nada estivesse acontecendo, a família em casa. Mas estava acontecendo e, por dentro, a mulher concluiria as três semanas – para cirurgia e recuperação inicial – que o marido ficaria em Fortaleza, com o próprio coração na mão, buscando não transparecer isso. Um grande desafio!
Antes de dormir, Lúcia visitou o quarto do João também, certificando-se de que estava tudo O.K e mantendo o título de mãe coruja.
O "boa noite" da mãe não serviu para todos.
Naquela mesma noite, enquanto todos dormiam tranquilos, João foi "agraciado" com um pesadelo, ou pelo menos todos diriam no dia seguinte que foi um pesadelo, porque, aos olhos dele, a cena se mostrou absolutamente real. Acordou, acendeu a luz, notou que os ponteiros do relógio de parede marcavam exatamente meia-noite, foi ao banheiro, urinou e, antes de deitar-se na cama novamente, apagou a luz.
O sono de repente desapareceu e o suor passou a escorrer da pele, embora estivesse com frio. Tirou o cobertor de cima do corpo e um segundo depois sentiu um chute no colchão. Havia alguém debaixo da cama. Imediatamente, puxou o cobertor e fez uso do mesmo outra vez. Mas não parou por aí, escutou o som de alguém rastejar e também uma respiração forte. O corpo de João tremia, ele queria chorar, gritar, mas não tinha coragem de fazê-lo; desejava apenas se esconder, permanecer bem. O rastejar cessou, a respiração continuou mais forte... Logo ao seu lado, sentiu um mau hálito insuportável, resgatador da lembrança de animais mortos. Quando pareceram terminados os eventos sobrenaturais, uma galha com folhas fedorentas bateu na cabeça do inocente João. Depois disso, ele pensou ter dormido subitamente; na verdade, desmaiou.
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REZADEIRA
Horror'Você acredita em espíritos? Espíritos malignos, para ser mais exato. Se a resposta for negativa, peço que a repense, ao menos depois de conhecer a minha história. Eu também não acreditava, e você nem imagina o que aconteceu comigo, com a minha famí...