Capítulo 6 - X9

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Zac sentia que estava traindo Amy de alguma forma. Mas ele sabia que era a coisa certa a se fazer, era muito surreal pensar que as 4 estavam passando por tudo aquilo e ainda não haviam decorrido às autoridades. O táxi havia parado em frente à delegacia de polícia. Já era tarde, provavelmente não teriam muitos policiais dentro.
- Deu 15.
- Toma aqui. - Disse Zac, dando uma nota de 20. - Fica com o troco.
- Valeu! Tenha uma boa noite.
- Você também.
Ele deixou o carro e ficou encarando a faxada do local, Respirou fundo e entrou.
Como pensava, realmente não haviam pessoas no local. A recepção era pequena e havia um balcão marrom com uma mulher negra de cabelos cacheados atrás dele.
- Boa noite. - Disse a mulher. - Posso ajudar?
- Eh...Boa noite - Olhou o crachá dourado da moça. - Donna, não é? Eu... É...Queria... Eh...
- Por que não respira, tenta se acalmar. - Respondeu a mulher, jogando um sorriso simpático. Que de uma maneira, reconfortou Zac.
- Tá bom. - Continuou. - Eu queria fazer um boletim de ocorrência.
- Tudo bem, só um minutinho. Vou pegar os papéis do B.O. - A mulher entrou em uma sala que ficava, Também, atrás do balcão.
- Ah, tudo bem.
Zac sentou-se em um dos bancos da sala de espera e pegou uma revista, começou a folhear-la até que seu celular tocou. Era um número sem identificação, geralmente não atendia esse tipo de ligação, mas estava tão nervoso que quando viu já havia atendido.
- Alô?
- Zac? Sou eu, Amy.
- Amy? E-e-u não estou conseguindo escutar direito.
A voz da menina parecia meio robótica, provavelmente era a interferência.
- Ta me escutando agora?
- Não, espera, talvez seja o sinal daqui.
- Aonde você está?
- É... - Zac saiu da delegacia e andou um pouco pelo estacionamento. - Eu estou na casa do Nico.
- Do Nicolas? Pensei que tinham terminado. - A voz de Amy já estava um pouco mais compreensível.
- Terminamos... É que... Eu precisei vir pegar um cd que deixei aqui.
- Hum...
De súbito, um carro começou a alarmar e Zac se espantou.
- Sabe Zac... Parece até que você está em um estacionamento. Um estacionamento escuro, sombrio e... ameaçador.
- Foi... Foi o carro do Nico. Eu encostei sem querer.
- E você é um péssimo mentiroso. - após um bip, a voz suave –– e um pouco robótica –– de Amy se transformou em algo horripilante. Uma voz grossa e agressiva.
- Amy?
- Minha voz parece com a da Amy?
- Isso não tem graça.
- Não é para ter. Não estamos num filme do Adam Sandler.
- Os filmes dele não são engraçados. Um ou outro que se salva, ja assistiu Blended? - Respondeu rindo enquando olhava para os todos lados do estacionamento.
- Sabe Zac, por um segundo até pensei em te poupar, você parecia um rapaz promissor, mas já vi que não passa de um merdinha enxerido.
- Quem tá falando?
- Você está a um passo de descobrir, é melhor correr ou vai se atrasar para fazer seu B.O. antes que não esteja mais vivo para isso.
- Vai se fuder.
Zac desligou o celular e correu para dentro do departamento de polícia, aparentemente não havia ninguém. Tremedo, seguiu vagarosamente até o balcão.
- Olá? tem alguém ai? Donna?
Ele se apoiou ao balcão e tentou olhar depois dele. E ali se deparou com a policial que havia o atendido, morta, Com um corte profundo na garganta.
- AHHHH - Gritou, correu para o lado de fora procurando por ajuda. - Socorro! Alguém me ajuda!
Olhou de um lado a outro até se deparar com uma figura negra vindo correndo em sua direção, assustado. Começou a correr para a floresta que havia atrás da delegacia.
- Socorro! - Gritava loucamente enquanto tentava desviar dos galhos secos que batiam no seu rosto. Olhou para trás e percebeu que a pessoa continuava o perseguindo. Acabou tropeçando e rolando até um lago. Um pouco entontecido, levantou e começou a tropeçar nos próprios passos até que sentiu algo afiado introduzindo em suas costas, não aguentou a sensação insuportável e caiu no chão agonizando de dor. Alguém o virou e Zac pode ver a máscara de gato, e foi tudo que conseguiu ver antes que começasse a receber constantes facadas por todo seu corpo.
Fraco, mas ainda resistindo, Zac conseguiu mover a mão até a cabeça do assassino que o assistia sofrer de dor, até que conseguiu tirar a máscara e ver quem estava por baixo dela.
- Vo-o-cê?
O assassino deu um último golpe, um golpe fatal em sua jugular, que tirou a vida do menino.

***

- Bom dia. - Disse Amy pondo um pouco de café numa xícara de porcelana. Sentou-se a mesa e beliscou um pouco da torrada de Nancy.

- Se arruma logo tá? Temos meia hora pra chegar na escola. - Nancy levantou e ligou a televisão da cozinha.

- Tá bom. 

Voltou-se a se sentar, dessa vez de frente para a televisão. Estava na hora do jornal local de Bridgeport. 

- Amy...

- Oi - Amy se virou e Nancy aumentou o volume da televisão.

"Ontem a noite, dois corpos foram encontrados na delegacia de polícia de Bridgeport. O corpo degolado pertencente à Donna McCullen foi encontrado hoje pela manhã atrás do balcão da administração do departamento..."

- Ai meu Deus. - Murmurou Amy. - Você acha que isso tem haver com...

- Não! com certeza não. Não pode!

"...O outro corpo foi encontrado a alguns quilômetros da delegacia, na floresta que fica atrás do estabelecimento. Por mais que estivesse desfigurado, as autoridades descobriram que o corpo pertence ao adolescente de 17 anos Zachary Reynolds. Estudante da Bridgeport high school. Escola que perdeu uma aluna nas mesmas circunstâncias há alguns dias. A polícia verifica se não se trata de um Serial Killer."

Amy sentiu o chão abrindo ao seus pés. Não conseguia acreditar no que tinha acabado  de ouvir, Seu coração começou a bater mais rápido e ela desmoronou, gritou o mais alto que conseguiu e deitou-se no chão. Nancy, ainda chocada, inclinou-se para ajudar a amiga e sentiu uma lágrima descer pelo seu rosto. 

" Não existe nenhuma prova ou identificação de quem tenha feito isso. As câmeras de seguranças do departamento foram desativadas por um hacker. Por enquanto, as autoridades se responsabilizarão de interrogar amigos e parentes das vítimas. "

Uma mensagem apareceu na tela do seu celular de Amy, o qual ela havia derrubado no chão, Nancy pegou e leu enquanto abraçava a menina.

"Pobre Zac, é assim que eu cuido de X9's. Eu disse, se contarem, terminarão como ele."

Chase - Nunca brinque com estranhos (FINALIZADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora